No capítulo anterior...
- Helena lamenta a perda do marido e filho,
mas resolve seguir em frente
- Gilberto enfim consegue falar com Romero,
mas ele se irrita
- Romero inventa a história de uma tia doente
e Gilberto acredita
- Joana comenta que Jussara está arredia com
ela e sua irmã desconfia
- Bernardo liga para Pâmela e confessa que
está com medo de se apresentar no Exército
CAP. 118
PÂMELA
(passeando pela praia): Bê, querido, esse será apenas mais um dos muitos
desafios que você enfrentou, só isso. Vai lá, com fé, e pegue o boi pelo
chifre. Logo você se acostumará com o meio militar...
BERNARDO: Sinceramente,
preferia pular esse desafio. Aqueles homens são muito brutos, muito ignorantes.
Eu fui criado cercado de militares, sei bem como é esse pessoal...
PÂMELA: Eu
queria muito te ajudar, meu caro, mas acho que esse é um desafio que só você
pode vencer... Mas, por outro lado, pare de sofrer por antecipação. Deixe as
coisas acontecerem.
BERNARDO: Está
bem, vou tentar me lembrar dos seus conselhos quando estiver lá. Beijos. (e
desliga)
No seu quarto, Gilberto conta a
Joel todo o episódio do sumiço de Romero.
JOEL: E
você acreditou nessa historinha que ele contou?
GILBERTO: Acreditei,
oras. Porque ele haveria de mentir pra mim?
JOEL: Gilbertina,
deixa de ser ingênua bichinha! O cara te fez de trouxa e você ainda tá ainda
acreditando na patacoada dele?
GILBERTO: Porque
você tem tanta certeza disso? Você sabe de alguma coisa que eu não sei?
JOEL: Não,
Gilda! Eu não sei de nada. Mas tá na cara que esse Romero tá te fazendo de
otário! Essa desculpa de levar tia em médico é mais velha do que andar pra
frente. Só uma pessoa ingênua como você pra acreditar numa mentira dessas...
GILBERTO: Eu
não sei, mas eu não consigo ver as coisas com essa maldade que você vê... Não
entendo por que motivo o Romero iria mentir pra mim. Se ele não quisesse me
levar, era só não me convidar. Ou então, se acontecesse alguma coisa de última
hora, era só ter me ligado e dizer que aconteceu um imprevisto. Eu iria
entender.
JOEL: Eu
já te falei, abre o teu olho, gente de cidade grande é muito diferente. (pausa)
Mas eu tô entendendo... Você tá apaixonado por esse cara, por isso que não
enxerga a realidade.
GILBERTO: Apaixonado,
eu?
JOEL: É.
Você tá caidinho por esse cara. Se não a sua fichinha já tinha caído há muito
tempo...
GILBERTO: Tá
doido? Eu não sou de me envolver assim, tão facilmente, não...
JOEL: E
como vocês ficaram depois desse episódio todo?
GILBERTO: Ele
disse que não poderia falar porque estava muito cansado. Amanhã vou ligar pra
saber como ele está.
JOEL: De
jeito nenhum, Gildete! Você não vai ligar pra ele! Faz jogo duro. Se quiser,
ele que ligue!
GILBERTO: Mas
e se ele não ligar?
JOEL: Se
ele não ligar, dane-se! É mais uma prova de que ele tá mentindo e não quer nada
com você, sua tonta!
GILBERTO: Mas
será que eu devo sair fora assim, sem dizer nada? Acho que devia pelo menos dar
uma satisfação...
JOEL: Gilda,
eu aposto meus cinco dentinhos da frente como você tá completamente apaixonada
por esse salafrário. E te digo mais: você vai sofrer, e muito, nas mãos desse
cara se não abrir o teu olho logo.
GILBERTO: Você
acha?
JOEL: Eu
tenho certeza.
No posto de gasolina, Joaquim
(montado de Bebel) e Xantara caminham entre os caminhões enquanto conversam.
XANTARA: Então
aquele seu plano de ficar por aqui algum tempo complicou... Se você não vai
ficar na casa dos seus pais, vai ficar aonde?
BEBEL: Então,
aí é que o bicho pega, mona... Eu não tenho onde ficar aqui. E também nem tô
fazendo questão de ficar. Depois da merda que deu lá em casa, depois do
problema que eu arrumei pra minha mãe, a minha vontade é de sumir no mundo e
nunca mais voltar aqui.
XANTARA: Viado,
mas tu deu a maior sopa pro azar! Que ideia foi essa de atender o bofe bem no
alpendre da sua casa?
BEBEL: A
merda quando tem de acontecer, não tem jeito... Era tarde da noite, a casa tava
toda apagada. Como é que eu ia imaginar que o brucutu do meu pai tava no boteco
enchendo o chifre e ainda não tinha chegado da rua? Achei que ia ser tudo
tranquilo... De repente o brucutu aparece lá, do nada e pegou a gente com a
boca na botija. Quer dizer, eu, né?
XANTARA: Ai
mona! Só você mesmo pra me aprontar uma presepada dessas... Seu pai pegou a
trouxa e se mandou mesmo?
BEBEL: Pois
é, essa foi a pior parte da história. Eu tô me sentindo culpadésima por isso...
Coitada da minha mãezinha... Ela não merecia isso. Se meteu nessa enrascada
toda só pra me defender...
XANTARA: Mas
você acha que ele foi embora mesmo? Ou será que só fez um charme e depois
volta?
BEBEL: Olha,
conhecendo o brucutu com eu conheço, eu aposto minha blusinha de lantejoula
como ele não volta de jeito nenhum...
XANTARA: Coitada
da sua mãe... Apesar de ser uó, como você diz, pelo menos ele sustentava a
casa, né? Agora a responsabilidade vai ficar toda nas costas dela... Seus
irmãos trabalham?
BEBEL: Só
o mais velho, o Romeu. Ele é mecânico numa oficina mecânica. A Rosa e o Lindomar
não trabalham, só estudam.
XANTARA: E
a senhora, que é a mais nova, trabalha fazendo avenida?
BEBEL: É,
isso mesmo. Digamos que eu sou uma profissional... Do sexo.
XANTARA: E
sua mãe é costureira, né? Coitada. Se o seu pai não voltar, ela tá lascada!
BEBEL: E
isso não é tudo... Eu fiz outra merda lá que vai deixar a minha mãe irada!
Corta rápido para o quartinho
de costura de Helena.
ROMEU
(entrando): Mãe, a senhora viu o meu notebook que tava em cima da mesa da sala?
Continua amanhã...
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Você sabia?
Em 1948
e 1953 Alfred Kinsey relatou que cerca de 46% dos indivíduos do sexo masculino
tinha "reagido" sexualmente a pessoas de ambos os sexos ao longo de
sua vida adulta e que 37% deles tinham tido pelo menos uma experiência
homossexual. A metodologia de Kinsey foi criticada. Um estudo mais recente
tentou eliminar o viés de amostragem, mas mesmo assim chegou a conclusões
semelhantes.
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