6 de março de 2012

GLS TEEN - CAP. 98



No capítulo anterior...
- Joaquim e Carlete chegam a São Paulo, mas Susette deixa claro que não terão vida fácil
- Juarez comunica que em breve toda a família terá de se mudar para Brasília
- Joaquim e Carlete tentam fazer programa, mas logo uma travesti os expulsa do ponto

CAP. 98

CARLETE (nos ouvidos de Bebel): Bicha! Melhor a gente dar o fora daqui. Você viu a navalha na bolsa da trava?
BEBEL: Vamos sair de fininho, a gente procura outro lugar...
TRAVESTI 2: E aí, as bonecas vão querer conhecer a fúria das Imãs Metralha?
BEBEL: Não, querida, foi apenas um engano. A gente já tá indo embora. Tchauzinho. (e sai seguido por Carlete)
TRAVESTI 1: Melhor assim. E não apareçam aqui nunca mais! Tão achando que travesti é bagunça?

Bebel e Carlete passam por várias ruas, mas sempre encontram alguma travesti fazendo ponto e a recepção é sempre a mesma: cara feia, ameaças, etc.

No Recife, Bernardo e Pâmela caminham pela praia, descalços, na beira da água.

PÂMELA: Ai, que peninha você ter de ir embora... Justo agora que as coisas começaram a melhorar, que a gente poderia curtir mais a nossa amizade...
BERNARDO: Pois é, eu também tô muito chateado, justamente por causa disso. E por causa do Ramon também. Só de pensar que nunca mais vou ver o meu príncipe, ai, me dá uma vontade de chorar...
PÂMELA: Não fique triste, querido. A vida é cheia de idas e vindas assim mesmo. Quem sabe lá em Brasília você não conhece outro príncipe? E o que é melhor: que corresponda aos seus sentimentos. Porque pelo que você me falou, esse Ramon não corresponde ao amor que você sente por ele...
BERNARDO: É, corresponder, corresponder, não. Mas a gente tava começando a se entender ultimamente.
PÂMELA: Mas não se engane meu querido. Ou corresponde, ou não corresponde. Não tem meio termo. Você não pode passar a vida inteira sonhando com um cara que não te dá valor. A vida é muito curta pra ser desperdiçada...
BERNARDO: Eu sei, mas como dizer isso pro nosso coração?

Em Blumenau, a família janta reunida quando Joana adentra a copa.

JOANA: Pai, que história é essa de mudança pra Brasília?
TATÃO: Então, se você tivesse vindo jantar com todo mundo, na hora que eu chamei, já tava sabendo de tudo...
JOANA: Ih! Vai começar o sermão...
TATÃO: É isso que você disse: nós vamos nos mudar para Brasília. É só o tempo de arranjar algum lugar lá pra gente morar, organizar as coisas e a gente vai embora.
JOANA: Antes de começar o ano letivo?
VANILDA: Antes disso. Vocês já começarão o ano estudando lá.
JOANA: Que legal, porque eu já tava de saco cheio daquela galera da escola, principalmente de uma certa pessoa...
BEATRIZ: Do Sérgio, né? E de quem você não está de saco cheio Joana? Só sabe dizer isso...
VANILDA: Vocês duas não comecem! Respeitem a mesa e o jantar.
RENATA: Eu já vi na internet, a cidade lá parece ser muito bacana.
TATÃO: É, mas não se iluda filha, lá é muito diferente daqui, principalmente o clima. No começo acho que todos vão estranhar bastante.
JOANA: E por que deu a louca no senhor de mudar assim, de uma hora pra outra?
TATÃO: Não “deu a louca”, Joana. Diferente de você, eu penso muito antes de fazer as coisas. É uma ideia que venho amadurecendo há um bom tempo e agora surgiu uma boa oportunidade de negócio lá. Acho que é a hora de aproveitar.
JOANA: Tá bom, seu Tatão, seja feita a sua vontade...
TATÃO: Senta aí e come, antes que esfrie.

Bernardo e Pâmela continuam a caminhada e a conversa.

PÂMELA: Sem querer ser indiscreto, mas, além desse Ramon, você já teve outros namorados, já transou com outros rapazes?
BERNARDO: Eu não tive nenhum namorado, mas já transei com outros rapazes.
PÂMELA: E aí, como foi?
BERNARDO: Mais ou menos. Em todas as minhas relações eu fui o passivo, mas não sei, de alguma forma eu me senti desconfortável, entende?
PÂMELA: Mas, por quê? Você gostaria de ter sido o ativo e não teve oportunidade?
BERNARDO: Não, de jeito nenhum. Mas esse negócio de sexo anal, isso não me agrada muito... Você consegue entender o que eu tô tentando explicar?
PÂMELA: Entendo muito bem. Eu também me sentia assim desde as minhas primeiras relações...
BERNARDO: É mesmo?
PÂMELA: Sim. Desde pequena sempre me sentia mulher. Eu tinha atração por rapazes, mas não queria fazer sexo anal como os gays, ou como as travestis. Eu queria ser mulher de verdade, ter a minha vagina pra só então fazer um sexo completo com um homem. Claro que eu tive muitas relações anais, até fazer a cirurgia, mas me sentia como você: incompleto, insatisfeito, desconfortável...
BERNARDO: Sabe, eu nunca confessei isso pra ninguém, mas você me passa tanta segurança, que pra você eu vou confessar: eu também nunca me senti homem. Eu sempre me vi como uma mulher. Desde pequeno só gostava de coisas de mulher. Pra mim tem sido uma barra, principalmente depois da puberdade, quando as características masculinas começam a aparecer e as pessoas começam a te cobrar por isso. Se você fala fino, todo mundo ri de você, se tem gestos delicados, todo mundo te chama de bichinha. Se veste uma roupa diferente, todo mundo te chama de pintosa...
PÃMELA: Pra mim você nem precisava dizer nada, eu já tinha te sacado desde quando a gente se conheceu...
BERNARDO: Pâmela, como eu faço pra virar uma mulher de verdade?

Continua amanhã...


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Você sabia?

Os dados da pesquisa também indicam que entre 18% e 28% dos casais gays e entre 8% e 21% dos casais lésbicos nos Estados Unidos viveram juntos dez anos ou mais.

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