18 de novembro de 2011

GLS TEEN - CAP. 5



No capítulo anterior...
Avenor expulsa Gilberto de casa com grosseria
Catarina tenta intervir mas o marido ameaça expulsá-la também
Gilberto parte para o Parque da cidade e ali pernoita
Joana chega em casa de madrugada com hálito de cerveja
Ela é irônica e por pouco não é agredida por Tatão
Gilberto é despertado no estábulo por um estranho

CAP. 5

PEÃO: Vamos, rapaz, responde! Parece que viu fantasma...
GILBERTO: O senhor é o dono daqui? Desculpe, eu não queria incomodar. Já estou indo embora.
PEÃO: Não sou o dono de nada, sou empregado do dono... Você tá muito estranho, o que tá fazendo com essa trouxa de roupa suja?
GILBERTO: Fui expulso de casa pelo meu pai. Melhor sumir no mundo porque daqui a pouco a cidade inteira vai estar sabendo de tudo.
PEÃO: Sabendo de quê?
GILBERTO: Prefiro não falar disso... Nem me lembre... (pensativo) Sabe como posso fazer para sair dessa cidade o mais rápido possível?
PEÃO: Meu patrão está indo pra Ipatinga daqui a pouco. Posso falar com ele pra ver se pode te dar uma carona.
GILBERTO: Se puder fazer isso por mim, eu agradeço muito.

No Recife, Juarez comenta com a esposa sobre a conversa com a Coordenadora do colégio.

JUAREZ: A coordenadora me passou o cartão de um psicólogo. Disse que está na hora da gente procurar ajuda especializada. Do jeito que ela falou, parece até que o nosso filho tem uma doença. Você acha mesmo que é o caso procurar esse psicólogo?
LOURDES (servindo o café): Ela deve ter mais experiência que nós. Se acha que a solução é essa, quem somos nós para questionar?
JUAREZ: Sabe, no fundo eu tinha uma esperança que tudo isso fosse passar um dia. Achava que quando crescesse o Bernardo esqueceria aquelas brincadeiras de boneca, de usar roupa se mulher, salto alto... Acho que estava errado. Por mais que tente me enganar, a verdade está aqui, batendo na minha porta, dia após dia.
LOURDES: Também pensava como você... Não é fácil, não é fácil... Que mãe está preparada para uma realidade dessas? Me diga...
JUAREZ: Não entra na minha cabeça essa história de ter filho homossexual. Já imaginou como é que vai ficar a minha situação no quartel? Toda vez que passar os meus subordinados ficarem olhando e rindo, comentando que eu tenho um filho gay? Tenho medo até de perder o respeito da tropa...
LOURDES: Isso não vai acontecer, Juarez, você é um comandante, é uma autoridade naquele batalhão. Se comentarem alguma coisa vai ser longe das suas vistas. É aquela velha história: o que os olhos não veem o coração não sente. Mas também fico preocupada com isso... Nenhuma família fica feliz ao descobrir que tem um filho homossexual. Fico pensando no futuro dele, o quanto o coitadinho vai sofrer, vai ser humilhado. Imagina tudo que já passamos até hoje... E isso não é nada perto do que está por vir...
JUAREZ: E se a gente mandasse o Bernardo pra fazer um curso fora, um intercâmbio no estrangeiro?
LOURDES: Tá louco? Está querendo se livrar do nosso filho como se fosse um pacote descartável? De jeito nenhum! Venha o que vier eu quero estar ao lado dele. Imagine só o coitado passando por todas essas dificuldades, sozinho, lá do outro lado do mundo... Nem pensar!
JUAREZ: É, tem razão... Fui infeliz na minha colocação. O jeito é a gente encarar esse problema de frente. Mas, e o Bernardo, será que vai topar essa tal consulta com o psicólogo? (se olham apreensivos)

Em Belém, caminhando por entre as bancas do mercado Ver o Peso, Joaquim encontra Xantara, uma travesti que é sua amiga. Ele se solta...

JOAQUIM: Mona, preciso te contar um bafão fortíssimo.
XANTARA: Conta, viado, que já estou em cólicas aqui. Algum bofe iscândalu na área?
JOAQUIM: Bicha, aquele bofe meu pai é uóóóóóóó! Imagine que eu achei umas revistas com um monte de travas, belíssimas, daquelas americanas, todas siliconadas, um luxo sabe?
XANTARA: Conta, biba, daí seu pai tomou as revistas pra ele? Concorrência com a filhinha?
JOAQUIM: Antes fosse, querida.... Antes fosse. O bofe uó queimou todas as minhas revistas e ainda ameaçou me dar uma curra...
XANTARA: Biba, você tem que dar seu “independence gay”, o seu grito de liberdade. Você já é maior de idade, tem de ser dona do seu lindo narizinho arrebitado... Enquanto você viver embaixo das asas do papai, não vai passar disso que você é hoje: uma bichinha recalcada.
JOAQUIM: Já pensei nisso mona, mas não é tão simples assim...
XANTARA: Claro que é, querida. Olha pra mim: sou linda, loira e abusada. Não dependo de ninguém. Com essa idade que você tem, com esse corpinho que você tem, nêga, você pode se dar muito bem. Conheço pencas de viadinhos que estão arrasando em São Paulo...
JOAQUIM: São Paulo... Ai, meu sonho, bicha! Do jeito que vocês falam, parece que lá é o paraíso... É o lugar perfeito pra viver feliz, longe daquele brutucu do meu pai...
XANTARA: Junta um aqué, bunita. Quando for pra lá, te levo pra passear... A senhora vai arrasar!
JOAQUIM: Senhora, não, senhorita, porque ainda estou solteira. (risos debochados)

O peão conversa com o patrão e este concorda em dar uma carona para Gilberto.

GILBERTO: Então ele me leva? Que bom! Tudo que eu preciso é sair dessa cidade o mais rápido possível.
PEÃO: Sim, vai te dar a carona. É aquela caminhonete vermelha ali (e aponta). Pode ficar lá do lado que ele não demora partir.

Gilberto fica contente. Recompõe-se e rapidamente caminha para o veículo.

FAZENDEIRO: Dia, rapaz! Então é você que tá querendo uma carona pra Ipatinga?
GILBERTO: Eu mesmo. O senhor pode me dar essa força?
FAZENDEIRO: Posso. Mas primeiro você vai me contar porque o seu pai te expulsou de casa.
GILBERTO: Sabe o que é, é que... Eu não queria falar sobre isso, o senhor me entende?
FAZENDEIRO: Não. Não entendo. Ou me conta essa história ou nada de carona!

Gilberto fica constrangido.

Continua amanhã...


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Você sabia?

Segundo a Psicologia existem três “orientações sexuais”: heterossexual, bissexual e homossexual.

Nos próximos capítulos, explicaremos cada uma delas.
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