No capítulo anterior...
A professora permite que Bernardo jogue no
time feminino. A galera zoa muito durante o jogo
Joaquim vacila e responde a mãe no feminino.
Ela lhe dá uma bronca
Gilberto conta sobre seus estudos. A patroa
determina que ele volte a estudar
Gilberto não sabe como conseguir a
documentação escolar
CAP. 22
GILBERTO: Eu
não queria ter de entrar em contato com a minha família... Como eu vou fazer
pra conseguir essa documentação? (pensa um pouco e tem uma ideia) Ah, já sei...
Tem uma pessoa que pode me ajudar...
No horário de almoço Gilberto
compra um cartão telefônico e liga.
GILBERTO: Desculpe
ter saído da sua casa daquele jeito, mas o bruto do meu pai me obrigou.
BONECA
(no meio do cafezal): Fiquei sem entender nada: você disse no bilhete que ia
voltar pra casa dos seus pais, depois não apareceu na lavoura, não apareceu na
escola... Depois que o seu irmão me contou o que tinha acontecido.
GILBERTO: Pois
é, o cretino me levou direto pra rodoviária e praticamente me obrigou a entrar
no ônibus. Mas, mudando de assunto, preciso falar logo, porque senão meus
créditos vão acabar. Preciso que você vá até lá na escola e pegue a minha
documentação de transferência. A minha patroa disse que me ajuda a conseguir
uma vaga aqui.
BONECA: Pode
ficar tranquilo, eu vejo isso pra você. Só me passa aí o endereço pra onde eu
devo encaminhar. Mas, me conta, e aquela história que tentaram te matar aqui na
fazenda, como foi isso?
GILBERTO: Faz
o seguinte: de noite eu ligo na sua casa, à cobrar, pode ser? Aí te conto tudo
em detalhes.
BONECA: Combinado
então. (e desliga)
Do lado de fora do ginásio, a
turma comenta o resultado da partida de handebol.
ALUNA 1: Muito
bom, Bernardo. Se não fosse você a gente não tinha ganhado.
ALUNA 2: Você
mandou muito bem. (e bate em seu ombro). Agora só falta mais um jogo.
ALUNO 1 (passando):
Mandou bem, Bernadete! Você era a mais feminina daquele time! Parabéns!
ALUNO 2: Bernadete
será a primeira mulher de penca a ser campeã de handebol na olimpíada
estudantil.
ALUNA 1: Liga,
não, Bernardo. Ele estão é despeitados porque o time deles perdeu.
BERNARDO: E
você acha que eu me importo com isso? Fosse ligar pra todas as asneiras que
esses brucutus falam, eu ficaria louca! (risos) Mas, falando sério: será que a
professora vai deixar eu jogar na final também?
ALUNA 1: Olha,
a julgar por seu desempenho hoje, tenho certeza que ela não pensará duas
vezes...
BERNARDO: Ai,
tomara que deixe! Não tem nada melhor do que sentir o gostinho da torcida
gritando o seu nome, te incentivando, “vai”, “vai”! Pra mim foi a glória esse
jogo de hoje. (e saem abraçados conversando)
Em Blumenau, Vanilda lava a
louça na pia quando Joana entra na cozinha, sonolenta, esfregando os olhos.
VANILDA: A
noitada foi boa, hein, mocinha?
JOANA: Bom
dia, dona Vanilda! Já vai começar o dia pegando no pé?
VANILDA: Bom
dia só se for pra você, porque o meu relógio já marca mais de meio dia. Olha
lá. (e aponta o relógio de parede)
JOANA: E
daí, que diferença isso faz? Meia hora a mais, meia hora a menos... Grande
coisa.
VANILDA: Pra
você eu não sei, mas pra mim meia hora faz uma diferença enorme. É o tempo de
fazer uma escova numa cliente, de fazer um corte, de lavar essa pia cheia de
louça... Aliás, louça que você poderia lavar pra me ajudar.
JOANA: Deixa
aí que depois eu lavo...
VANILDA: Depois,
depois... Sempre depois. Igual você lavou ontem. Se não fosse a Beatriz e
Cleiton, a pia tava cheia de vasilha aqui até agora.
JOANA: Ai,
mãe, se for começar a dar sermão, me avisa que vou voltar pro quarto.
VANILDA: Seu
pai não anda nada satisfeito com você. Aliás, ela tá uma arara de bravo com
essas suas chegadas tardes em casa. Namorico no escurinho do portão, não dá
satisfação de nada a ninguém, não volta pra casa mais com seus irmãos...
JOANA: Gente,
mas quando é que o meu pai vai entender que eu não tenho mais onze anos de
idade?
VANILDA: Joana,
não é porque você já é uma moça que pode sair por aí fazendo tudo que vier na
cabeça. É preciso ter responsabilidade. A vida não é uma colônia de férias não,
minha filha... As pessoas costumam ter responsabilidades, sabia?
JOANA
(pegando uma maçã na fruteira): Aí, quer saber? Eu vou voltar pro meu quarto,
porque esse papinho aqui já deu!
TATÃO
(entrando na cozinha): Deu não! O papinho vai continuar. E agora é comigo!
Continua amanhã...
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Você sabia?
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