No capítulo anterior...
- Lourdes se mostra desinformada e
preconceituosa quanto à homossexualidade
- A mãe proíbe Bernardo de se encontrar com
Pâmela e ameaça pedir a intervenção do pai
- Joaquim compra novas roupas femininas e
planeja voltar a se prostituir em breve
- Helena está agoniada sem notícias do filho,
mas Ronaldo se mostra indiferente
CAP. 61
Helena enxuga as lágrimas que
insistem em brotar dos seus olhos.
HELENA (para
si mesma): Quer saber de uma coisa? Eu vou é atrás desse menino. Quem sabe
minha Nossa Senhora Aparecida não me ajuda a trazer ele de volta pra casa? Eu
tenho fé na minha santinha. Ela há de me ajudar.
Ela respira fundo e continua a
costurar.
Gilberto e Dadinho conversam no
corredor do colégio.
DADINHO: E
aí, você tá mais tranquilo agora, com aquele lance da Nilva?
GILBERTO: Nada,
os caras ainda tão me sacaneando. Toda hora vem um palhaço tirar onda com a
minha cara. Também aquela boca aberta não tinha nada que abrir o bico né?
DADINHO: Amapoa
é assim mesmo: elas adoram bater com a língua nos dentes. Vivem cacarejando
feito galinhas.
GILBERTO: Isso
é uma coisa tão íntima... Eu não contaria nada que se passou entre eu e outra
pessoa, ainda mais se fosse uma coisa pra derrubar a outra pessoa...
DADINHO: Mas
você é um cara de princípios, de boa formação. No meio de galera ninguém é
assim. Eu passo o diabo com esses caras também. E é assim em todo lugar: aqui,
na vizinhança, no trabalho... Viado parece animal exposto no zoológico: todo
mundo fica admirando, comentando... Eu até já acostumei...
GILBERTO: E
eu não tive culpa na parada, não rolou, entende? Eu bem que tentei, mas o
“joãozinho” não levantou de jeito nenhum! Eu não sei explicar o que
aconteceu... Isso nunca tinha me acontecido antes...
DADINHO: Bobagem,
isso acontece com todos os homens. Quem não é macho o suficiente pra assumir, é
mentiroso. Mas na verdade já aconteceu com todo mundo...
GILBERTO: Eu
sei, mas vai falar isso pra esses babacas...
DADINHO: Esquenta
não... Daqui a pouco aparece outro assunto e eles se esquecem de você...
Amanhece...
No Recife, a família toda toma
café à mesa.
SIMONE: Mãe,
a senhora já falou com o Bê sobre aquele assunto?
BERNARDO
(irritado): Ah não! Se for começar com essa encheção de saco de novo, me avisa
porque eu já tô de saída! (se levanta da mesa e sai)
SIMONE: Ei,
calma, não precisa apelar...
BERNARDO: Eu
tô de saco cheio de tanta pegação no pé. Me deixem em paz!
JUAREZ
(desconfiado): Que assunto é esse que deixou ele tão irritado?
AIRTON: É
o lance do traveco ainda?
SIMONE: Você
também já sabe?
GERSON: Todo
mundo sabe... Vai dizer que você não sabia?
SIMONE: Claro
que sabia, fui eu quem contei pra mãe...
JUAREZ: Que
história é essa de traveco que eu não tô sabendo?
AIRTON: Ora,
pai, aquele dia nós não falamos pro senhor que um traveco veio trazer o
Bernardo de carro aqui em casa? Então... Essa semana o traveco veio trazer ele
de novo, só que foi a Simone que viu...
JUAREZ: Mas
não é possível uma coisa dessas! Ele falou que era uma coroa, uma mulher mais
velha...
AIRTON: Pai,
se aquilo lá for mulher, o Pelé é a mulata Globeleza... Aquilo é mais macho do
que eu!
LOURDES: Mais
respeito com a família, menino!
AIRTON: Tá
bom. Não tá aqui quem falou. Mas aquilo não é mulher nem aqui, nem na China.
Isso eu garanto.
JUAREZ: Eu
vou ter uma conversa séria com esse menino. E vai ser agora! (se levanta e
segue em direção ao quarto)
Juarez invade o quarto, sem
bater à porta.
BERNARDO: Pai,
o que houve? O senhor nunca entrou aqui desse jeito.
JUAREZ: Que
história é essa de você tá andando com travesti pra baixo e pra cima?
Bernardo fica inerte.
Continua amanhã...
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Você sabia?
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