No capítulo anterior...
- Janistélia sai apressada em direção à Célia
e Joana. Jussara se recusa a ir até a mãe
- Jussara conta ao irmão sobre a paixão de
Joana por ela e justifica seu afastamento
- Joana percebe a atitude de Jussara. Célia
tenta fazê-la ignorar a atitude
- Bernardo se oferece para ajudar Lorraine
nas tarefas domésticas
- Célia e Joana vão ao motel. Ao chegar em
casa Jussara cobra explicações de Célia
CAP. 158
CÉLIA: “Aquela
sujeita” a quem você se refere é a Joana?
JUSSARA: É
essazinha mesmo. Não sabia que a senhora tinha virado amiguinha dela...
CÉLIA: Filha,
a Joana é uma ótima menina. Não foi à toa que sempre incentivei a sua amizade
com ela.
JUSSARA: Eu
não entendo isso, eu não suporto a cara daquela criatura e a senhora vai pro
shopping pra ficar de trol-lo-ló com ela...
CÉLIA: Eu
não sou obrigada a virar inimiga das pessoas só porque você não gosta delas...
Você é você e eu sou eu...
JUSSARA: Mãe,
vamo combinar né? Aquela garota tem idade pra ser sua filha... Não tem nada a
ver a senhora ficar de ti ti ti com ela como se fossem duas adolescentes...
CÉLIA: Jussara,
eu dedico a minha atenção a quem eu acho que devo... E como eu insisto em
dizer, a Joana é uma ótima menina e uma companhia muito agradável. Você mesma
sabe disso, afinal, fizeram muitos programas juntas...
JUSSARA: Mãe,
você tá esquecendo de uma coisa: a Joana é lésbica, ela gosta de mulher, tem o
pé grande, como diz o Joselito. A senhora acha que essa garota realmente é a
pessoa mais indicada pra se ter no nosso círculo de amizades?
CÉLIA: Eu
não acredito que tô ouvindo isso de você. Eu não sei de onde você tirou esse preconceito
todo, porque que eu me lembre, nunca te ensinei a julgar as pessoas dessa
forma. Jussara, você é uma menina jovem, que vive num mundo moderno, em nível
social elevado. Filha, você precisa se despir desses preconceitos bestas. Isso
é coisa de gente ignorante, sem informação, sem instrução. Não é coisa de uma
menina que sempre estudou nos melhores colégios, sempre frequentou as melhores
festas, sempre teve tudo do bom e do melhor...
JUSSARA: Ah
mãe! Já vi que essa conversa não vai dar em nada... Tá bom continue amiga
daquela lá. Pra mim deu! (e sai irritada)
CÉLIA: Jussara,
volte aqui! Volte aqui que eu não terminei! (para si mesma) Que isso? Essa não
é a menina que eu criei...
Cai a noite...
Bebel faz ponto na avenida. Ela
circula de um lado para outro observando os veículos que vão e voltam.
Nisso um carro para.
MOTORISTA: Vamos
dar um rolé, gata?
BEBEL: Eu
não dou rolé, gato, eu faço programa. Se você quiser a gente pode combinar tudo
antes: valor, local, duração, tudo explicadinho, nos mínimos detalhes.
MOTORISTA: Tá
bom, já entendi. Vamos fazer isso então. Entra aí. Mas vamos logo, porque se
tiver difícil demais eu vou procurar outra. Porque se você reparar, o que não
falta aqui são opções. Olha o tanto de amigas suas aí, todas querendo a mesma
coisa...
Bebel hesita, mas acaba
entrando no carro.
Eles seguem para o motel.
Gilberto e Reynaldo chegam ao
hotel para mais uma noite.
REYNALDO: Me
diga, meu mineirinho gostoso, você gostou do nosso jantar de hoje?
GILBERTO: Gostei,
apesar de que tinha umas coisas lá que eu nem sabia o quer era direito...
REYNALDO: Que
nada, um jantarzinho simples. Aliás, escolhi aquele justamente pra te agradar.
GILBERTO: Eu
não sou acostumado com lugares chiques como aquele. Eu morava na roça, comia
comida feita no fogão de lenha, feita com as coisas que a gente colhia lá na
roça mesmo... Não tinha essas carnes chiques, essas coisas diferentes...
REYNALDO: Verdade
que não sua casa tem fogão de lenha?
GILBERTO: Tem.
Quando a gente foi morar na cidade minha mãe fez questão que meu pai fizesse
duas cozinhas: uma junto com a casa, igual a que todo mundo tem na cidade, e
uma cozinha separada, onde pudesse por o fogão de lenha. Minha mãe fala que os
biscoitos e os bolos assados no fogão de lenha são muito melhores e saborosos
do que os assados no fogão à gás...
REYNALDO: É
verdade, sua mãe sabe das coisas... Minha avó também fala a mesma coisa... Você
falando assim, dá vontade de conhecer a sua casa lá no interior...
GILBERTO: Por
mim até te levaria lá, mas tem o meu pai, que é um tremendo de um ignorante.
Não sei como ele te receberia, entende? Espero que não fique chateado comigo...
REYNALDO: Não,
tudo bem. Falei por falar. Agora que me lembrei que você falou que não se dá
muito bem com o seu pai... Mas, deixa pra lá... Se rolasse seria bom, mas se
não rolar, não tem problema. Vamos tomar nosso banho pra dormir?
GILBERTO: Vamos
(e entram para o banheiro)
Depois do programa, Bebel
retorna ao seu ponto. O motorista estaciona.
BEBEL: Você
tá enrolando desde que a gente saiu do motel e não me deu a minha grana até
agora. Você pode me dar meu dinheiro por eu tenho pressa?
MOTORISTA: Que
dinheiro gata? Eu te chamei pra dar um rolé, você aceitou. Eu paguei motel,
paguei cerveja pra você, te peguei aqui, te trouxe e você ainda quer me cobrar?
Bebel fica estática, irada com
a reação do cliente.
Continua amanhã...
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Você sabia?
Ainda
dentro das explicações psicológicas, estudos iniciados por Harry Benjamin
mostraram ao longo de décadas de estudos que o tratamento psiquiátrico é
ineficaz para tratar ("curar") a homossexualidade, por exemplo,
servindo apenas como terapia de apoio.
Uma
crítica em relação a essas tentativas de explicação é o seu foco em explicar a
homossexualidade e pouco se preocuparem em explicar a orientação sexual em
geral, e a heterossexualidade em particular.
Para ler os capítulos anteriores, acesse:
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