4 de agosto de 2011

Saíba mais sobre "Fina Estampa", nova novela das nove:

Confira o clipe de lançamento da novela, e em seguida entrevistas com o autor e diretor falando sobre a novela:

Um papo com Aguinaldo Silva

O pernambucano Aguinaldo Silva nunca havia pensado em ser dramaturgo. Os dez anos como editor das seções de polícia e cidade do jornal O Globo (1968 a 1978), porém, despertaram no jornalista uma vontade de escrever de maneira diferenciada sobre aquele universo. Foi assim que surgiu o seriado ‘Plantão de Polícia’, de 1979, marcando a estreia do autor na televisão e revelando um novo olhar sobre a sociedade e uma visão mais humanizada sobre quem estava à margem dela.
Alguns seriados depois, Aguinaldo escreveu a primeira minissérie da televisão brasileira, ‘Lampião e Maria Bonita’ (1982). Foi o início de uma série de trabalhos, como ‘Bandidos da Falange’(1983), ‘Padre Cícero’(1984) e ‘Riacho Doce’ (1990), que retratavam, de forma inédita, temas mais urbanos, regionalistas e religiosos.
A partir de 1984, o autor inicia uma trajetória de sucesso no horário nobre com suas tele novelas. Aguinaldo é o único autor cujas obras sempre foram exibidas nesta faixa. Conhecido também por trabalhar com o realismo fantástico, o pernambucano foi o criador de novelas como ‘Pedra sobre Pedra’(1992), ‘Fera Ferida’ (1993) e ‘A Indomada’ (1997). Em 2004, Aguinaldo Silva traz novamente à tona temas urbanos e populares com ‘Senhora do Destino’ e, em 2007, com ‘Duas Caras’.

Como você definiria a novela?
‘Fina Estampa’ é um folhetim clássico, com todas as características do gênero, só que modernizadas, adaptadas para a época em que vivemos. É uma novela com tramas fortes que se cruzam, de personagens muito reais e envolvidos com questões inerentes ao ser humano. É uma novela popular, urbana e profundamente brasileira.

O que a trama quer passar para o público?
A novela vai deixar uma pergunta no ar: o que vale mais nas pessoas, a aparência ou o caráter? Griselda é de um caráter inquestionável que percebe que está se transformando com o dinheiro. Num mundo onde o culto ao corpo e a beleza física é uma verdadeira mania, as tramas de “Fina Estampa”, de um modo ou outro, têm a árdua tarefa de questionar essa opção.

Por que ambientar a trama na Barra da Tijuca?
Sei que existe, na parte mais tradicional do Rio de Janeiro, certo distanciamento com o bairro. A Barra é mesmo bem diferente do resto da cidade, exceto na área do Jardim Oceânico, que é um bairro como outro qualquer. Eu quero mostrar que a Barra, com suas características sociais tão distintas, é tão carioca quanto qualquer outro bairro. E é muito bonita e atraente.

Griselda é um personagem muito peculiar e inusitado na televisão. Sua criação foi baseada em alguém da vida real?
Sim, como todos os meus personagens. Eu conheci uma mulher igual a ela, uma faz-tudo, no bairro de Santa Teresa, onde morei na década de 70. Ela era viúva, portuguesa como Griselda e um tanto masculinizada. Então, eu ficava pensando como seria se ela passasse por uma transformação que a fizesse voltar a se preocupar mais com a aparência. A personagem e sua história estavam no meu passado. Só tive que ir lá resgatá-las.

E o que você pode dizer sobre a vilã Tereza Cristina (Christiane Torloni)?
Gosto quando o vilão ou a vilã são mais humanizados. Tereza Cristina realmente achará que tem motivos para agir como age. Para ela, são atitudes justas e inquestionáveis. Isso a tornará mais humana, mais suave.

Na maioria das tramas de ‘Fina Estampa’, as relações de maternidade são muito fortes. Por que tratar desse assunto?
Para mim, a família é a base de tudo e, nesse tempo de crise de valores, é sempre nela que devemos buscar apoio. As relações de família - e dentro delas, as de maternidade - é que tornaram possível o progresso do homem e dão real valor à história humana. A origem da civilização está lá e eu sempre procuro mostrar isso em minhas obras.

Como a novela vai entrar na questão da violência doméstica através da história de Celeste (Dirá Paes)?
De um modo mais polêmico. Por que Celeste não denuncia Baltazar para a polícia? Isso, em casos de violência doméstica, é comum e é hora de se discutir por que, num mundo onde as mulheres já têm voz, isso ainda acontece. Por que determinadas mulheres, por questões emocionais, simplesmente não conseguem se livrar disso.

...E uma conversa com Wolf Maya
A dobradinha já é conhecida do público. Desde a novela ‘Senhora do Destino’ (2004), o diretor geral e de núcleo Wolf Maya e o autor Aguinaldo Silva trabalham juntos. A parceria rendeu, até hoje, tramas de sucesso como ‘Duas Caras’ (2006) e ‘Lara com Z’ (2011), nas quais Wolf também atuou.
O diretor é um profissional de muitas facetas e carrega grande bagagem desde a década de 70, quando iniciou sua carreira de ator. No teatro, obras musicais como ‘Blue Jeans’ (1981) e ‘Cabaret Brazil’ (1996) contaram com sua experiência em produção e direção. Já na TV, dirigiu e atuou nas novelas ‘Barriga de Aluguel’ (1991), ‘O Amor Está no Ar’ (1997), ‘Cara e Coroa’ (1995), ‘Uga Uga’ (2000) e na minissérie ‘O Quinto dos Infernos’ (2002). No currículo, são mais de 20 novelas como diretor.
Em ‘Fina Estampa’, o personagem Álvaro foi separado para Wolf, que adora ser comandando pelos diretores da equipe, Marcelo Travesso, Ary Coslov, Claudio Boeckel, Marco Rodrigo e Marcus Figueiredo

‘Fina Estampa’, segundo define o próprio autor, é uma novela viva, solar, alegre. Como é o trabalho da direção para imprimir essa característica?
A fotografia de ‘Fina Estampa’ é solar como o verão da Barra da Tijuca e direção é ágil como a protagonista Griselda (Lília Cabral). Ela anda por toda a Barra a prestar serviços como faz-tudo, com um humor muito português, e quase guia a câmera com seu movimento. ‘Fina Estampa’ tem uma ousada simplicidade e é uma emocionada dramaturgia com personagens do Rio de Janeiro sinceros, realistas e apaixonantes.

Como a equipe de direção encara o desafio de apresentar a Barra da Tijuca para o Brasil?
Queremos mostrar o novo Rio de Janeiro fugindo do eterno Pão de Açúcar e Corcovado. Um Rio de novos habitantes com temperamento carioca moderno e beleza natural ainda pouco conhecida do grande público. Como o próprio Aguinaldo costuma dizer, depois dessa novela, a Barra da Tijuca não será mais a mesma.

O que está sendo feito para gravar sempre nos mesmos lugares e não passar a sensação de repetição de cenas?
Praticamente toda nossa história acontece na Barra da Tijuca e arredores: Jardim Oceânico, Olegário Maciel, praia, lagoas, suas comunidades e outros locais nem tão conhecidos do público. Essa diversidade nos possibilita retratar esse micro universo tão rico de nossa cidade com suas características, problemas e encantos de uma forma carinhosa, crítica e atual. Temos uma reprodução em cidades cenográficas de boa parte desses pontos principais da Barra que evita essa sensação.

A novela tem um núcleo jovem muito grande. Foi difícil escolher esses novos rostos?
A procura por novos rostos é eterna na televisão e não fugimos disto. Mas nossos protagonistas não são tão jovens assim. Pelo contrário, temos um elenco de grandes e reconhecidos atores, que serão responsáveis pela condução de nossa história. Nossa escalação foi muito pensada e conseguimos um time de grandes atores em personagens que vão dar o que falar.

Você gosta de atuar nas novelas que dirige. Por que? Se sente mais envolvido na trama?
Sem dúvida o que mais me encanta, além dos personagens maravilhosos que o Aguinaldo Silva sempre cria, é a convivência dentro da trama com a história e com o elenco. Não tenho um número grande de cenas, mas ajudo a contar a novela também como ator. Essa parceria integral tem sido uma constante entre eu e o Aguinaldo em nossas últimas novelas.

Como é o trabalho de produção da trilha sonora?
Eu acato muito as sugestões do Aguinaldo e principalmente do Mariozinho Rocha, nosso produtor musical. Além de canções inéditas, estamos envolvidos com pérolas da MPB que estão sendo revistas. Zeca Pagodinho, Arlindo Cruz, Ana Carolina, Maria Gadú compuseram especialmente para Fina Estampa.

Um trecho da Olegário Maciel foi reconstruído e o projeto é grandioso. Será possível ter duas frentes de gravação ao longo da rua?
São três cidades cenográficas que reproduzem partes da Barra. A Rua Olegário Maciel é a mais exuberante e sem dúvida poderemos realizar gravações simultâneas na Olegário, na Favela da Muzema e no “Recanto da Zambeze”, nosso paraíso na Barra.

Fonte: Rede Globo/Mídias Sociais.
Vídeo: YouTube.

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