No capítulo anterior...
- Reynaldo diz a Gilberto para relaxar, pois
estão em meio a quase três milhões de LGBT e simpatizantes
- Eles chegam em frente ao Masp e Reynaldo
diz que um dia levará Gilberto para conhecer o museu
- A marcha se inicia e Gilberto se deslumbra
com as fantasias, os saradões, os cartazes de protesto e a festa como um todo
- Depois de mais de oito horas na festa,
Gilberto se sente cansado e eles resolvem voltar pra casa
- Bebel faz ponto na avenida quando um homem
parte pra cima dela armado com uma chave de rodas
CAP. 180
CLIENTE: Volta
aqui sua vadia! Quero te quebrar na porrada! Vagabunda!
Bebel continua sua corrida e se
esconde num prédio comercial.
Percebendo o tumulto, duas
travestis cercam o homem e o detém.
TRAVESTI 1: Quê que tá pegando gato?
TRAVESTI 2: Porque que você tá grilado assim com a nossa
amiga? O que foi que ela te fez?
CLIENTE: Aquela
vagabunda me passou doença. Eu sou casado e o bicho tá pegando na minha casa.
Quero ensinar aquela ordinária!
TRAVESTI 1: Como assim, gato? Como você pode ter certeza
disso?
CLIENTE: Eu
fui ao médico e ele falou que esse negócio que eu peguei só pode ter sido
através de sexo...
TRAVESTI 2: Amigo, quem sai na chuva é pra se molhar. Se
você largou a sua mulher em casa pra pegar gente na rua, você devia saber muito
bem o risco que tava correndo.
TRAVESTI 1: E a Bebel foi a única pessoa com quem você
saiu?
CLIENTE: Foi.
Quer dizer... Teve uma outra mulher, mas a mulher eu tenho certeza que tava
limpa. Se tinha alguém suja nessa história só pode ser essa vadia!
TRAVESTI 2: Gato, isso aí que você tá falando não tem a
menor lógica. Tanto pode ser a bebel como pode ser essa outra amapoa.
Percebendo que o homem está
dominado pelas amigas, Bebel se aproxima.
BEBEL: O
que houve? Porque esse maluco tá querendo me atacar?
TRAVESTI 1: Ele disse que pegou doença sexualmente
transmissível de você...
CLIENTE: Foi
você mesmo sua vadia, que me passou essa porcaria.
BEBEL: Colega,
eu acho que você tá enganado...
TRAVESTI 2: Ele disse pra gente que saiu com uma amapoa
também...
BEBEL: Eu
posso provar que não foi de mim que você pegou nada! Semana passada eu fiz
exames. Inclusive tô com eles todos aqui na bolsa. Posso até mostrar.
CLIENTE: Mostra
então! Mostra que eu quero ver!
Bebel tira os papéis da bolsa,
entrega pra amiga, que mostra ao cliente. Ele olha tudo atentamente e acaba
ficando sem graça.
CLIENTE: É,
olhando por esses papéis aqui parece que você tá limpa.
BEBEL: É
claro que eu tô limpa, querido. Eu me cuido. Sempre uso preservativo e faço
exames regularmente. Não sou relaxada desse tipo aí que você tá pensando não.
Eu cuido da minha saúde. E te digo mais: se tu pegou alguma coisa, foi dessa
amapoa aí que você saiu... De mim é que não foi.
TRAVESTI 1: Bom, gato, já que tá tudo esclarecido, melhor
você ir embora.
TRAVESTI 2: Seguinte gato: tem de usar camisinha em todas
as transas. De onde você tirou essa ideia que mulher não transmite doença?
Qualquer pessoa pode transmitir doença. Mulher é mais arriscado ainda porque
elas não se cuidam. Nós somos profissionais, a gente se cuida. Fica ligado,
gato!
Elas soltam o homem e ele se
retira.
TRAVESTI 1: Puxa Bebel! Essa foi por pouco...
BEBEL: Bendita
hora que esses exames ficaram aqui na minha bolsa. E olha que eles só ficaram
aqui porque eu esqueci de tirar pra guardar...
Na noite seguinte, Bernardo
chega à escola para assistir aula.
Minutos depois, professora
começa a fazer a chamada. Quando chega no nome de Bernardo, ele a interrompe.
BERNARDO: Professora,
posso interromper um instante?
PROFESSORA: Pode, já interrompeu mesmo...
BERNARDO: Seguinte:
a partir de hoje eu não quero mais ser chamado de Bernardo.
Os alunos se entreolham
admirados.
ALUNOS (zoando):
Hum... Vai assumir Bernadete?
BERNARDO
(continuando): Bernadete é invenção da cabeça de vocês. E se querem saber, eu
detesto esse nome. A partir de hoje meu nome é Betina.
Os alunos começam a zoar.
ALUNOS: Ui,
ui, ui Betina...
Continua segunda-feira...
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Você sabia?
Declarações
das principais associações de especialistas nesta área refletem o consenso
profissional de que crianças criadas por pais gays ou lésbicas não diferem, em
aspectos importantes, de crianças criadas por pais heterossexuais. Não existe
qualquer pesquisa credível empírica que sugira o contrário. Se os pais gays,
lésbicas ou bissexuais fossem inerentemente menos capazes de criar uma criança
do que pais heterossexuais, seus filhos iriam evidenciar problemas,
independentemente do tipo de amostra, e este padrão, claramente, não tem sido
observado. Tendo em conta as falhas consistentes esta literatura de pesquisa
para refutar a hipótese nula, o ônus da prova empírica é sobre aqueles que
argumentam que os filhos de pais de minoria sexual se saem pior do que os filhos
de pais heterossexuais.
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