25 de outubro de 2013

ENCONTRO DO SÉCULO - Cap. 45 e 46


< Web Novela de MARCOS SILVÉRIO>

No capítulo anterior...
Um estranho não tira os olhos de Beija
É João Carneiro de Mendonça, um amigo de infância
Os dois se reconhecem e conversam longamente
O Visconde de Perdizes pede para falar com Beija

CAP. 45

BEIJA: Me dê licença um instante, volto logo.
JOÃO: À vontade, Beija, mas volte mesmo...

O rapaz sorve um último gole de vinho enquanto os dois caminham até um outro canto reservado.

PERDIZES: Beija, minha querida, ainda não será desta vez que conhecerá o Príncipe.
BEIJA (surpresa): Não? Por quê?
PERDIZES: Alegou compromissos particulares para não vir ao baile do marquês, mas alguém me deu notícia dele numa taverna*, na bebedeira com serviçais e mulheres da vida.
BEIJA: E sua alteza é dada a esse tipo de aventura?
PERDIZES: Por incrível que pareça, sim. Dom Pedro é um homem do povo, adora se meter no meio da multidão e se sentir um deles...
BEIJA: Verdade? Imaginava um homem que vivesse num pedestal de ouro, afinal de contas é o herdeiro de um trono...
PERDIZES: Engano seu. Ele adora as noitadas e as farras em companhia de seus guardas e outros serviçais do palácio. Gosta de beber cachaça barata e se deitar com as mulheres da vida...
BEIJA: Estou cada vez mais ansiosa para conhecer Dom Pedro, creio que seja um homem surpreendente.
PERDIZES: Esteja certa disso...

O Visconde percebe que João os observa com um ar impaciente.

PERDIZES: E o rapagão, quem é?
BEIJA: É João Carneiro de Mendonça, um amigo de infância, do Arraial de São Domingos dos Arachás. Fomos criados juntos, freqüentamos o catecismo. Depois veio estudar no Rio e nos separamos.
PERDIZES: Parece ansioso com a sua ausência, não pára de olhar pra cá...
BEIJA: Temos muita coisa para conversar, para contar um ao outro... Melhor irmos ao seu encontro.

Desapontada com mais uma ausência do Príncipe, Beija resolve ir embora.

JOÃO: Posso acompanhá-la até sua casa?

Continua...
__________
* Taverna é como era chamados os botecos e biroscas na época.



< Web Novela de MARCOS SILVÉRIO>

No capítulo anterior...
O Visconde de Perdizes pede para falar com Beija
Ele conta que o príncipe alegou compromissos particulares para não ir ao baile
Mas foi visto bebendo e jogando com súditos numa taverna
Perdizes pergunta quem é o rapagão que conversava com Beija
Ela explica que é um velho amigo de infância
João pede para acompanhar Beija até sua casa

CAP. 46

BEIJA: Será um prazer ter a sua companhia.

Os dois se dão os braços e caminham até a charrete, onde Moisés os aguarda.

Numa taverna em local ignorado Dom Pedro se diverte, já em estado ligeiramente alterado. Está em companhia de seus seguranças, mas a maioria deles também está embriagada. De repente dois homens começam a brigar. Cadeiras e copos começam a voar pelo ambiente.

PEDRO: Parem com isso! É uma ordem! (repete várias vezes)

Porém ninguém obedece e a confusão continua. Pedro tenta apartar a briga e sua segurança fica comprometida.

SEGURANÇA: Alteza, vamos sair daqui! Rápido!
PEDRO: E deixar que estes dois estúpidos se matem?

Nisso uma cadeira voa na direção de D. Pedro. Um súdito pressente o perigo e entra na frente tentando defender. O rapaz é atingido em cheio e cai no chão com um corte na testa.

PEDRO (gritando alto): Basta! Parem com isso! Já chega!

A confusão acaba e o Príncipe se preocupa com o rapaz, que aos poucos volta a si. Os guardas o socorrem.

Algum tempo depois, refeitos do susto, os homens conversam, sorvendo um último gole antes de irem embora.

PEDRO: Rapaz, você foi muito corajoso, entrando na frente daquela cadeira para me defender...
CHALAÇA: Que nada, Alteza, só fiz a minha obrigação.
GUARDA: Sua alteza lhe é muito grato.
PEDRO: Muito obrigado, rapaz. Você me deu uma grande prova de sua lealdade. Qual é mesmo o seu nome?
CHALAÇA: Meu nome é Francisco, mas Sua Alteza pode me chamar de Chalaça.
PEDRO: Meus guardas o acompanharão até sua casa e depois quero que compareça ao Paço para que possa lhe gratificar por seu ato de bravura. Mas saiba desde já que tem neste que vos fala um grande amigo.
CHALAÇA: Quanta honra, Alteza!

Os dois apertam as mãos e se afagam. Eles não sabem, mas nesse instante está nascendo uma amizade que durará pela vida inteira...

Continua amanhã...

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