12 de março de 2012

GLS TEEN - CAP. 103



No capítulo anterior...
- Gilberto e Romero vão a um bar para se conhecerem melhor.
- Depois de uma conversa, Romero convida Gilberto para ir ao seu apartamento
- Bernardo conversa com Pâmela e descobre que Lorraine é a amiga de quem tanto falavam
- Romero deixa Gilberto na porta de casa. Ele está empolgado com o que acabara de acontecer

CAP. 103

Gilberto entra no seu quartinho, no último andar do prédio, ao lado da casa de máquinas do elevador, sorrindo sozinho, tamanha sua empolgação.

GILBERTO (para si mesmo): Nossa! Que cara maravilhoso! Eu nunca sentido isso antes por ninguém! Que cara bacana, gentil, educado... Bom de cama... (se interrompe) Nossa! Tem muito tempo que eu não pego uma mulher... Será que eu deixei de gostar de mulher? Será que o Dadinho e o Adriano estavam certos? Eu tô virando gay? (respondendo) Não, não é possível! Eu só não tô pegando mulher porque não tá aparecendo nenhuma... Agora, ganhando um pouco melhor, nessa cidade grande, logo logo vou estar cheio de gatinhas... (na dúvida) Mas e se eu brochar de novo, como aconteceu com a Nilva? Ai meu Deus! Que vergonha! Não, eu não posso falhar de novo... (convicto) Ah, quer saber? Tô nem aí! Ninguém me conhece mesmo nessa cidade... Vou deixar rolar. Vou fazer tudo que tiver vontade! (e se joga na cama)

Alguns andares abaixo, Bernardo toca a campainha.

LORRAINE: Boa noite, Bernadete!
BERNARDO: Bernadete? Como lembra meu nome?
LORRAINE: Isso não importa. O importante é que apesar de o bico de um pelicano ser uma lâmina afiada, ele só captura um peixe de cada vez. Bobagem, brincadeirinha. Vamos! Entre.

Bernardo entra e senta no sofá.

BERNARDO: Eu estive falando com a Pâmela agora a pouco e descobri que você era a amiga de quem ela tanto falava...
LORRAINE: Pra você ver, querida, como esse mundo é pequeno... Ela me falou de uma amiga que tinha mudado pra Brasília e quando ela falou que era ruiva e tinha cabelos longos, eu falei na hora: é a Bernadete! Só pode ser!
BERNARDO: Bernadete... Você é muito engraçado...
LORRAINE: Engraçada, querida, porque eu não sou sapatão. Eu sofri muito pra virar mulher e não quero voltar a ser homem de jeito nenhum! Até mesmo porque eu não tenho um pingo de masculinidade pra isso...
BERNARDO: Ah, desculpe, não quis ofender.
LORRAINE: Bobagem menina! Quem já passou pelo que eu passei na vida não se ofende com qualquer coisa não... Mas fico muito feliz em te conhecer. Se é amiga da Pâmela, é minha amiga também.
BERNARDO: Então... Eu conheci a Pâmela num momento muito difícil da minha vida e ela estava me mostrando um monte de coisas, me explicando um monte de coisas que não conheço, que não entendo... E na hora que as coisas estavam caminhando a mil maravilhas, tivemos que vir morar aqui... É uma pena.
LORRAINE: Fique tranquila, no que eu puder ajudar, pode contar comigo. Você já faz acompanhamento com psicólogos, a família já sabe de você?
BERNARDO: Nunca fui a psicólogos. Uma vez meu pai tentou me levar, mas eu não quis de jeito nenhum!
LORRAINE: Mas precisa ir. São eles que vão interpretar o seu caso e te orientar, te mostrar que caminho deve seguir.
BERNARDO: Verdade? Já ouvi dizer que os psicólogos tentam fazer a gente virar homem na marra, por isso não quis ir de jeito nenhum...
LORRAINE: Esses são charlatães, normalmente ligados a seitas religiosas, gente que não merece nenhuma credibilidade. Os verdadeiros profissionais vão te ouvir e te aconselhar, só isso. Não vão te obrigar a nada. Você precisa se consultar com aqueles, até porque, na hora da cirurgia de mudança de sexo – Você quer cortar o seu negócio e jogar pro gato, não quer? – São os psicólogos que vão dar o aval pro SUS aprovar a sua cirurgia.
BERNARDO: Entendi. Bom, se é do jeito que você tá falando, eu vou procurar um sim.
LORRAINE: Se quiser eu posso até te indicar algum. Eu faço parte uma ONG LGBT e lá tem psicólogo. Qualquer dia desses te levo lá e te apresento.
BERNARDO: Nossa... Eu agradeceria muito.

Joana vai a um supermercado, na vizinhança, comprar sucrilhos para o café da manhã. Na fila do caixa, está logo atrás de duas mulheres, mãe e filha. Célia é uma mulher de 40 anos, branca, baixa, elegante, de classe média. Jussara tem 19 anos, baixa, cabelos compridos, olhos verdes. É uma garota muito bonita.

Por algum motivo o computador do caixa trava e a atendente aciona a luz vermelha para chamar a chefe de caixa. Alguns instantes se passam. Célia se incomoda e comenta com a filha o constrangimento que sente por estar emperrando a fila.

As duas se viram para trás e seus olhares se cruzam com o de Joana. As três ficam se olhando estáticas.

Continua amanhã...


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Você sabia?

Na terminologia de práticas homossexuais masculinas, também são comuns os termos ativo e passivo - o primeiro correspondente ao homem que realiza a penetração e o segundo correspondente ao homem que é penetrado. No início dos estudos de sexologia, ambos os termos deram margem a muitas confusões entre autores; porque passou-se em princípio a chamar-se ativo o homem que faria o "papel" de homem numa relação homossexual, enquanto passivo seria aquele que faria o papel de "mulher".

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