No capítulo anterior...
- Bernardo se encanta com o nome Betina e
decide que esse será seu nome feminino
- Lorraine descobre que Bebel está fazendo
aplicações de silicone industrial em seu corpo
- Ela alerta a amiga para os perigos que isso
representa e ameaça expulsá-la de sua casa
- Bebel se convence com as palavras de
Lorraine e promete não usar mais esse tipo de produto
- Depois do carnaval, Gilberto procura o
síndico do prédio e pede demissão
CAP. 171
SÍNDICO: Mas,
demissão, já? O que houve? Alguém te tratou mal, fez alguma coisa que você não
gostou?
GILBERTO: Não
é nada disso seu Lalo, é que eu tô pensando em mudar de cidade. Acho que eu não
me adaptei muito bem aqui em Brasília, acho que é isso.
SÍNDICO: Mas,
como assim? Até outro dia atrás você tava satisfeito... Todo mundo aqui gosta
muito de você... Só recebo elogios...
GILBERTO: Pois
é, mas eu recebi a proposta de um primo pra passar uma temporada em São Paulo.
Ele vai me dar uma força lá, entende?
SÍNDICO: Bom,
não adianta ficar aqui insistindo né? Pelo visto você tá muito seguro da sua
decisão e nada que eu disser não vai te fazer mudar de ideia não é mesmo?
GILBERTO: É,
seu Lalo, é isso mesmo. Eu agradeço por tudo, pela forma como me receberam
aqui, pela força que me deram, mas eu preciso aproveitar essa oportunidade.
Também estou aqui longe da família, isso não é fácil... Lá, pelo menos vou
ficar junto com meu primo, vou ter mais oportunidades.
SÍNDICO: Bom,
como você ainda tá em período de experiência, nem será preciso cumprir aviso
prévio. E por outro lado, não que eu esteja torcendo contra, mas se alguma
coisa der errado lá e você quiser voltar, é só me avisar que a gente dá um
jeito de te recolocar aqui. Tá certo?
GILBERTO: Sim
senhor. Eu agradeço muito.
SÍNDICO: Eu
vou pedir ao contador para providenciar o seu acerto. Só me dá um tempinho pra
telefonar pra ele e já te aviso quando você pode passar lá pra receber. Ok?
GILBERTO: Ok.
Mais uma vez, muito obrigado, seu Lalo.
Na parte da tarde, Joana e
Célia se encontram no motel. Elas conversam na cama.
JOANA: Puxa!
Você não imagina o quanto eu senti a sua falta. Esses dias pareceram uma
eternidade...
CÉLIA: Nem
me diga! Pra mim foi a mesma coisa. Aquele pessoal me chamando pra piscina, pra
festar, pra beber... E eu só pensando em vir embora pra te encontrar... Se a
Jussara não fosse tão chata, eu teria te levado junto.
JOANA: Ah,
mas isso não ia prestar... A gente ia dar bandeira lá e colocar tudo a
perder...
CÉLIA: Verdade.
Nem sempre a gente pode fazer tudo que tem vontade... O lado bom é que já
passou e já estamos aqui, juntas novamente.
JOANA: Acho
melhor a gente aproveitar esse tempinho que temos juntas pra fazer coisas mais
interessantes...
CÉLIA: Sabe,
tenho pensando muito numa coisa ultimamente...
JOANA: Que
coisa? Posso saber?
CÉLIA: Eu
ando pensando seriamente em me separar do meu marido. Nosso casamento já deu o
que tinha de dar... Sabe o que é você viver infeliz ao lado de uma pessoa? A
gente só tá junto por causa das crianças. Se bem que, criança é força de
expressão né? Já estão todos quase adultos, são perfeitamente capazes de
entender o que acontece entre eu e o pai deles.
JOANA: Imagino
que essa não seja uma situação nada agradável...
CÉLIA: Pois
é. Há um bom tempo venho representando esse papel de mãe de família, esposa
dedicada... Mas as verdade é que não vejo a hora de pular fora disso. Quem sabe
eu não alugo um apartamentinho pequeno, só pra nós duas?
JOANA: Puxa!
Você teria coragem?
CÉLIA: E
porque não? Eu não aguento mais viver infeliz nesse casamento. Desde que
comecei a experimentar o sexo com mulheres, há uns três anos, não tenho mais
vontade de ficar com o meu marido. Ele também nem me procura... E quando
procura, pra mim é um sacrifício ter que ficar com aquele homem contra a
vontade... Esfriou geral, entende?
JOANA: Nossa!
Deve ser ruim mesmo...
CÉLIA: É
do jeitinho que você falou: uma coisa mecânica, sem graça, que você fica louca
pra que acabe logo pra você se livrar daquela situação... E depois que te
conheci e comecei a ficar com você, tudo mudou. Eu me sinto renovada, com
vontade de recomeçar, de ser feliz... Mas pra isso preciso me libertar dessa
situação...
JOANA: Eu
te entendo. Eu também sentia essas coisas quando me envolvia com rapazes...
CÉLIA: Mas
tem um problema nessa história: você é muito novinha. Não é independente o
suficiente pra assumir um relacionamento. Tenho certeza que teremos muitos
problemas se resolvermos assumir esse relacionamento.
JOANA: Isso
é verdade... O bicho vai pegar geral...
Ambas ficam pensativas por
instantes.
CÉLIA: Bom,
enquanto esse momento não chega, vamos curtir o momento? Acho que é o melhor
que a gente pode fazer.
As duas tomam cerveja e brindam
o reencontro.
CINCO DIAS DEPOIS...
Um Boeing aterrissa no
Aeroporto de Congonhas. No desembarque, logo ao lado das esteiras, Reynaldo
aguarda ansioso pela chegada de Gilberto.
Instantes depois, Gilberto
adentra o salão, meio perdido, admirado com tudo à sua volta.
REYNALDO: Meu
amor! Que saudade!
Reynaldo se aproxima e lhe dá
um beijo na boca. Gilberto congela.
Continua amanhã...
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Você sabia?
A
Rebelião de Stonewall foi um conjunto de episódios de conflito violento entre
gays, lésbicas, bissexuais e transgêneros e a polícia de Nova Iorque que se
iniciaram com uma carga policial em 28 de Junho de 1969 e duraram vários dias.
Tiveram lugar no bar Stonewall Inn e nas ruas envolventes e são largamente
reconhecidos como o evento catalisador dos modernos movimentos em defesa dos
direitos civis LGBT. Stonewall foi um marco por ter sido a primeira vez que um
grande número do público LGBT se juntou para resistir aos maus tratos da
polícia para com a sua comunidade, e é hoje considerado como o evento que deu
origem aos movimentos de celebração do orgulho gay.
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