No capítulo anterior...
- Joana fica encantada por Jussara, enquanto
sua mãe, Célia, sente o mesmo por Joana
- Susette cobra resultados de Bebel, alegando
que seu faturamento não paga nem metade das despesas
- Joel vai ao encontro de Romero, mas não o
encontra. Ele conhece Joel
- Bebel promete se esforçar para obter
resultados e é ameaçada de despejo por Susette
CAP. 105
SUSETTE: Espero
que tenha entendido o recado, mocinha! Aqui ou é dindin na mão, ou rua! Estamos
conversadas?
BEBEL: Sim
senhora.
Bebel sobe as escadas correndo
e entra no quarto.
CARLETE: Nossa,
ela tá jogando duro mesmo, hein?
BEBEL: Você
ouviu? Trabalhei o dia todo feito uma burra de carga e agora ela me diz isso!
Ai que vontade de ir embora!
CARLETE: Calma,
amiga! Não se desespere. As coisas vão melhorar. Acredite. Logo a gente pega o
jeito e começa a faturar e pagar a essa unha de fome. Depois, se for o caso, a
gente arruma outro lugar pra ficar. Ela não é a única aqui na cidade, existem
dezenas de outras cafetinas por aí...
BEBEL
(chorando): Ai que droga! Eu sonhei tanto com essa vinda pra cá, pensava que
iria fazer sucesso, que iria ganhar dinheiro. Tinha que cair justo na mão dessa
megera?
CARLETE: Não
chora amiga. Tudo vai se resolver. Fique calma. (e abraça a amiga)
Lorraine leva Bernardo até a
ONG. Ele fica encantando observando os cartazes pelo corredor, lendo folhetos,
livros e revistas sobre as mesas. Nisso uma senhora entra na sala.
CACILDA: Olá!
Você deve ser o Bernardo, amigo da Lorraine...
BERNARDO: Isso
mesmo. E a senhora?
CACILDA: Eu
sou dona Cacilda, a psicóloga aqui da ONG. (senta e faz sinal para Bernardo se
sentar) Lorraine me falou de você, mas eu queria te conhecer melhor, fazer
algumas perguntas... Posso?
BERNARDO: Sim,
claro.
Bernardo faz um longo relato da
sua vida. Cacilda presta atenção a tudo e de vez em quando anota alguma coisa
na sua prancheta.
CACILDA: Em
que momento você começou a gostar de coisas consideradas femininas?
BERNARDO: Ah,
desde sempre. Desde pequeno eu já gostava de coisas de mulher. Eu vestia os
vestidos da minha mãe, calçava os saltos dela, usava as bolsas, passava
batom...
CACILDA: E
ela deixava?
BERNARDO: Não,
era tudo escondido. De vez em quando ela me pegava no flagra, chamava minha
atenção, dizia que não era coisa de menino. Com meu pai era pior: ele me batia.
CACILDA: Aconteceu
mais de uma vez?
BERNARDO: Sim,
muitas vezes. Toda vez eu apanhava e tinha de prometer que nunca faria de novo.
Mas acabava fazendo... (risos)
CACILDA: Você
não gostava de brincar com os meninos?
BERNARDO: Não.
Eles eram muito brutos, gostavam de lutar, dar pancada, dar chute, gritar. Eu
não gostava disso. Só gostava de brincar com algum menino quando era de
casinha. Ele era o pai e eu, a mãe.
CACILDA: Porque
você gostava de ser justamente a mãe?
BERNARDO: Ah,
porque eu gosto de crianças, gosto de pegar o bebê no colo, fazer dormir, dar
mamadeira, levar pra passear... Ser o pai era muito chato...
CACILDA: E
como você cresceu? Me fale das suas relações na escola, com os colegas...
BERNARDO: Eu
cresci muito sozinho. Os meninos não me aceitavam no grupinho deles. Nem no
pique-esconde, nem no futebol, porque eu era ruim demais. (risos) As meninas
também me rejeitavam, porque eu era o único homem no meio delas. Algumas
ficavam tímidas, sem graça com a minha presença. Mas mesmo assim eu sempre tive
muito mais amigas do que amigos.
CACILDA: Sei.
Me diga uma coisa: você já teve relação sexual com alguma menina?
BERNARDO: Eu
não! Deus me livre!
CACILDA
(admirada): Por que a reação tão negativa?
BERNARDO: Ah,
eu não sinto nada por mulher. O que eu iria fazer com uma mulher na cama? Isso
nem me passa pela cabeça...
CACILDA: Entendo.
Olha Bernardo, eu gostei muito de te conhecer, de ouvir algumas histórias da
sua vida. Se você resolver de fato fazer seu acompanhamento aqui conosco, nós
teremos várias e várias conversas como essa.
BERNARDO: Sim,
eu quero fazer. Já estou decidido.
CACILDA: Você
me pareceu bem à vontade, sem problemas pra falar, pra se abrir. Isso é um bom
sinal. Posso marcar uma nova sessão pra você no começo da semana que vem, nesse
mesmo horário?
BERNARDO: Sim,
pode.
CACILDA: Fico
te aguardando então.
No Parque da Cidade, Gilberto toma cerveja com Joel em um barzinho. Um
pouco depois, percebe a aproximação de Romero, que vem justamente da direção da
mata onde eles se conheceram alguns dias antes.
Quando Romero os vê, está em
cima. Ele fica nitidamente perturbado.
GILBERTO: O
que você tá fazendo aqui?
Continua amanhã...
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Você sabia?
A alta
sensibilidade naturalmente erótica no ânus de qualquer ser humano faz com que
os sexólogos afirmem que não há dados que justifiquem que os homossexuais obtêm
mais prazer sexual que os heterossexuais, embora certos heterossexuais rejeitem
o sexo anal por razões de estética (associação a fezes).
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