No capítulo anterior...
Juarez é chamado ao colégio por causa do
batom de Bernardo
Ele se irrita com o filho, mas a Coordenadora
tenta acalmá-lo
Joana e seus irmãos vão a uma festa. Ela
desobedece a ordem de seu pai
Seus irmãos partem enquanto Joana curte a
noite sozinha
Joaquim folheia revistas pornográficas de
travestis
Seu pai descobre as revistas e exige
explicação
CAP. 3
RONALDO: Vamo,
moleque, tô esperando a sua explicação! Ou eu vou ter de amaciar o seu coro pra
você me explicar de onde tirou essa sem-vergonhice toda?
JOAQUIM: Eu
achei essas revistas no lixo e fiquei curioso pra ver, só isso.
RONALDO: E
você acha certo trazer essas bandalheiras pra dentro da sua casa? Não respeita
a sua mãe, seus irmãos pequenos, ninguém?
JOAQUIM: Eu
ia jogar fora, pai... Só ia ver e jogar fora.
RONALDO: Você
não tem vergonha na cara não? Ao invés de olhar revista de mulher pelada você
fica olhando é essas bandalheiras aqui, essas mulheres de penca? (e antes da
resposta) Eu vou te falar uma coisa, moleque: eu tô de olho em você. Se tu
pisar um centímetro fora da linha, eu te quebro no porrete. Hoje vai passar,
mas da próxima vez que você pisar na bola, eu te arrebento.
Ronaldo sai com as revistas,
vai até o quintal e ateia fogo nelas usando um isqueiro. Ali permanece até que
todas se queimem por completo.
Enquanto isso, no Recife,
Bernardo aguarda apreensivo no corredor, sem poder ouvir a conversa que
acontece no interior da sala.
COORDENADORA: Seu Juarez, imagino o quanto é difícil para o
senhor, enquanto homem, pai, de formação militar rígida como eu sei que é,
lidar com toda essa situação...
JUAREZ: A
senhora não imagina, minha cara chega a queimar de vergonha. Um homem na minha
posição, comandante de um batalhão, ser chamado na escola porque o filho, um
rapagão de 18 anos, que deveria ser um exemplo de macheza, está usando batom na
escola! Isso é um pesadelo, só pode!
COORDENADORA: Acho que chegou a hora de encarar a
realidade. Por mais que tente fugir dela, a verdade é uma só: Bernardo não é um
rapaz como os outros. O senhor sabe, não é a primeira vez que o senhor ou a sua
esposa são chamados aqui. Embora seja um excelente aluno, o Bernardo é
diferente...
JUAREZ: Já
me perguntei várias vezes onde foi que eu errei na educação desse menino, mas
não encontro respostas. Sempre fiz tudo que um pai pode fazer para seus filhos.
Tanto que o Gerson, o Airton e a Simone não me dão problemas, são excelentes
alunos e a senhora sabe muito bem disso. Não sei o que esse menino tem na
cabeça...
COORDENADORA: O senhor não fez nada de errado. Sabemos que
é um excelente pai e seus filhos vivem numa família muito bem estruturada. O
senhor simplesmente está diante de uma situação inusitada, para a qual nenhuma
família está preparada. Talvez seja por isso que o melhor que o senhor tenha a
fazer é procurar uma ajuda especializada. Vou lhe dar o contato de uma pessoa
que certamente poderá lhe ajudar. (tira um cartão da gaveta e lhe entrega)
Juarez se despede e sai da
sala. Bernardo o acompanha, mudo.
Em Joanésia, Gilberto sobe a
imensa ladeira que dá acesso à sua humilde casa. Chove desde o início da noite.
O rapaz está pensativo e não consegue tirar da cabeça o que lhe acontecera
horas antes na cachoeira. A relação sexual com “Boneca” fora sua primeira vez
depois de homem feito. Antes só tinha experimentado as brincadeiras de criança.
Ele sente um misto de emoções: alegria por ter perdido a virgindade e vergonha
por isso ter acontecido com uma pessoa do mesmo sexo que o seu.
Mas logo suas divagações são
interrompidas...
Quando sobe a escada do
alpendre, percebe seu pai de pé em frente à porta. Sua expressão não é das
melhores.
GILBERTO: Pai?/
E antes que pergunte qualquer
coisa, Avenor lhe atira uma trouxa de roupa nos peitos.
AVENOR: Some
daqui seu pederasta safado, que eu não quero ver sua cara nunca mais na minha
frente!
A trouxa se desfaz espalhando
as roupas pelo chão enlameado. Gilberto fica atônito.
Continua amanhã...
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Você sabia?
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