No capítulo anterior...
Lourenço propõe a Beija uma noite de amor
Ela recusa, mas o convida para ir à sua casa no Rio de Janeiro
Beija parte de Vila Rica
A comitiva se aproxima do Rio de Janeiro
CAP. 39
Beija percebe que não será possível alcançar a cidade antes do anoitecer e resolve pernoitar mais uma vez à beira da estrada. Na madrugada seguinte a comitiva parte com o dia ainda escuro.
Horas depois, ao alcançar as primeiras ruas...
BEIJA (deslumbrada): Severina, como é grande! Quantas ruas, quanta gente! Nunca tinha visto nada parecido!
SEVERINA: Nem eu, Sinhá... Nem eu...
BEIJA: Moisés, vá perguntando pelo Largo do Paço. Lourenço disse que a casa do Visconde não fica muito longe desse Paço.
MOISÉS: Nhá sim.
BEIJA: Vamos parar a comitiva em algum lugar. Deixamos Josué e os outros cuidando e nós vamos procurar o Visconde.
Elas se deslumbram com cada descoberta e não se cansam de se chamarem para mostrar isso ou aquilo. Algumas vezes Moisés é obrigado a parar a charrete para que a patroa contemple alguma coisa.
Nas proximidades do Largo do Paço Real...
BEIJA: Moisés, pare por aqui. Vamos, Severina. A casa do Visconde não deve estar longe.
Eles descem da charrete e saem caminhando pela rua. Logo um escravo lhes indica o endereço procurado. Moisés bate palmas.
SEVERINA: Desejamos falar com o Visconde de Perdizes. Ele está?
Antes que a escrava responda, o próprio aparece, com ar esnobe.
PERDIZES: Sou eu mesmo. Quem deseja falar ao Visconde?
Continua...
No capítulo anterior...
Beija resolve pernoitar na estrada antes de entrar no Rio de Janeiro
Patroa e escravos ficam deslumbrados com o tamanho da cidade
Eles procuram pelo Visconde de Perdizes
O nobre os recebe com indiferença
CAP. 40
Antes que a escrava responda, a patroa surge de trás de uma coluna do muro, surpreendendo o Visconde.
BEIJA: Sou eu quem o procuro, Ana Jacintha de São José, também conhecida como Beija. Venho da parte do Coronel Lourenço, de Vila Rica.
PERDIZES
(mudando de atitude): Bem, se a senhorita vem da parte de meu grande
amigo Lourenço, também pode ser considerada minha amiga. (beijando-lhe a
mão) Seja bem vinda.
BEIJA: Coronel Lourenço fez muitas recomendações a seu respeito. Ele o tem na mais elevada estima.
PERDIZES: Vamos entrar, senhorita.
Beija conta de sua viagem e solicita o auxílio do Visconde para encontrar um imóvel à venda. O nobre faz questão de hospedá-la por alguns dias até que a transação da casa seja concluída.
Alguns dias depois, Beija adquire um belo sobrado na Rua do Ouvidor. Portas e janelas grandes, envidraçadas, com ampla vista da rua. Em pouco tempo toda a mobília do palacete de Paracatu é distribuída pela nova casa.
24 DE DEZEMBRO DE 1817
Beija caminha pela casa verificando a limpeza e a ornamentação natalina.
SEVERINA: A casa está arrumada, toda enfeitada, tudo conforme a Sinhá pediu.
BEIJA: Preciso que faça mais uma coisa.
SEVERINA: E o que é?
BEIJA:
Prepare uma ceia caprichada, para muitas pessoas. Quero uma mesa bem
farta e variada, de modos que não seja motivo de nenhuma reclamação.
SEVERINA: Mas Dona Beija, nós não temos um único convidado para a ceia de Natal...
BEIJA: Não importa. Faça o que estou mandando.
Próximo da meia-noite Beija adentra o salão de jantar e se admira com a bela ceia disposta sobre a mesa. Senta-se à cabeceira, mas os lugares vagos a incomodam. Pensa por alguns instantes, mas não se conforma...
BEIJA: Severina, Flaviana, sentem-se à mesa comigo.
SEVERINA (estranhando a atitude): mas, Sinhá...
BEIJA:
Sentem-se. É uma ordem. (as duas obedecem e ficam olhando para a cara
da patroa) Este é o primeiro Natal que passo sozinha. Mas estejam certas
de uma coisa: será o primeiro e o último.
Continua amanhã...
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