No capítulo anterior...
- Bernardo estranha a intempestividade do
rapaz que o beija, mas se deixa levar
- Airton e Gerson assistem tudo à distância e
comentam as últimas atitudes de Bernardo
- Um homem idoso propõe a Bebel sair para um
programa. Ela desdenha, mas aceita
- O clima entre Bernardo e o fortão esquenta
e o rapaz percebe que há algo estranho
CAP. 168
FORTÃO
(apalpando novamente): Que brincadeira é essa? Que palhaçada é essa aqui?! Você
não é mulher? Você é um cueca igual eu?!
BERNARDO
(apurado): Você não perguntou nada... Já veio me beijando... Eu/
FORTÃO
(cortando e cuspindo): Eu não acredito numa merda dessas! Eu tava beijando um
macho! Ai que nojo! (cuspindo)
BERNARDO: Me
desculpe. Eu não.../
O fortão interrompe sua fala
dando-lhe um murro na cara. Bernardo cai. Em seguida o rapaz lhe aplica vários
chutes e vários socos. Um tumulto se forma no salão. Airton e Gerson assistem
tudo à distância.
AIRTON: Eu
não vou me meter nisso. Deixa o pau cair a folha...
GERSON: E
o Bernardo? Por onde ele anda? Ele não tava ali naquele canto com o saradão?
AIRTON
(reparando): Eitia! Não é o saradão que tá brigando? Se ele que tá brigando, o
Bernardo pode estar no meio da confusão!
GERSON: Vamos
lá! Vamos ver! Corre!
Os dois saem apressados.
Antes que cheguem ao ponto do
tumulto, os seguranças já dominam o fortão e o expulsam do salão. Enquanto
isso, outros dois seguranças ajudam Bernardo a se levantar do chão. Os irmãos
chegam.
AIRTON: Bernardo!
O que houve?
SEGURANÇA 1: Aquele camarada tava espancando ele. Mas já
tá tudo bem, a gente botou o cara pra fora.
GERSON: Você
tá bem, Bernardo?
SEGURANÇA 2: Ele é seu amigo?
GERSON: Ele
é meu irmão...
SEGURANÇA 1: Acho melhor vocês levarem ele pra casa. Acho
que a noite pra ele acabou.
AIRTON: Você
tá bem, meu irmão?
BERNARDO: Agora
tô.
Gerson e Airton amparam
Bernardo, que tem dificuldade para andar e está com um filete de sangue
escorrendo pela boca.
GERSON: Melhor
a gente voltar pro hotel. Essa noite já deu o que tinha de dar.
AIRTON: Será
que não é melhor a gente ir até um hospital, ver se teve alguma consequência
mais séria?
BERNARDO: Não,
eu tô bem. Foi só o susto.
AIRTON: Mas
o que houve? Porque o cara te bateu? Vocês não tavam se beijando até uns
minutos atrás?
BERNARDO: Sei
lá o que deu naquele maluco... O cara praticamente me agarrou à força, me
beijou, me arrastou pro canto... Depois de uma hora pra outra começou a me
espancar.
GERSON: Ele
descobriu que você não era mulher, não foi?
BERNARDO: Acho
que foi... Quer dizer, foi, foi isso sim... Mas eu pensava que ele sabia desde
o início...
AIRTON: Que
nada! Só de olhar pra aquele cara dava pra ver que ele tava chapado de tão
bêbado, certamente nem prestou atenção...
BERNARDO: Vamos
embora, eu só quero sair daqui. Não aguento mais esse povo todo me olhando...
GERSON: Vamos
sair daqui. No hotel a gente conversa melhor.
Eles saem do salão sob o olhar
admirado das pessoas.
Enquanto isso, no motel em
Brasília...
Bebel termina o programa com o
cliente. Ela demonstra certa impaciência, porque agora vem o momento mais
delicado: a hora de receber pelo trabalho.
CLIENTE: Puxa,
menina! Você realmente é muito boa no que faz...
BEBEL: Eu
cumpri a minha parte no trato, fiz tudo direitinho, não fiz? Agora chegou a
hora de você cumprir a sua parte...
CLIENTE: Pode
ficar tranquila, eu não me esqueci não.
O cliente tira a carteira do
bolso da calça, pega várias notas de cem reais e entrega a Bebel.
CLIENTE: Isso
paga o seu trabalho?
BEBEL
(admirada): Pagar? Paga... Claro que paga. Mas, o senhor tem certeza que não
errou nas contas? Aqui tem muito dinheiro... (contando as notas) Isso é quase
três vezes mais do que eu cobrei...
CLIENTE: Não
errei nas contas não. É que eu gosto de recompensar que trabalha bem... Eu não
te disse que se trabalhasse direitinho e tivesse paciência você não iria se
arrepender? É todo seu.
BEBEL: Nossa!
Muito obrigado mesmo. Precisando de novo, é só me procurar...
CLIENTE: É
uma pena que as oportunidades como essa sejam tão raras na minha vida. É muito
difícil eu ficar sozinho em casa como nesse feriadão. Mas se acontecer de novo,
eu te procuro sim... Vamos?
BEBEL: Vamos.
Mas, se você quiser ficar mais e aproveitar, eu posso ficar...
CLIENTE: Não,
não... Eu já me diverti bastante por hoje. Vai ficar pra uma próxima
oportunidade mesmo. Vamos?
BEBEL: Então
tá. Vamos nessa.
Airton e Gerson adentram a suíte
dos pais amparando Bernardo. O casal leva um susto.
LOURDES: Filho,
o que houve? O que fizeram com você?
JUAREZ: O
que aconteceu? Quem te deixou nesse estado?
AIRTON: Foi
um cara que bateu no Bernardo lá no baile de carnaval.
JUAREZ: Bateu?
Como assim? E vocês ficaram de braços cruzados e não fizeram nada? Deixaram o
cara bater na sua irmã?
Todos se voltam para Juarez,
admirados.
AIRTON: Pai,
o senhor falou “irmã”?
Close em Juarez, que fica sem
resposta.
Continua segunda-feira...
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Você sabia?
Estudos antropológicos também comprovaram que existem formas
institucionalizadas de homossexualidade entre diversos índios da América do
Norte, em tribos africanas, da Oceania e da Sibéria. Na tribo sudanesa dos
bobo-nienequés, viúvas estéreis podiam comprar uma noiva e desposá-la na forma
tradicional. O status da noiva, por sua vez, até então inferior nessas tribos,
melhorava consideravelmente com o papel de "marido" e mais ainda
quando a "esposa" engravidava por meio de um amante do sexo masculino
que todos fingiam ignorar.
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