12 de junho de 2012

GLS TEEN - CAP. 182



No capítulo anterior...
- A professora explica a Bernardo que terá de consultar as leis para que o chame por seu “nome social”: Betina
- Joselito conta a Jussara que flagrou Joana no carro da mãe deles, deixando-a irada
- Reynaldo e Gilberto assistem a um show de Drag Queens na boate Nostro Mondo
- Reynaldo pergunta a Gilberto se ele está disposto a ficar morando em São Paulo

CAP. 182

GILBERTO: Confesso que você me pegou meio de surpresa. Na verdade nem tinha pensado nisso ainda...
REYNALDO: Você acha mesmo que tem de pensar? Veja bem: você não nasceu em Brasília. Morou lá por pouco tempo, nem tava familiarizado direito com a cidade. Além do mais você já abandonou o seu emprego. Se voltar pra lá, vai ter de começar tudo do zero, vai ter de procurar outro emprego, arrumar outro lugar pra morar...
GILBERTO: Isso é verdade.
REYNALDO: E se as coisas não derem certo ? Você não tem nem pra quem apelar, já que não tem nenhum parente na cidade...
GILBERTO: Mais uma vez você tem razão.
REYNALDO: Aqui você tem lugar pra morar. Eu posso te arrumar um emprego, posso te matricular em uma escola. Você pode continuar sua vidinha tranquilo aqui...
GILBERTO: Nossa! Assusta um pouco sabia? Nunca pensei em morar em São Paulo, viver aqui... Se eu falasse isso lá na minha cidade, o povo ia dizer que eu tô maluco...
REYNALDO: É normal. Cidade pequena o pessoal te cisma mesmo de cidade grande. Mas cidade é tudo a mesma coisa. A diferença é que aqui é grande e lá pé pequeno.
GILBERTO: Você fala isso porque não conhece a minha cidade. Se você fosse lá, ia ver que são dois mundos completamente diferentes...
REYNALDO: Bom, resumindo, você tá querendo dizer que quer mais um tempo pra pensar. É isso?
GILBERTO: Acho que sim.
REYNALDO: Tá bem. Vou te dar mais um tempinho.

Nisso o garçom chega para servir a comida e interrompe a conversa.

Célia apanha Joana nas proximidades de sua casa para irem a um bar só para lésbicas.

CÉLIA: Oi gata! Como passou daquele dia?
JOANA: Bem. E a minha mulher como passou?
CÉLIA: Tirando as discussões com aquele porre do meu marido, até que bem.
JOANA: Vocês continuam se desentendendo até hoje?
CÉLIA: Quase todos os dias. Aquele frouxo não entende que eu não tô na dele mais. Ele quer ficar cantando de galo, tentando me botar moral, como se ele fosse macho pra isso.
JOANA: Vocês precisam se entender. Ou então chutar o balde logo de vez...
CÉLIA: É isso que eu quero fazer, mas o frouxo não aceita. Toda vez que eu tento levar o assunto adiante ele começa a fazer chantagem emocional, começa usar os filhos como desculpa. Na boa? Não tô aguentando isso mais. Qualquer hora eu vou resolver isso do meu jeito.
JOANA: Calma. Relaxa. A gente não tá saindo hoje pra se divertir, pra curtir um pouco? Então... Não vela a pena ficar se estressando antes da hora.
CÉLIA: Antes da hora mesmo, porque quando eu chegar em casa vai ter outro arranca-rabo.  Cretino... Ele desconfia que eu tô tendo caso com outro homem... O sonso nem desconfia que dessa raça eu só quero distância.

As duas riem...

Bernardo conversa com Lorraine, que enrola bombons na mesa da cozinha.

LORRAINE: Não acredito! Você falou assim, na frente de todo mundo, que agora só quer ser chamada de Betina?
BERNARDO: Falei. Interrompi a chamada da professora e falei.
LORRAINE: E ela? Como reagiu?
BERNARDO: falou assim que os colegas podem me chamar do jeito que eu quiser, mas com relação ao diário ela vai ter de consultar as leis. Aliás, foi por isso que eu vim aqui, pra te pedir uma orientação. Existe mesmo essa lei?
LORRAINE: Na verdade não é uma lei, é uma portaria da Secretaria de Educação. Mas na prática vale a mesma coisa. E a sua professora não conhece a portaria?
BERNARDO: Ela disse que já tinha ouvido alguma coisa a respeito, mas que não tava por dentro dos detalhes...
LORRAINE: Existe mesmo. Alunos acima de dezoito anos, travestis e transexuais, podem escolher como querem ser chamados e toda a documentação escolar deve constar o nome civil.
BERNARDO: E você tem cópia dessa tal portaria aí?
LORRAINE: Eu acho que aqui em casa não. Mas podemos pedir pra doutora Cacilda. Ela tem, com certeza.
BERNARDO: Se você puder fazer isso por mim, eu te agradeço muito.
LORRAINE: Aliás, eu nem preciso fazer... Vá você mesmo lá na ONG e peça pra doutora Cacilda. Ela tira uma cópia e você leva pra escola. Mas não pra professora, você leva direto pra secretaria da escola, certo?
BERNARDO: Certo. Vou fazer isso amanhã mesmo. Puxa! Nem sei como te agradecer.
LORRAINE: Não precisa. Só de ver vocês, novinhas, conseguindo coisas que eu levei anos pra conseguir, eu já fico muito feliz.

Não muito longe dali, Bebel está prestes a terminar seu expediente. Nisso um carro vem devagarinho e para, como se o carona tivesse interessado em fazer um programa.

CARONA: Boa noite, gata! Vamos dar um rolé?
BEBEL: Não vai dar gato. Eu já tô indo embora pra casa. A noite hoje foi puxada. Eu tô cansada.

O motorista acelera o carro e o carona puxa a alça da bolsa de Bebel e sai arrastando. Num primeiro momento Bebel tenta correr atrás do carro na tentativa de arrancar a bolsa das mãos do homem.

O carro ganha velocidade, até que não conseguindo correr mais, por causa de seu salto alto, Bebel cai no chão.

Continua amanhã...


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Você sabia?

Na maioria das forças militares ocidentais foram removidas as políticas de exclusão de membros de minorias sexuais. Dos 26 países que participam da OTAN, mais de 20 permitem que pessoas abertamente gays, lésbicas e bissexuais sirvam. Dos membros permanentes do Conselho de Segurança das Nações Unidas, dois (Reino Unido e França) aceitam pessoas LGB nas forças armadas. Os outros três, geralmente, não: a China proíbe gays e lésbicas abertamente, a Rússia exclui todos os gays e lésbicas em tempo de paz, mas permite que alguns gays sirvam em tempos de guerra e os Estados Unidos (a política conhecida como “Don't Ask, Don't Tell” – “Não pergunte, Eu não Digo”) tecnicamente permite que pessoas gays e lésbicas sirvam, mas apenas em segredo e celibato. Em 22 de dezembro de 2010, no entanto, Barack Obama assinou uma lei de revogação da política de Don't ask, don't tell. Israel é o único país do Oriente Médio que permite que pessoas abertamente LGB sirvam nas forças armadas.

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