No capítulo anterior...
Lourenço e Beija discursam. Um suculento jantar é servido
A patroa confessa à escrava estar impressionada com a recepção
Elas são discretamente assediadas pelos presentes
Lourenço propõe que Beija fixe residência em Vila Rica
CAP. 37
BEIJA: Está falando sério, coronel?
LOURENÇO:
Sim, Dona Beija, não sou homem de piadas e anedotas. Estou disposto a
bancar a instalação da senhora e sua comitiva em nossa vila.
BEIJA: Que é um homem generoso, disso já tive provas, mas não para um ato destes...
LOURENÇO: A sua habilidade nos assuntos da política pode me ser de grande valia, compreende?
BEIJA: Sim, claro.
LOURENÇO: Mas voltando à questão inicial, Dona Beija aceita ou não a minha proposta?
BEIJA:
Por agora não, coronel. Saí de Araxá com um plano traçado na cabeça,
que é chegar ao Rio de Janeiro. Mas não sou mulher de fechar portas,
gosto de deixá-las sempre abertas: se por acaso alguma coisa lá não der
certo, não pensarei duas vezes em aceitar sua proposta.
Em seguida o coronel a acompanha até a fazenda, sentados lado a lado na charrete.
LOURENÇO: Já que insiste em seguir para o Rio de Janeiro, vou recomendar-lhe um velho amigo, para lhe auxiliar no que for preciso.
BEIJA: Fico muito grata. Um conhecido num lugar estranho sempre é de grande valia. De quem se trata?
LOURENÇO:
Visconde de Perdizes, daqui mesmo, das Minas Gerais. É um grande
cavalheiro, bom homem. Creio que apreciará muito a sua companhia.
BEIJA: Mais uma vez, agradecida.
A charrete chega ao destino. Os escravos chegam logo em seguida.
LOURENÇO: Dona Beija me acompanharia numa última taça de vinho tinto?
BEIJA: Sim, desde que não demore muito. Devo lhe confessar que estou exausta...
A sós, na sala, sorvendo o vinho, Lourenço procura pretextos para alongar a conversa. Beija percebe que sua intenção é seduzi-la. Sem resultados, o coronel resolve ser objetivo.
LOURENÇO: Dona Beija me daria a honra de sua companhia nesta noite?
Continua...
No capítulo anterior...
Beija recusa o convite para morar em Vila Rica
Mas deixa claro que não descarta a hipótese
Lourenço fala do Visconde de Perdizes, um amigo do Rio
O coronel acompanha a convidada até a fazenda
Ele propõe a Beija uma noite de amor
CAP. 38
LOURENÇO: Nada impede que desfrutemos da política, do bom vinho e de outros prazeres dessa vida...
BEIJA:
Acho melhor não, coronel. Respeito o seu teto e sua família e não me
sentiria bem fazendo isso aqui. Prefiro que o senhor me procure no Rio
de Janeiro, quando estiver devidamente instalada em minha casa...
LOURENÇO:
Compreendo seus motivos e até admiro sua atitude. Claro que o homem
Lourenço está em partes decepcionado, mas nada que não possa superar...
BEIJA: Pois bem, melhor dormirmos, pois o dia foi longo e precisamos nos recompor para a partida amanhã...
No dia seguinte a comitiva ganha a estrada, rumo ao Rio de Janeiro. O coronel acompanha até a saída de Vila Rica.
LOURENÇO (no seu cavalo ao lado da charrete): Dona Beija, foi um prazer tê-la conosco por esses poucos dias. E sinta-se convidada a voltar quantas vezes quiser.
BEIJA:
Agradeço muito a acolhida em sua fazenda, as honrarias no baile, enfim,
obrigado por tudo. E esteja certo de que voltarei mais vezes...
LOURENÇO: Não se esqueça de procurar o Visconde de Perdizes. Ele poderá lhe ser muito útil.
BEIJA: Transmitirei suas saudações. E não se esqueça de nos visitar...
LOURENÇO: Aguardo ansioso por isso... Adeus!
BEIJA: Adeus!
QUINZE DIAS DEPOIS...
A comitiva inicia a descida da serra. Beija fica deslumbrada com a vista que se descortina à sua frente. Algumas vezes pára e busca informações. Pouco a pouco os animais vão vencendo a ladeira íngreme.
Numa das paradas...
JOSUÉ: Sinhá, o moço disse que mais argumas horas de caminhada e estaremo dentro do Rio de Janeiro.
BEIJA: Então vamos logo, quero chegar antes do anoitecer...
SEVERINA: E onde vamos pernoitar lá, Sinhá?
BEIJA: Ainda não sei, mas não vejo a hora de chegar. Estou muito ansiosa. Vamos!
Continua amanhã...
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