2 de dezembro de 2011

GLS TEEN - CAP. 17



No capítulo anterior...
Joaquim fica eufórico por ter recebido uma gratificação bem acima do valor do programa
Diante das atitudes do pai, Gilberto acredita que Avenor o levará de volta pra casa
Avenor compra passagens na rodoviária e obriga Gilberto a ir embora da cidade

CAP. 17

Gilberto estende as mãos trêmulas e pega as passagens. Mal pode acreditar no que o pai acabara de lhe dizer. Até então sonhava com o perdão. Ele embarca. Avenor vira as costas e sai. O ônibus começa a se deslocar pela rua e Gilberto não consegue conter as lágrimas. Pela janela, fica observando o pai, até que após uma curva a cidadezinha vai ficando pra trás...

Catarina não se conforma quando Avenor chega em casa e relata o ocorrido.

CATARINA: Eu não acredito numa coisa dessas! Você teve coragem de fazer isso com o seu filho?
AVENOR: Queria o quê? Que eu trouxesse o boiolinha aqui pra dentro de casa, ou deixasse ele lá morando com o outro sem vergonha? Já não basta eu sair na rua e ficar sendo apontado pelos outros? Já não basta virar motivo de piada e deboche na cidade?
CATARINA: Homem, mas é o nosso filho! A gente não cria família pra abandonar na rua como se fosse um cão sarnento. É sangue do nosso sangue...
AVENOR: Ele que pensasse nisso antes de fazer a besteira que fez! Meu pai sempre falava: a gente tem que cortar o mal pela raiz! E que isso sirva de exemplo para os outros filhos também! Quem pensem muito bem antes de fazer as suas besteiras, porque não tô aqui pra passar a mão na cabeça de ninguém!
CATARINA: Seu pai... Seu pai... Na sua época os tempos eram outros, homem... O mundo evoluiu...
AVENOR: Evoliu... Evoluiu pra sem-vergonhagem, isso sim! Comigo não tem essa de evolução não... Comigo é assim: escreveu, não leu, o pau comeu! Eu fui criado assim: meu pai era duro, batia, xingava, espancava, não passava a mão na cabeça não. Por isso que eu virei gente de bem!
CATARINA: Já vi que não adianta, você é o homem mais cabeça dura que eu já vi...
AVENOR: Cabeça dura mesmo. Safadeza comigo não tem vez não!

Catarina desiste da conversa. Ela vai até o quarto de Gilberto, abre o guarda-roupa, olha suas coisas, sua bicicleta, seu violão, senta na cama e chora amargamente.

Em Blumenau, Vanilda lava roupa na máquina enquanto Tatão corta as unhas.

VANILDA: Eu tava morrendo de preocupação por causa da hora, mas pra falar a verdade, fiquei feliz em ver a Joana com um rapaz, afinal, já tava passando da hora dessa menina arrumar um namorado. Quem sabe agora ela não toma um pouco de juízo?
TATÃO: Sei não... Acho bom não ficar dando corda demais não... Sem incentivar esse povo de hoje já apronta, imagina se a gente incentivar...
VANILDA: Tô comentando só com você. Nem com ela eu não falei nada.
TATÃO: Namorar até pode, mas não quero saber de marmanjo na minha sala até de madrugada não. E muito menos de esfrega-esfrega no portão da rua. Não quero que filha minha vire motivo de falatório na vizinhança. Você sabe muito bem como esse povo é falador...
VANILDA: Pode deixar, na primeira oportunidade vou ler o be-a-bá pra ela. Se bem que a Joana você sabe muito bem como ela é: só escuta o que quer...
TATÃO: E você tem orientado essas meninas, explicado pra elas como é que se faz pra evitar barriga, doenças, essas coisas?
VANILDA: Eu tento, mas elas sempre negam, fogem do assunto...
TATÃO: Pois é, acho bom você ficar de cima. Conselho nunca é demais. Senão daqui uns dias você tá com o gurizinho aqui dentro de casa pra criar.
VANILDA: Deus me livre, vira essa boca pra lá!
BEATRIZ (interrompendo): Acabei de passar um café fresquinho. Alguém vai querer?
TATÃO: Você fazendo café? Esse eu quero experimentar... Traga lá...

No Recife, no ginásio do colégio, os alunos do time de futsal treinam para a Olimpíada Estudantil, que acontecerá em algumas semanas. Ramon é o craque do time. Assim que Bernardo entra, seus colegas de turma gritam, vaiam, e assoviam. Ele senta no meio da galera e fica assistindo à partida.

Toda vez que Ramon toca na bola, os rapazes gritam gracejos, fazem piadinhas, sempre envolvendo o nome de Bernardo.

ALUNO 1: Ramon on... a Bernadete tá aqui...
ALUNO 2: O seu bofe veio te ver, Ramon!
ALUNO 3: Ô Ramon! Faz um gol pra sua “Detinha”, faz...

Ramon se irrita com as provocações. Assim que o jogo termina, vai direto na arquibancada onde está a sua galera. Ele pega Bernardo pelo colarinho da camisa, o levanta do chão e o pressiona contra a parede.

RAMON (nervoso): Que palhaçada é essa?! Você pode me explicar porque que tá todo mundo tirando onda com a minha cara?

Continua amanhã...


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Você sabia?

Em 1991, a Anistia Internacional passou a considerar a discriminação contra homossexuais uma violação aos direitos humanos.

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