26 de abril de 2012

GLS TEEN - CAP. 142



No capítulo anterior...
- Joana fica admirada com a declaração de amor de Célia
- Joana se diz confusa com relação a seus sentimentos, mas assume seu interesse por uma garota
- Célia quer saber quem é essa garota, mas Joana trata logo de despistá-la
- Joana fala das suas experiências frustradas com os rapazes
- Célia diz que vai respeitar qualquer que seja a sua decisão sobre elas
- Bernardo vai à psicóloga e revela insatisfação com seu sexo e o desejo de se tornar mulher

CAP. 142

CACILDA: Virar mulher? Baseado em quê você chegou a essa conclusão?
BERNARDO: Eu nunca fui homem de verdade, aliás, nem sei o que é ser homem de verdade. Desde pequeno todas as minhas afinidades sempre foram com o sexo feminino, principalmente o jeito de falar, gesticular, de andar... Nunca fui bronco como os garotos. E também nunca fui aceito no meio deles. Sempre fui a bichinha, a pintosinha, aquela que eles nunca queriam por perto...
CACILDA: Mesmo? Nem quando ela mais novinho?
BERNARDO: Nunca. Só teve uma época em que eu era aceito no meio dos garotos: lá pelo nove ou dez anos de idade, mas nessa época era diferente...
CACILDA: Diferente? Como assim? Estou gostando de ouvir essas histórias.
BERNARDO: É que eu servia a turma toda... Era a mulherzinha deles. Os garotos tinham muitas revistas de mulheres peladas escondidas numa casa velha da vizinhança, então eles viam aquelas coisas e como não tinha mulher pra fazer com eles, eu fazia...
CACILDA: Ah... Entendi. E você gostava de fazer esse papel?
BERNARDO: Sim, eu gostava muito. Tinha uns que até me chamavam de minha gata, minha gostosa. Eu achava aquilo o máximo. Só não gostava quando eles faziam alguma piadinha perto dos meus irmãos, porque eles ficavam desconfiados e me enchiam de perguntas. E eu não podia contar nada, claro. Teve uma vez que meu irmão Airton até bateu num moleque lá, porque viu ele passando a mão na minha bunda.
CACILDA: E depois, quando você cresceu, continuou brincando com esses garotos?
BERNARDO: Não. A maioria deles arrumou namorada, não queria mais saber de mim. Criaram tipo uma barreira. Nunca mais me procuraram, nunca mais tocaram no assunto, entende? Depois também eu mudei de cidade, aí conheci outra turma, outra galera, e nada mais foi como antes.

Cacilda se levanta, vai ao frigobar e serve um suco.

CACILDA: Interessante a sua história. Realmente muito interessante. E com as meninas como era a sua relação?
BERNARDO: Ah, sempre fomos muito amigas. Me dou superbem com as mulheres. Gosto de dar palpite na roupa delas, na maquiagem, no cabelo... Elas me contam todos os segredinhos dos garotos, eu também conto os meus... Algumas até me pedem conselhos, me pedem pra dar recadinhos para os seus pretendentes... Nos damos muito bem...
CACILDA: E com os rapazes, como é a sua relação hoje? Você tem uma vida sexual ativa, um relacionamento com alguém? Um príncipe encantando na sua vida?
BERNARDO: Então, eu já transei com rapazes depois de adulto. Acho gostoso o namoro, o carinho... O problema é que a maioria deles só quer saber de sexo. Eu sou diferente, gosto de conhecer a pessoa primeiro, conversar algumas vezes antes de sair... E mesmo quando a gente sai, tem de rolar um clima, uma sedução... Não gosto desse negócio de “tira a roupa aí e vira”. Isso é muito mecânico. Eu gosto de me envolveu...
CACILDA: Você gosta de ser conquistado...
BERNARDO: É. É isso. Quem não gosta? Acho que tem de ter uma boa conversa, boas preliminares, pra depois a coisa rolar gostoso...
CACILDA: E namorado? Você tem?
BERNARDO: Não. Já fui apaixonado por alguns vizinhos, colegas de escolas, amigos dos meus irmãos e até por um namoradinho da minha irmã. Mas nunca rolou nada, claro! O último carinho por quem fui interessado ficou lá em Recife. O nome dele é Ramon. Éramos colegas de escola.
CACILDA: Mas ele correspondia aos seus sentimentos? Sabia do seu interesse por ele?
BERNARDO: Nem uma coisa nem outra. Saber ele sabia, porque a galera da classe vivia zoando a gente. Uma vez ele até quis me bater. Mas depois a gente acabou se reaproximando, ficando amigo. Eu até ajudei ele num momento de dificuldade, aí ele passou a me tratar melhor. Problema foi que eu tive de mudar pra cá e ele continuou lá em Recife...
CACILDA: Hum... Do jeito que você fala, parece que gosta do rapaz até hoje... Seus olhos brilharam quando começou a falar nele...
BERNARDO: Gostar eu gosto, mas agora, com essa distância toda, acho que o único jeito vai ser esquecer...
CACILDA: Bobagem... Distância no mundo de hoje é uma coisa que não existe... Ou então, se tiver de esquecê-lo, quem sabe você não encontra um príncipe brasiliense?
BERNARDO: É, pode ser...

Célia e Joana caminham para os instantes finais do jantar.

CÉLIA: Foi muito bom ter falado com você, desabafado, botado pra fora essas coisas que estavam aqui, ó, entaladas na minha garganta.
JOANA: Também gostei na nossa conversa.
CÉLIA: Curioso é que você me surpreendeu positivamente.
JOANA: Como assim?
CÉLIA: Você me pareceu muito mais madura e receptiva do que eu imaginava. Isso é um bom sinal.
JOANA: Sinal de quê?
CÉLIA: Sinal de que poderemos nos encontrar mais vezes. Nos conhecer melhor... Quem sabe aprofundar a nossa relação. O que você acha disso?

Continua amanhã...


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Você sabia?

Seja qual for o problema que leve a pessoa a procurar a psicoterapia, ainda há um alto risco de viés antigay com clientes gays, lésbicas e bissexuais. Isto é, existe a possibilidade de o profissional interpretar que os problemas psicológicos do cliente advêm da orientação sexual ou identidade de gênero e não de outros tantos fatores comuns às pessoas heterossexuais. A pesquisa psicológica neste campo tem sido relevante para a luta contra atitudes e ações homofóbicas e o movimento pelos direitos LGBT em geral.

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