No capítulo anterior...
- O rapaz foge, mas Joaquim não escapa de
levar umas bordoadas do pai
- Helena chega assustada com a confusão e
logo Ronaldo começa a culpá-la
- Ronaldo obriga Helena a escolher entre ele
e o filho. Helena escolhe o filho
- Joaquim se dispõe a ir embora e implora
para que Helena vá atrás de Ronaldo, ela recusa
- Joaquim chora desesperado e implora para
que o pai não abandone a mãe
CAP. 116
RONALDO: A
sua mãe fez a escolha dela. Agora só me resta seguir o meu caminho. (vira as
costas e sai)
JOAQUIM (chorando):
Vai atrás dele mãe! Não deixa ele ir embora!
HELENA: Joaquim,
agora que você já fez a burrada, não adianta tentar consertar. Se aquiete! Pare
de chorar, vamos entrar que amanhã é outro dia. A vida recomeça de novo. Vamos
entrar.
Helena entra para seu quarto e encosta
a porta. Ela deita na cama e fica pensando na vida. Depois de algum tempo
consegue pegar no sono.
No quarto dos fundos, Joaquim
também não consegue pegar no sono. Ele senta na beira da cama e fica pensando
no que fazer. Depois de muito pensar, toma uma decisão.
JOAQUIM
(para si mesmo): Eu vou embora. Não posso ficar aqui depois de ter feito uma
merda dessas com a minha mãe. Que droga! O brucutu tinha de chegar da rua
justamente na hora do meu atendimento? Mas agora já foi!
Joaquim junta suas coisas,
coloca na mochila. Depois pega um papel e, com lágrimas nos olhos, escreve um
bilhete, que coloca em cima da máquina de costura de Helena.
Logo em seguida, ele entra na
casa, pega algo na sala e coloca na mochila. Depois vai à porta do quarto
observa por alguns instantes a mãe, que dorme serenamente. Sai, com todo
cuidado para não chamar a atenção.
Amanhece o dia...
Joel faz sua corrida matinal e
aproveita para conversar com Gilberto da portaria do prédio.
JOEL: E
aí, como foi a festa ontem?
GILBERTO: Não
foi...
JOEL: Como
assim não foi? Eu te chamei pra ir à sauna e você falou que não poderia ir
porque tinha uma festa pra ir à noite com o seu namoradinho...
GILBERTO: Pois
é, aconteceu um imprevisto e nós não fomos. Aliás, tô muito preocupado com ele.
Até agora não me deu notícias. Esperei aqui até as dez da noite e nada, depois
fui na casa dele, fiquei lá mais de uma hora e nada. Estou preocupado. Acho que
alguma coisa muito séria aconteceu com ele...
JOEL
(debochado): Aaaaah... Você não sabe mesmo o que aconteceu?
GILBERTO: Claro
que não, mas acho que é alguma coisa muito séria.
JOEL: Acorda,
Gilbertina! É claro que ele foi pra festa, só que outra pessoa.
GILBERTO
(incrédulo): Lá vem você com as suas desconfianças... Que mania você tem de
achar que as pessoas estão sempre mentindo, sempre aprontando...
JOEL: Gildete,
eu conheço as bibas. Elas são terríveis, querida. Tiram até leite de pedra...
Imagine só: o cara bonito, rico, vivido, cheio de amigos... Você acha mesmo que
você é a única pessoa que ele conhece?
GILBERTO: Uai,
mas se ele não quisesse que eu fosse à festa com ele, porque haveria de me
convidar?
JOEL: Oras!
Mudou de ideia... Vai ver que apareceu alguém mais interessante, mais bonito
que você, mais novo no pedaço... Essas coisas acontecem querido. Você precisa
parar de confiar cegamente nas pessoas. Aqui não é a sua cidadezinha do
interior onde todo mundo é honesto, sincero, verdadeiro não... Cidade grande é
outra coisa. Principalmente no meio LGBT existem pessoas falsas, interesseiras,
mentirosas... As pessoas agem muito por conveniência, por interesse, entende? Elas
são capazes de qualquer coisa por causa de sexo, de relacionamento, compreende?
GILBERTO: Estranho
isso. Não consigo ver as coisas dessa maneira...
JOEL: Com
o tempo você aprende. Pior que até aprender você vai levar muita rasteira... O
cara iria te levar na festa para te exibir pros amigos dele como um troféu. De
repente, apareceu alguém, ou outra proposta, e ele mudou de ideia. E ponto.
GILBERTO: Mas
você acha que eu tenho de mudar os meus princípios, tenho de virar um falso, um
mentiroso, só pra ficar igual a todo mundo?
JOEL: Não
é isso. Tô querendo dizer pra você abrir os seus olhos, ficar esperto. Não
confiar em tudo que te dizem, não confiar em todos os sorrisos que te dão...
Nem sempre são sorrisos sinceros, entende?
GILBERTO: Entendi,
em partes. Mas acho que você tá enganado quanto ao Romero. Ele é um cara bom,
honesto, sincero. Não iria fazer uma presepada dessas comigo...
JOEL: Bom,
mais dias menos dias você acabará descobrindo. Eu vou nessa que ainda quero
correr mais uns três quilômetros. Até mais. Bom trabalho.
GILBERTO: Bom
trabalho. Depois a gente fala mais. (depois que Joel se retira, para si mesmo)
Mania que esse cara tem de achar que todo mundo é mentiroso, falso... Parece
que não acredita nem na própria sombra...
Helena chega ao quartinho para
trabalhar e se surpreende com a ausência de Joaquim, que deveria estar
dormindo. Em seguida ela pega o bilhete em cima da máquina de costura e lê.
HELENA: “Mãe, não quero mais
ser um problema na sua vida. Sei que a senhora me ama muito, mas sei também que
a senhora precisa do meu pai para ajudar a cuidar dos meus irmãos. Vou seguir o
meu rumo e assim que puder eu dou notícias. Vai atrás do meu pai e chama ele de
volta. Diga que eu não volto mais aqui em casa se ele não quiser. Também te amo
muito. Beijos. Joaquim.”
HELENA
(sem conter as lágrimas): Ah meu Deus! Agora além do marido fiquei sem o filho
também! E agora, como vai ser?
Continua amanhã...
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Você sabia?
O
conhecimento do "tamanho da população homossexual é uma promessa para
ajudar os cientistas sociais compreenderem uma ampla gama de questões
importantes, questões sobre a natureza geral das escolhas do mercado de
trabalho, a acumulação de capital humano, a especialização dentro das famílias,
discriminação e as decisões sobre a localização geográfica."
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