No capítulo anterior...
- Depois da transa com Adriano, Gilberto
avalia a “loucura” que acabara de fazer
- Bernardo vai a uma loja de fantasias e
sonha, mesmo sem ter certeza se irá ao Halloween
- Joaquim chega ao colégio e todos já sabem
que ele foi visto travestido de mulher
- Joaquim tenta se justificar, mas é
provocado e agredido por alguns colegas
CAP. 33
Antes que Joaquim responda
qualquer coisa, os três colegas partem pra cima dele e começam a espancá-lo com
socos e chutes.
ALUNA 1: Gente,
pare com isso! Vocês estão loucos?
AGRESSOR 1: Vamo dar umas porradas nesse baitola que é
pra ele aprender a não se meter com a gente.
AGRESSOR 2: Vamo mostrar pra ele quem é macho aqui!
AGRESSOR 3: Lá na praça ele ficou tirando onda com a
gente. Quero ver se ele honra o negócio roxo que ele tem no meio das pernas.
Boiola do caralho!
E continua a sessão de socos.
Joaquim cai no chão e é chutado impiedosamente.
ALUNA 1 (desesperada):
Para com isso, gente! Isso aqui é uma escola, não é um ringue de luta! Parem
com isso! (e para outra amiga) Corre lá, Cristina, chama a dona Sebastiana,
corre!
Uma turma se junta, mas ninguém
intervém na confusão, a não ser algumas alunas que pedem, em coro, aos colegas
para que parem. No geral, os outros rapazes gostam da confusão e se divertem. Uns
gritam, outros aplaudem, outros incentivam.
Nisso a diretora chega correndo
para colocar ordem no tumulto.
SEBASTIANA: Parem! Parem com isso imediatamente! Todos
pra a diretoria! Vamos! Todos pra diretoria, eu já disse!
A presença da diretora os intimida
e só assim tem fim a sessão de agressão. Sebastiana conduz os três espancadores
para a diretoria, enquanto uma professora leva Joaquim até a secretaria para
fazer um curativo. Ele tem um sangramento na boca.
PROFESSORA: Meu Deus! Que selvageria é essa? Nem parece
que estamos numa escola!...
JOAQUIM: Se
não fosse a dona Sebastiana eles tinham me matado.
PROFESSORA: Calma, vou limpar o ferimento, pra
desinfetar. Vai ficar tudo bem.
Joaquim grita de dor quando a
professora passa o pano embebido em álcool.
Na manhã seguinte, Bernardo
chega para o trabalho. Assim que tem uma folguinha nas atividades, Adriano o
procura.
ADRIANO: Chegou
bem em casa ontem?
GILBERTO: Cheguei,
porque?
ADRIANO: Parece
que você tava meio tenso. Mesmo depois daquela sessão de relaxamento que eu te
proporcionei...
GILBERTO: Ê,
para com isso, cara... O que aconteceu ontem foi um vacilo da minha parte. Mas
não vai acontecer de novo.
ADRIANO: Porque
não? Na hora parecia que você tinha gostado muito...
GILBERTO: É,
gostei, mas essa não é minha praia não, saca? Meu negócio é mulher. Só topei
fazer aquilo pra dar uma aliviada. Sabe como é, sou novo aqui na cidade, não
conheço ninguém, então tava na maior seca... Mas minha praia é outra.
ADRIANO: Sei...
Adelaide Catarina conhece muito bem essa história... Mas, de qualquer forma,
quando você tiver precisando dar uma aliviada, é só me avisar.
GILBERTO: Beleza.
Mas isso não vai acontecer não. Pode ficar tranquilo. (e continua varrendo, sem
dar muita atenção ao colega, que se retira)
Bernardo consegue driblar a
família e vai ao Halloween com o amigo da escola. A festa acontece no Clube
Líbano, no bairro da Brasília Teimosa. Ele capricha na produção.
Mesmo contra a sua vontade,
acaba atraindo a atenção de muitos fotógrafos, impressionados com a beleza de
sua fantasia. Ele se deleita na festa: dança, se diverte e se empolga com a
ideia de ser o centro das atenções, afinal, esta é uma das poucas vezes em que
sai sozinho, sem a companhia dos irmãos.
No dia seguinte, a família está
toda na mesa almoçando quando Bernardo entra na sala, ainda meio sonolento,
cansado da noite anterior.
Seu pai pega o caderno cultural
do Diário de Pernambuco e pergunta:
JUAREZ: Seu
Bernardo, o senhor pode me explicar o que é isso? (e mostra uma foto sua, de
meia página, com a seguinte legenda:) Rainha das trevas reina do Halloween do
Recife.
Bernardo fica pasmo.
Continua amanhã...
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Você sabia?
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