No capítulo anterior...
Joana se irrita porque Sérgio tenta controlar
sua bebida. Eles saem do bar brigados
Gilberto conversa com a dona da escola e
consegue a vaga de auxiliar de serviços gerais
Uma jogadora de handebol se machuca e as
alunas insistem para que Bernardo jogue
A professora fica em dúvida e o juiz apita
para que os times entrem em campo
CAP. 21
A professora concorda e faz
gesto para que Bernardo entre em quadra.
O jogo começa. Bernardo joga
bem, dá passes precisos, faz o time avançar. Cada vez que ele toca na bola a
torcida da sua turma faz uma festa. Os torcedores gritam, vaiam, zoam muito.
TORCEDOR 1: Vai, Bernadete! Pra cima delas!
TORCEDOR 2: Isso aí Bernadete! Mulher de penca! Uhuuuuu!
TORCEDORA 3: Para com isso gente, deixa o cara jogar...
Vocês pegam no pé demais...
TORCEDOR 1 (ignorando):
Vai, Bernadete! Faz um gol que o Ramonzinho tá aqui te assistindo!
RAMON (grilado):
Vamos parar de palhaçada, me tira fora dessa! Vocês são foda. Deixa o cara
jogar em paz.
TORCEDOR 2: Arrasa, Bernadete! Que você é muito mais
mulher que esse timinho de merda.
Joaquim está no quartinho de
costura lendo uma revista de moda, quando sua mãe entra.
HELENA: Joaquim,
por onde você tem andado todas as noites?
JOAQUIM: Por
aí, mãe.
HELENA: Por
aí? Chegando todo dia em casa às tantas da noite todo dia? Seu pai não tá
gostando nada disso e não para de me encher o saco. Ele acha que eu sou
obrigada a dar conta de tudo. Mas numa coisa ele tá certo: boa coisa você não
deve estar aprontando...
JOAQUIM: Ai,
que saco, mãe! Que pegação no pé! (deixa escapar) Tô cansada!
HELENA: Cansada?
Que jeito é esse de falar, rapaz? Cansada?
JOAQUIM: É
jeito de falar, mãe. Tô de saco cheio de tanta marcação (e sai rapidamente,
levando a revista)
HELENA: Esse
menino... Em vez de caçar serviço, que ficar o dia inteiro em casa lendo
revista. Não sei onde vamos parar com isso...
Gilberto varre um pátio do
colégio quando a patroa se aproxima.
SELMA: E
aí, meu rapaz, gostando do serviço?
GILBERTO: Sim,
estou. Tá tudo tranquilo por enquanto.
SELMA: Esse
pátio dá um pouco de trabalho, tem de ser varrido umas três vezes ao dia. Tem
gente que acha que eu deveria cortar essas árvores por causa da sujeira das
folhas, mas eu acho que a sombra é mais importante. Fica fresquinho. As
crianças gostam de brincar aqui na hora do recreio.
GILBERTO: Verdade.
E varrer nem dá tanto trabalho assim. Só na hora que chover, porque aí essas
folhas grudam tudo no chão e deve virar uma coisa...
SELMA: A
secretária me falou que você parou de estudar esse ano. Quando foi mesmo que
você parou?
GILBERTO: Foi
agora, esses dias mesmo, pouco antes de chegar aqui em Ipatinga.
SELMA: E
porque você parou? Estudar é muito importante na vida de uma pessoa. Ainda mais
jovem como você.
GILBERTO: Eu
tive uns desentendimentos com o meu pai, tive de sair de casa, aí não deu mais
para continuar.
SELMA: Mas
se você parou esses dias, então estudou até o terceiro bimestre. Não deveria
perder o ano assim. Suas notas eram boas?
GILBERTO: Boas,
boas não eram, né, dona Selma, porque eu trabalhava o dia todo e de noite é que
ia pra escola. Mas não eram tão ruins assim. Eu ia passar de ano.
SELMA: Não,
mas então você precisa salvar esse ano. Não pode desperdiçar um ano de estudo
dessa maneira não... Você trouxe seu histórico escolar, transferência, alguma
declaração?
GILBERTO: Não
senhora.
SELMA: Pois
então providencie isso o mais rápido possível. Eu tenho uns contatos com umas
amigas numa escola pública aqui perto. Vou ligar pra elas e te arrumar uma
colocação. Você não vai perder o seu ano de estudo. (e sai)
GILBERTO
(para si mesmo): E agora, como eu vou fazer pra conseguir essa documentação?
Continua amanhã...
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Você sabia?
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