No capítulo anterior...
Lourenço fica deslumbrado ao constatar que se trata de Beija
Ele propõe organizar uma festa em sua homenagem
Beija aceita, mesmo desconfiando das reais intenções do cavalheiro
Severina pergunta se a patroa cederá aos caprichos do coronel
CAP. 35
BEIJA: Depende, Severina... Vamos ver o quanto ele é influente e importante nesse baile...
SEVERINA: A Sinhá é danada...
BEIJA: Aprendi a usar os homens. Se eles servem aos meus propósitos, ótimo. Se não servem, ignoro-os.
SEVERINA: Acho melhor voltarmos, pois já devem nos aguardar para o almoço...
Após a refeição, enquanto degustam o cafezinho...
LOURENÇO: Dona Beija precisa de um vestido novo para o baile? Se precisar posso providenciar...
BEIJA:
Não, coronel, obrigado, trouxe bons vestidos na bagagem (e para a
escrava) Severina, passe e engome aquele meu vestido azul, que usei na
despedida de Paracatu.
SEVERINA: Nhá sim.
BEIJA: Sua família não se sentirá ofendida por me receber aqui e também por organizar o baile na Vila?
LOURENÇO:
De forma alguma! Minha esposa e meus filhos vivem lá, raramente
aparecem por aqui. Além do mais quem manda em casa sou eu. Querendo ou
não eles têm de me obedecer.
BEIJA: Assim fico mais tranqüila, pois temo lhe causar algum aborrecimento.
LOURENÇO: Quanto a isso não há com que se preocupar.
NO SÁBADO SEGUINTE...
Chega o dia do baile. As adjacências são iluminadas com tochas. O enorme salão está lotado. Toda a alta sociedade de Vila Rica se faz presente. Depois de muito burburinho, Lourenço adentra o salão de braços dados com Beija. A expressão de surpresa está no rosto de todos.
LOURENÇO: Senhoras, senhores, boa noite! Esta é uma noite muito especial para a sociedade de nossa Vila. E para abrilhantá-la, tenho o prazer de lhes apresentar nossa convidada especial: Dona Beija, a mulher que foi capaz de mudar o mapa das Minas Gerais.
Todos aplaudem.
BEIJA: Senhoras, senhores, muito boa noite. Agradeço a todos pelo carinho de me receberem no seio desta Vila com tanto desvelo. Embora esteja de passagem, espero estreitar os laços com o povo desse lugar e voltar mais vezes. Agradeço o empenho do coronel Lourenço em preparar esta calorosa recepção e desejo que se divirtam tanto quanto eu. Obrigado. (aplausos)
Continua...
No capítulo anterior...
Severina pergunta se patroa concederá favores sexuais ao coronel Lourenço
Beija diz que dependerá de sua influência política
Lourenço oferece um vestido, mas Beija recusa
Começa o baile e a sociedade de Vila Rica se faz presente
Lourenço e Beija cumprimentam os presentes
CAP. 36
Terminados os discursos de Lourenço e Beija, uma música suave e agradável domina o ambiente. Um suculento jantar é servido.
A escrava se aproxima e fala aos ouvidos da patroa.
SEVERINA: E a Sinhá, o que está achando da festa?
BEIJA: Bela recepção, Severina. Devo confessar que fui surpreendida com tamanha organização e mais ainda com o desfile de figurões...
SEVERINA: Percebo algumas mulheres olhando meio atravessado para a Sinhá...
BEIJA
(em tom esnobe): Não é nenhuma novidade para mim. Sei que as mulheres
me invejam. Sentem ameaçadas pela minha beleza e pela minha presença
também... (pausa) Deixe-me ir, preciso conversar com os convidados...
Beija circula pelo salão com desenvoltura e entabula diálogo com os principais políticos da capital das Minas Gerais. Deles ouve propostas e muitos galanteios. Os mais afoitos se dirigem até mesmo à sua serviçal.
ISIDORO: Permita-me, mucama, quero fazer algumas perguntas sobre a sua sinhá...
SEVERINA: Pois não, senhor.
ISIDORO:
Estive uma vez em Paracatu, mas não consegui ser recebido por Dona
Beija. Pode me dizer se receberá convidados em sua residência no Rio de
Janeiro?
SEVERINA:
Lamento, senhor, mas não tenho esta resposta. Dona Beija não comentou
nada a esse respeito. Mas falando por mim, não creio que isto venha
acontecer...
ISIDORO: É uma pena... Realmente uma pena... Reservei alguns de meus melhores diamantes para presenteá-la...
Mais tarde, depois do jantar e de muitas danças, já ao final da festa, anfitrião e convidada fazem um balanço da noite.
LOURENÇO: A noite correspondeu às suas expectativas, Dona Beija?
BEIJA:
Foi uma noite memorável, coronel Lourenço. Devo confessar que poucas
vezes tivemos festas desse nível na Ouvidoria de Paracatu. Não com
tantas autoridades e tantas presenças ilustres...
LOURENÇO:
Confesso que a senhora me surpreendeu com tamanho traquejo nos assuntos
da política. Além de bela também é muito bem informada e articulada.
BEIJA: Obrigado, coronel.
LOURENÇO:
Diante disso tenho uma proposta a lhe fazer. Ao invés de se aventurar
no Rio de Janeiro, por que Dona Beija não fixa residência em Vila Rica?
Continua segunda-feira...
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