No capítulo anterior...
- Joel alerta Gilberto para os riscos que
corre caso releve a traição de Romero
- Bebel e o caminhoneiro vão à rodoviária
tomar um lanche e se perdem um do outro
- Romero liga para Gilberto, como se nada
tivesse acontecido, e Gilberto aceita se encontrar com ele
- Bebel cochila na mesa aguardando o
caminhoneiro, mas é abordada de forma agressiva pelo atendente
CAP. 137
Percebendo a confusão,
Lorraine, que está numa mesa ao lado, intervém.
LORRAINE: Moço,
pode me explicar o que tá acontecendo aqui? O quê a moça fez pra você tratar
ela desse jeito?
ATENDENTE
(debochando): Moça é? Só se for moça de penca...
LORRAINE: O
que ela tá fazendo de errado?
ATENDENTE: Ele
tá dormindo aqui na mesa, e isso não é permitido. Olha a placa lá. (e mostra)
LORRAINE: Só
porque ela não tá consumindo nada?
ATENDENTE: Isso
mesmo. As mesas aqui são só pras pessoas que tão consumindo no estabelecimento.
Não é ponto de andarilho dormir.
Lorraine pega sua bandeja e
coloca sobre a mesa de Bebel.
LORRAINE: Pronto!
Agora nós estamos consumindo. Algum problema?
ATENDENTE: Bom,
se a senhora vai sentar aí com ele, tudo bem.
LORRAINE: Ele
não! É ela! Você não tá vendo que ela tá com roupa feminina? Não tá vendo que
ela tá usando batom?
ATENDENTE: Dona,
isso aí é um travesti. A senhora não tá vendo?
LORRAINE: Ela
é uma travesti. E eu sou uma transexual. Algum problema? Você precisa atender
bem as pessoas, meu filho. Dinheiro não tem sexo e também não aceita desaforo.
E se você não sabe, é o dinheiro das pessoas que sentam aqui que paga o seu
salário.
Percebendo a aglomeração de
pessoas e o tom exaltado da discussão, o dono da lanchonete se aproxima.
PROPRIETÁRIO: Algum problema dona?
LORRAINE: É
esse rapaz que tá maltratando a minha amiga só porque ela é travesti.
ATENDENTE: Não,
chamei a atenção porque ele tava dormindo aqui!
LORRAINE: Ele
não! É ela, rapaz! Mesmo depois que eu me sentei aqui na mesa com ela você
continuou insultando a coitada.
PROPRIETÁRIO: Vai lá pra dentro Maicon! Deixa que eu
converso com as moças aqui. Depois a gente se entende.
LORRAINE: O
senhor é gerente aqui?
PROPRIETÁRIO: Eu sou o dono da lanchonete.
LORRAINE: Então,
eu tava explicando pro seu funcionário que dinheiro não tem sexo. E que
dinheiro também não aceita desaforo. Se ele não aprender a tratar bem as
pessoas, vai acabar perdendo o emprego.
PROPRIETÁRIO: A senhora me desculpe. Esse rapaz é meio
tapado mesmo. Isso não vai se repetir.
LORRAINE: Por
mim tudo bem, mas tem que pedir desculpas é pra minha amiga aqui, que foi
constrangida e humilhada na frente desse povo todo. A coitada não tava fazendo
nada de errado. Será que é errado a pessoa simplesmente existir e ser diferente
dos outros? É um absurdo isso.
PROPRIETÁRIO: A senhora tá coberta de razão. Meu
funcionário agiu errado com vocês. Senta aí, fiquem à vontade. Pra compensar
essa situação toda, vou servir um lanche pra vocês de graça, por conta da casa.
LORRAINE: Olha,
o lanche eu dispenso. Mas se o senhor mandasse o seu funcionário vir aqui e
pedir desculpas pra minha amiga, eu agradeceria muito.
O proprietário se retira.
BEBEL: Amiga,
se não fosse você esse bofe tinha me tirado daqui à força. Obrigado por me
defender.
LORRAINE: Ah
meu bem! Na minha frente ninguém maltrata travesti e transexual não. Esses bofes
são muito abusados! Eles se acham, mas comigo não, violão!
BEBEL: Eu
nem sei como te agradecer...
LORRAINE: Nem
precisa. Você não é daqui da cidade né?
BEBEL: Não.
Na verdade eu sou de Belém e tava indo pra São Paulo.
LORRAINE: Fazer
carreira lá?
BEBEL: É.
Mas não tô conseguindo carona e tô com pouco dinheiro. Tô com medo de gastar e
ficar sem nada. Inclusive eu vim parar aqui com um caminhoneiro, lá do posto
onde eu deixei as minhas coisas. Aí a gente se perdeu no meio dessa muvuca de
gente.
LORRAINE: Você
é novinha, talvez não conheça bem, mas posso lhe dizer por experiência própria:
não se iluda. Nem todo mundo que vai parar em São Paulo se dá bem. Muita gente
se estrepa toda...
BEBEL: É,
eu mesma já tive uma experiência lá que não foi nada agradável. Fui parar na
casa de uma cafetina que só queria dinheiro e mais nada. Me tratava como se eu
fosse um cachorro..
LORRAINE: E
mesmo com essa dificuldade toda, você acha que ainda compensa tentar chegar a
São Paulo?
BEBEL: Eu
não tô tendo outra opção...
LORRAINE: Vamos
ver, quem sabe eu não consiga te dar umas dicas?
As duas continuam conversando
amistosamente.
Gilberto aguarda em frente ao
condomínio quando Romero se aproxima e estaciona o carro.
ROMERO: Vamos
gato?
Continua amanhã...
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Você sabia?
De
acordo com o Royal College of Psychiatrists,
da Inglaterra, "Esta história lamentável (de considerar a homossexualidade
como doença) demonstra como a marginalização de um grupo de pessoas que têm um
traço de personalidade em particular (neste caso a homossexualidade) pode levar
a prática médica nociva e uma base para a discriminação na sociedade”. Existe agora um grande corpo de evidências de
pesquisa que indica que ser gay, lésbica ou bissexual é compatível com a saúde
mental normal e ao ajustamento social.
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