No capítulo anterior...
- Gilberto é muito carinhoso com Romero e ele
estranha
- Bebel encontra Janildo no banheiro do posto
e ele a convida para ir à sua boleia
- Joana convida Jussara para sair, mas ela
inventa uma desculpa e recusa
- O caminhoneiro que havia dado carona a
Bebel vai embora e a abandona no posto
CAP. 127
Bebel junta suas coisas e
caminha desolada de um lado para outro, pensando no que fazer. Nisso um
caminhoneiro a aborda.
CAMINHONEIRO: O que houve teteia? O colega te abandonou e
picou a mula?
BEBEL: Isso
mesmo, o cretino se mandou e me largou aqui, sozinha.
CAMINHONEIRO: Mas qual foi o motivo dele ter tomado uma
atitude dessas?
BEBEL: Fui
ali conversar com um amigo. Acho que ele ficou com ciúmes...
CAMINHONEIRO: Só conversar com um amigo? Sei...
BEBEL: Conversar
e umas coisinhas mais... Só que o outro é meu conhecido há muito tempo. É
vizinho da minha família lá em Belém do Pará.
CAMINHONEIRO: Ah... Tu é de Belém? E tava indo pra onde?
BEBEL: Eu
tô indo pra São Paulo, mas ele ia me dar carona até Belo Horizonte.
CAMINHONEIRO: Eu tô indo até Brasília. Se te servir, posso
te dar uma carona até lá.
BEBEL: Você
faria isso por mim? Nossa! Nem sei como te agradecer.
CAMINHONEIRO: Faço. Não me custa nada mesmo. Olha, mas só
tem um detalhe: eu sou cabra macho, meu negócio é mulher de verdade. Você tem
que prometer que sua intenção é só a carona mesmo...
BEBEL: Sem
problemas. Eu prometo.
CAMINHONEIRO: Então joga tuas tralhas aí na boleia e vamos
embora, que eu tô saindo.
Bebel se acomoda na boleia e
eles partem.
Bernardo visita Lorraine e eles
conversam na sala. Bernardo conta todo o ocorrido durante sua apresentação no
Exército.
LORRAINE: Menina!
Eu não acredito! Você fez tudo isso mesmo?
BERNARDO: Fiz.
Morrendo de medo mas fiz.
LORRAINE: Bernadete!
Mas você é do balacobaco mesmo! Eu tô
passada!
BERNARDO: Eu
tinha de fazer alguma coisa. Não podia ir para o sacrifício como uma ovelhinha
vai pro matadouro. A Pâmela mesmo me falou isso muitas vezes: que apesar de
tudo, nós somos os responsáveis pelo nosso destino. Uma vez ou outra podemos
até ser levados pelas circunstâncias, mas na maioria das vezes somos nós que
fazemos as escolhas.
LORRAINE: É
verdade. É muito fácil botar a culpa nos outros por tudo que nos acontece.
Difícil mesmo é a gente assumir as nossas escolhas.
BERNARDO: Eu
pensei muito nessas coisas que a Pâmela me falava na hora de tomar essa
decisão. Foi horrível! Minha cara chegava queimar de vergonha com aquele monte
de bofes me zoando, rindo de mim. Os tenentes, os sargentos, acho que tinham
vontade de voar em cima de mim e me rasgar como um pit bull faz com uma presa.
Eu não sei de onde tirei coragem pra fazer aquele pampeiro todo... Mas eu senti
que era preciso, senão seria obrigado a fazer uma coisa que eu não tinha
vontade... Imagina! Eu ser obrigado a seguir uma carreira militar só pro meu pai
me exibir pros outros como se fosse um troféu. “Olha! Meu filho é macho!” Coisa
que eu não sou... Aliás, minha vontade é dizer exatamente o contrário...
LORRAINE: Nossa!
Você foi muito corajoso, garoto! Mas, me diga uma coisa: e como foi a
repercussão disso lá na sua casa? E o seu pai?
BERNARDO: Ninguém
falou nada, mas tá todo mundo me olhando meio de lado. Agora meu pai, eu tô
fugindo dele feito o diabo da cruz... Tô esperando ele acalmar primeiro. Ele
falou até em me dar porrada lá no quartel...
LORRAINE: Não
é pra menos, né bem? Você arrasou, literalmente, no quartel dele... (risos)
BERNARDO: Sabe,
apesar de todos esses atritos, eu tô aprendendo a me impor perante a minha
família. Cada vez que eu faço a louca, eles acabam respeitando as minhas
decisões. Foi assim na Ceia de Natal, quando eu abri o verbo na frente de todo
mundo e falei que era gay. E foi assim agora. A diferença é que agora, a
tempestade ainda não passou. Digamos que ainda tô no meio dela...
LORRAINE: Que
bom que você tá encontrando o seu caminho e aprendendo a lidar com a sua
família. Muita gente não encontra esse caminho e acaba fazendo verdadeiras
loucuras. Eu já tive amigos gays e travestis que até se suicidaram por não
aguentar a pressão da família. Alguns fugiram de casa, se envolveram com
drogas, marginalidade... Ih! Tem tanta história que se eu te contar, você fica
louca...
BERNARDO: Suicidar,
eu? Eu quero viver é muito, meu bem! Linda e ruiva! Quero encontrar meu
príncipe e viver muito feliz...
LORRAINE: É
assim que se fala!
Bernardo se retira e Lorraine
se prepara para a estreia de seu show na boate.
Amanhece o dia.
No colégio, Joana tenta se
aproximar de Jussara, mas ela continua evitando.
Na hora do recreio, Joana se
aproxima.
JOANA: Jussara,
eu tô a fim de levar um papo com você. Pode ser?
JUSSARA: Não,
não pode. Se você não se incomodar, eu prefiro que me deixe em paz.
Joana perde a paciência e puxa
Jussara pelo braço.
JOANA: Ô
garota! Deixa de frescura! Eu tô tentando conversar com você na boa, mas se não
der pra ser de boa, vai ser na marra!
Jussara se assusta.
Continua amanhã...
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Você sabia?
Em um
estudo genético conduzido pela KAIST foi possível criar artificialmente o
comportamento homossexual em ratas fêmeas através de uma manipulação genética.
Nesse estudo alguns genes relacionados ao equilíbrio do hormônio estrogênio
foram intencionalmente suprimidos verificando-se uma preferência homossexual
estatisticamente relevante em relação a um grupo de controle, lançando novas
dúvidas de que o comportamento homossexual em mamíferos possa ter um fator
genético.
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