No capítulo anterior...
- Helena questiona a orientação sexual de
Joaquim numa conversa franca
- Joaquim se recusa a voltar pra casa, mas diz
que dará notícias à mãe
- Gerson, Airton e Simone questionam o
isolamento de Bernardo
- Joana almoça com a mãe, mas é surpreendida
pelo pai, que é hostil
CAP. 64
TATÃO: Pensei
que na casa da sua avó as coisas tivessem muito boas. Eu tô surpreso com a sua
visita aqui...
JOANA: Pois
é, pai, é sobre isso que eu vim aqui falar com senhor...
TATÃO: Huuuummm,
posso imaginar...
JOANA: Pai,
eu não aguento mais morar com a minha avó. Aquela velha é muito chata!
TATÃO: “Aquela
velha”? Isso é jeito de você falar da minha mãe?
JOANA: Pai,
o senhor sabe, eu sou assim mesmo...
TATÃO: Sei...
Sei que pelo visto você não mudou nada, continua a mesma mal criada e mal
agradecida de sempre. Você deveria ser muito grata à minha mãe, porque se não
fosse ela, sabe Deus onde você estaria morando agora...
VANILDA: Vai
com jeito, minha filha, conversa direito, desse jeito você não vai chegar a
lugar algum...
JOANA: Então,
pai, a minha avó me obriga a fazer coisas que eu não gosto. Quer que eu vá com
ela à igreja todos os dias. O senhor sabe, esse negócio de igreja é uma chatice
só...
TATÃO: Tem
de pagar a conta de algum modo, não é filha? É só aqui em casa que você mora,
come, bebe de graça e ainda reclama. Aí fora, aonde você for, vai ter de pagar
a conta... O mundo é assim...
VANILDA: Não
dificulta, Tatão, deixa a menina falar...
JOANA: Pai,
eu quero voltar pra casa. Eu não aguento mais morar na casa da minha avó.
TATÃO: Ah,
então é isso? Tanto rodeio pra chegar no ponto? Eu não sei... Sinceramente eu
não sei, preciso pensar um pouco. Será que você aprendeu alguma coisa? Será que
tirou alguma lição desse episódio todo?
VANILDA: Facilita
as coisas, homem, é a sua filha...
TATÃO: Tá
bem, eu aceito você de volta. Mas tem uma condição.
Joana e Vanilda se olham
apreensivas.
Gilberto faz alguns comentários
sobre Dadinho. Adriano não gosta.
ADRIANO: Sei
não, hein, mas acho que você tá muito chegado nessa tal Dadinha. Pra mim tá
rolando alguma coisa entre você e a biba.
GILBERTO: Como
assim, porque você tá falando isso?
ADRIANO: Ora,
porque todo dia você me conta alguma história dessa bichinha. Acho que você
desceu do muro de vez e já escolheu de que lado você quer ficar.
GILBERTO: Ih,
ó o cara... Tá com ciúmes, é boneca? Calma, tem pra todo mundo.
ADRIANO: Tô
sim. Adelaide Catarina não é de dividir os seus bofes com a comunidade não...
Ou o bofe é meu ou é das outras.
GILBERTO: Palhaço...
Você sabe que nosso lance é muito mais amizade... Aquilo que rolou entre a
gente foi momento. Passou... Agora somos apenas bons amigos.
ADRIANO: Sei...
Só sirvo pra ouvir chororô de biba magoada, né?
GILBERTO: Quem
é biba aqui? Quem?
ADRIANO: Eu,
oras, a bunita aqui. Você é o machão todo poderoso. Por enquanto... (risos)
Daqui a pouco vira uma passiva e entra pra concorrência... (risos debochados)
GILBERTO: Me
respeita, rapaz! Eu sou espada!
ADRIANO: É
mesmo, mas não se esqueça: espada corta dos dois lados...
GILBERTO: Por
falar em dois lados, hoje vou sair com uns caras da escola. Vai rolar umas
gatinhas na parada...
ADRIANO: Você ainda insiste nessa história de sair com
amapoa? Jura
que é lésbica, né?
GILBERTO: Como
você é cretino! Não tem jeito de falar sério com você não... Eu já não te falei
que curto mulher também? Eu curto, oras. Não tenho culpa se você não gosta...
ADRIANO: Gosta
mesmo... Do jeitinho que você gostou daquela coleguinha da escola...
GILBERTO: (percebendo
a chegada da patroa) Ih, disfarça que a dona Selma vem aí...
Os dois começam a varrer.
Pais e filha continuam a
conversa em Blumenau.
TATÃO: Eu
aceito você de volta com a condição que você mude de atitude: respeite os
horários de chegar em casa, deixe de ser mal criada com a sua mãe e ajude nas
tarefas da casa. Se você aceitar...
JOANA
(eufórica): Aceito, pai. Aceito. Eu faço qualquer coisa pra sair da casa
daquela ve/ (corrigindo) quer dizer, da minha avó. Vou lá agora mesmo buscar as
minhas coisas.
Entusiasmadas, Vanilda e Joana
se abraçam. Ainda eufórica Joana se atira sobre o pai e o beija.
Continua amanhã...
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Você sabia?
Europa
- A partir da segunda metade do século XIII, a morte era a punição mais comum
para a homossexualidade masculina na maior parte da Europa. Com o Renascimento,
cidades ricas no norte da Itália, em particular Florença e Veneza, eram
conhecidas pela sua prática generalizada do amor entre pessoas do mesmo sexo,
praticado por uma parte considerável da população masculina e construído ao
longo do padrão clássico estético da Grécia e Roma.
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