No capítulo anterior...
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Betina e o policial socorrem Lourdes e a levam para o hospital
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Vanilda procura Célia e a acusa de levar Joana para o mau caminho. Célia recusa
se afastar de Joana
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Bebel recebe um cliente importante, cheio de formalidades, mas ela não sabe quem
é ele
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Pâmela orienta a família de Betina e os aconselha a procurar ajuda psicológica
para entender a transexualidade
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Gilberto e Hoffmann bebem juntos, conversam, rola um clima e eles acabam
transando
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No dia seguinte, as fotos de Bebel caem na internet e ela descobre que seu
cliente era um Senador
CAP. 194
BEBEL: Mona!
Senador? Que luxo! Bebel não é fraca não hein? Arrastando até os figurões da
República! Fala sério!
PÂMELA: Como
foi isso, bicha? Conte os detalhes.
BEBEL: Eu
tava lá na avenida, linda, chegando pro meu expediente, aí apareceu o maior
carrão lá. O cara me intimou e me levou pra uma festinha lá no Lago Sul. Gente! Mas como eu ia imaginar
que o cara era um figurão desses? Caraca!
LORRAINE: E
como foi essa festinha?
BEBEL: Tinha
uns dez caras lá. Uns coroas, meio derrubados. Pra falar a verdade eles nem
deram conta de muita coisa.
PÂMELA: E
tava só você lá pra servir essa galera?
BEBEL: Eu
e mais umas cinco amapoas. Mas de trava só tinha eu. Mas eu reinei, meu bem.
Atendi todos! Arrasei com as amapoas, que eu não sou obrigada, né! Bebel é
profissional, meu amor!
LORRAINE: E
essa foto, como foi feita? Você não viu?
BEBEL: Eu
não!
Nas horas seguintes, o celular
não para de tocar. Quando Bebel sai do prédio, vários repórteres a aguardam.
Microfones, celulares, câmeras... Todos querem ouvir a sua versão sobre a orgia
do Senador. E ela, ingênua, se sentindo o centro das atenções, fala com todos,
deixa escapar detalhes comprometedores.
O fato repercute em todos os
veículos de comunicação da cidade e nos principais portais de notícias e canais
de televisão. Em poucas horas um grande escândalo está armado!
Mesmo preocupadas com o caso de
Bebel, Lorraine e Pâmela recebem Betina, que chora e lamenta.
BETINA: Eu
tô me sentindo muito culpada, sabe? Primeiro meu pai quase morreu do coração.
Agora minha mãe quase se matou... Meus irmãos estão me culpando por tudo de
errado que tá acontecendo naquela família. E pra falar a verdade, eu sou
culpada mesmo. Se eu não tivesse falado aquelas coisas, nada isso estaria
acontecendo...
LORRAINE: Betina,
querida, você não é culpada de nada. De um jeito ou de outro eles acabariam
sabendo. Você não pediu pra nascer assim. A gente nasce e pronto. Você já
sofreu o bastante com esse problema. Você carregou isso a vida inteira sozinha.
Tá na hora da sua família te ajudar a carregar esse fardo também.
PÂMELA: Você
já agendou a consulta para os seus pais com a doutora Cacilda?
BETINA: Já.
Mas eu não sei se ela vai conseguir fazer a cabeça deles. Meu pai é muito
cabeça dura. Minha mãe é religiosa, daquelas que se casaram virgem e tudo... E
até lá? E se ele passar mal, se ela fizer alguma loucura? Como é que eu fico?
LORRAINE: Querida,
pare de sofrer por antecipação. Espere as coisas acontecer. Olha, não vai
acontecer nada disso! Se você quiser, eu também vou lá e falo com eles. Pare de
chorar. Tudo vai se resolver. Calma.
PÂMELA: A
gente tá aqui pra te ajudar lindinha. Fique calma que tudo vai dar certo.
Lorraine e Pâmela a abraçam.
Aos poucos ela se sente confortada e para de chorar.
Gilberto e Hoffmann jantam
juntos.
HOFFMANN: Eu
fico feliz que você tenha aceitado ficar aqui comigo até o outro desocupar o
seu quartinho. Aliás, se você quisesse, poderia até ficar aqui morando comigo.
Tenho apreciado muito a sua companhia e também aquelas outras coisinhas que a
gente tem feito...
GILBERTO (meio
sem graça): É muito bom ficar aqui, mas o problema é que eu não sei se eu tô
preparado pra me envolver novamente com outra pessoa, entende? Eu saí de um
relacionamento há tão pouco tempo... Ficar com você é muito legal, diferente
pra mim, mas eu preciso colocar a minha cabeça em ordem.
HOFFMANN: Você
ainda pensa no outro não é? Mas eu não me importo. Se você me der uma chance,
eu prometo que faço você esquecer o burrinho de São Paulo...
GILBERTO: Mas
não é tão simples assim... Melhor a gente dar tempo ao tempo, deixar as coisas
acontecerem naturalmente...
HOFFMANN: Tá
bom. Eu vou respeitar o seu tempo. Eu não tenho pressa mesmo... (risos)
Horas mais tarde, Gilberto vai
caminhar com Joel no Parque da Cidade.
JOEL: Gilbertina,
querida, eu acho que você tá dando bobeira... Veja bem: o cara de São Paulo já
foi, a fila já andou. Se você não tá mais com ele, se não existe mais nenhuma
possibilidade desse romance dar certo, o que você tá esperando? Vai ficar
guardando luto feito uma viúva virgem? Se o coroa tá a fim de você, acho que
tem mais é que aproveitar.
GILBERTO: Não
sei, é tudo muito recente pra mim. Além do mais eu não tenho nenhum sentimento
mais forte pelo Hoffmann. Ele é um cara bacana, divertido, gente boa, mas/
JOEL: Você
ainda não tá apaixonada, né bicha? Mas é isso que tô te dizendo: vai curtindo e
vê o que rola. O sentimento vem com o tempo, com o contato. Você não precisa
assumir um compromisso agora. Deixa a coisa acontecer, deixa rolar e vê no que
dá... Você experimentou os novinhos e só levou tinta. Experimenta um coroa
agora. Eles são muito mais carinhosos, mais atenciosos, dedicados. E não tão
interessados em ficar com a torcida do Flamengo inteira como os novinhos...
GILBERTO: Então
tá, eu vou seguir o seu conselho. Aliás, na maioria das vezes seus conselhos
foram certos. Você é um cara experiente, vivido, entende muito mais da vida do
que eu.
JOEL: Com
certeza. Na maioria das vezes, se você tivesse seguido os meus conselhos, não
teria quebrado a cara. Vai por mim: Juju é uma bicha rodadíssima.
GILBERTO: Aliás,
eu nunca te disse isso, mas eu sou muito grato a você por todos os conselhos
que me deu. Eu aprendi muito com você. Se eu não tivesse te conhecido, não sei
o que seria de mim...
JOEL: O
importante, querida, é aprender com os erros e não cair duas vezes no mesmo
buraco. Precisando, a Juju tá aqui. Mas olha: sempre vou falar a verdade, e não
o que você tá querendo ouvir...
Os dois riem e a caminhada
continua.
Joana trabalha no shopping, com
a loja cheia de clientes, quando chegam Joselito e Jussara.
JOSELITO: O
senhor é o gerente dessa loja? Eu gostaria de falar com aquela funcionária ali
(e aponta)
GERENTE
(para Joana à distância): Joana! Esses jovens querem falar com você.
JOANA: Desculpe,
João, mas eu não tenho para falar com esses dois.
JUSSARA
(falando alto, em tom de barraco): Mas eu tenho. Sua destruidora de lares!
Vagabunda! Ordinária!
Todas as pessoas se voltam para
elas, chocadas.
Continua amanhã...
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Você sabia?
Na
literatura, destaca-se Oscar Wilde, condenado à prisão com trabalhos forçados
acusado de sodomia depois de seu relacionamento com o Lord Alfred Douglas (com
cerca de 20 anos), e que em seu tribunal disse viver "o amor que não ousa
dizer o nome"; perguntado no tribunal que amor era este, respondeu:
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