No capítulo anterior...
Antonio se recusa a confessar seus sentimentos por Beija
Ceci e Sampaio planejam apressar o casamento do filho
Sampaio conversa com o rapaz, mas percebe seu desinteresse
Atormentado Antonio resolve procurar Beija
CAP. 19
Bate à porta seguidas vezes. Beija que já estava cochilando na cadeira de palha, desperta assustada.
BEIJA: Quem será a essa hora? Severina até já se recolheu... (e ao abrir a porta a surpresa) Antonio?
ANTONIO (já entrando): Eu precisava vir. Não agüentava mais a agonia. Beija, precisava te ver, falar com você...
A amor fala mais alto. Os dois se abraçam forte, contemplam o rosto um do outro, se abraçam novamente... Uma vez, mais outra e mais outra...
BEIJA: Ai, meu Deus! Quanto tempo! Que saudades de você, meu amor! (se beijam apaixonadamente)
ANTONIO (acariciando seu rosto): Como é bom sentir o seu perfume, a maciez do seu cabelo... O toque suave das suas mãos...
BEIJA: Nem acredito nisso... Que estou vivendo um momento lindo como esse... Depois de tanto sofrimento/
ANTONIO
(pousando levemente o dedo indicador sobre a sua boca): Não vamos falar
de passado, de sofrimentos, de coisas ruins... Vamos apenas celebrar o
nosso reencontro. Pode ser meu anjo loiro?
BEIJA: Pode. E se é para celebrar, vamos tomar um licor de pitanga, que Moisés trouxe do arraial hoje pela manhã...
Ela serve as taças e os dois brindam, num clima de total felicidade.
ANTONIO: Como é bom estar aqui com você! É como se o resto do mundo não existisse...
BEIJA: Como se existisse apenas nós dois e o nosso amor... (se beijam)
ANTONIO:
Você está ainda mais linda. Cresceu, tomou corpo, porque quando foi
embora ainda era uma menina franzina... Linda, mas franzina...
BEIJA:
Você também está diferente... Tem alguma coisa que não reconheço de
antes... (observando detidamente o seu rosto) Deixe-me ver... Não sei...
Mas tem algo diferente. (descobrindo) Ah... Já sei! É o bigode... Você
não usava esse bigode antes...
ANTONIO: Ah... Isso é sinal de respeito. Sinal que agora sou um homem de verdade...
BEIJA (acariciando): Ficou lindo. Gostei.
ANTONIO: Aquele dia quando te vi na sacristia, fiquei louco para te abraçar ali mesmo, na frente do vigário...
BEIJA: Puxa, naquele dia precisava tanto do seu abraço... (resgatando o passado) Foi horrível o que aquelas beatas fizeram comigo...
ANTONIO (interrompendo): Nós combinamos de não falar em coisas ruins, lembra?
BEIJA: Está bem. Já mudei de assunto... (risos)
Antonio levanta, caminha pela sala e só então se dá conta de uma coisa...
ANTONIO: Onde estão os criados?
BEIJA: Dormindo... Não vão incomodar. Pode ficar tranqüilo.
ANTONIO: Melhor assim...
Os dois se beijam demoradamente. O clima fica cada vez mais quente. Antonio pega sua amada nos braços e a leva para a cama, sempre a beijando e acariciando com fervor.
BEIJA: Há muito tempo não me sentia tão feliz como hoje!
ANTONIO: Também posso dizer a mesma coisa...
BEIJA: Não tenho dúvidas. Você é o homem da minha vida...
ANTONIO: E você, a mulher da minha...
Lentamente Antonio vai abaixando as mangas do seu vestido e desnudando os seus ombros entre um beijinho e outro. Beija se deixa dominar, se entrega por completo e suspira de tanto prazer com o toque rústico do seu homem.
Pouco a pouco ele vai vencendo as anáguas, a combinação e a outras peças, até que sua amada surge, plena, bela e completamente nua em seus braços. Tomados pela voracidade do desejo, seus corpos ardentes se atracam e, pela primeira vez, fazem o sexo dos seus sonhos...
Continua...
No capítulo anterior...
Antonio procura Beija
O casal combina de não falar do passado nem de coisas ruins
Tomados pela paixão, fazem amor pela primeira vez
CAP. 20
Já é dia alto quando Antonio percebe os raios solares invadindo as frestas da janela... Ele se levanta apressado, vestes as roupas e parte deixando Beija a dormir serenamente.
Aos galopes o cavalo se aproxima da casa grande, porém alguém o espera na entrada principal.
SAMPAIO: Por onde andou, Antonio? Isso são horas de chegar em casa?
ANTONIO (constrangido): Ora, meu pai, fui visitar a Rua da Lama, tomar um vinho, jogar conversa fora...
SAMPAIO:
Você é um homem noivo, compromissado. Não fica bem ser visto em
noitadas com as mulheres da vida. Você quer me criar problemas com o
Felizardo?
ANTONIO: Todo mundo sabe que meu sogro é um freqüentador assíduo da casa da Candinha...
SAMPAIO (ordenando): Para evitar problemas é melhor que você se abstenha de ir àquele lugar. Estamos entendidos?
ANTONIO: Sim senhor.
Horas mais tarde Antonio se junta à Vado e aos peões no campo.
VADO: Ocê foi se encontrar com ela, não foi?
ANTONIO:
Não, Vado, fui pra casa da Candinha. Até você agora pra me cobrar
satisfações? Quantas vezes não viramos a noite na farra juntos?
VADO: Pra mim ocê num precisa mentir. Eu te conheço muito bem... Do jeito que ocê saiu lá de casa, só pode ter ido atrás dela...
ANTONIO:
Quer saber? Fui mesmo e não me arrependo... (relembrando empolgado) Foi
a melhor noite que já tive com uma mulher em toda a minha vida...
A escrava entra no quarto carregando uma farta bandeja de café da manhã.
SEVERINA: Nossa, a Sinhá dormiu tanto...
BEIJA:
Ah, Severina... Você não imagina que noite linda eu tive... Talvez a
melhor de toda a minha vida, com ardor, com paixão, com o homem que
amo... Foi algo inexplicável...
SEVERINA: A julgar pela cara de felicidade da Sinhá, foi algo realmente muito bom...
BEIJA:
Sim, foi. Nós prometemos a nós mesmos não falarmos de problemas,
famílias, passado, nada, sabe? Decidimos que teríamos a noite
simplesmente para nos amarmos...
SEVERINA:
Fico feliz em ver minha Sinhá tão bem assim, mas não deixo de ficar
preocupada também... Existe uma realidade bem mais dura por trás de todo
esse sonho...
BEIJA
(indiferente): Ah, Severina! Deixe-me sonhar pelo menos por um
instante, porque tenho o resto da vida para pensar nos problemas. E me
dá logo essa bandeja que estou louca de fome...
O capataz insiste em alertar ao amigo dos riscos que corre...
VADO: Ocê tá brincando com fogo, hôme! A hora que seu Sampaio e Dona Ceci descobrir isso, ocê tá frito!
ANTONIO:
Essa é a pior parte... (sonhando) Mas, Vado... Beija é diferente de
todas as outras... Tem um perfume, um toque, um beijo... Nunca tinha
experimentado nada como aquilo... É uma deusa na cama...
VADO: É o amor, meu amigo... Ocê ainda é apaixonado por aquela mulher.
ANTONIO:
É verdade. Passei muitos meses dizendo pra todo mundo, até pra mim
mesmo, que tinha acabado, que só sentia raiva e desprezo, mas ontem vi
que estava enganado. Continuo gostando dela como sempre gostei.
VADO:
Mas e o resto? Não existem só ocês dois no mundo... Tem o passado de
Beija, que ninguém aceita; tem seu pai e sua mãe; tem Aninha Felizardo
que agora é sua noiva... O quê que ocê pretende fazer agora?
Continua amanhã...
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