No capítulo anterior...
- Bernardo sai de casa transtornado e Juarez
ordena que os irmãos o encontrem
- Bernardo caminha ao lado do mar, refletindo
sobre a atitude que acabara de tomar
- Joana vai à casa de Ricardo, mas é
surpreendida pela irmã
- Renata avisa que Sérgio está à sua espera.
Joana não se conforma
- Bernardo encontra Ramon sentando à beira do
mar
CAP. 91
RAMON: Eu
que te pergunto: o que você tá fazendo aqui?
BERNARDO: O
mesmo de sempre: fugindo dos problemas.
RAMON: Você
também? Pensei que fosse somente eu...
BERNARDO: Engraçado,
parece que a gente se especializou nisso: a gente sempre se encontra quando tem
problemas em casa...
RAMON: Verdade...
Hoje eu acabei discutindo com a minha mãe de novo. A mesma bobagem de sempre: é
só falar em futebol, ela já vem com quatro pedras na mão. Não aceita minha
escolha de jeito nenhum... Mas e você, qual foi o galho dessa vez?
BERNARDO: O
meu também foi o de sempre, mas só que hoje a casa caiu...
RAMON: Caiu,
como assim?
BERNARDO: Eu
abri e jogo e falei tudo que tinha vontade. Falei que sou gay, que eu gosto é
de homens, falei da Pâmela... Soltei os cachorros geral mesmo.
RAMON: E
como foi a reação do pessoal?
BERNARDO: Foi
um Deus-nos-acuda. Minha mãe e minha avó desmaiaram, meus irmãos me acusaram,
meu pai me chamou a atenção... Foi um bafafá danado...
RAMON: Mesmo?
Mas e como a situação se resolveu?
BERNARDO: Não
resolveu. Eu perdi a paciência quando meus irmãos começaram a me acusar e saí
de casa. Deixei todos lá plantados com o prato na mão.
RAMON: Foi
antes da ceia?
BERNARDO: Foi
na hora da revelação do amigo secreto. Eu pedi a palavra e rasguei o verbo.
RAMON: Cara,
que louco! Você é muito doido! E agora, o que você acha que vai acontecer?
BERNARDO: Não
sei. Agora tô até com medo de voltar pra casa. Não faço a menor ideia do que me
espera lá...
RAMON: É,
vai ser uma barra enfrentar essa situação...
BERNARDO: Mas
por outro lado, eu tô sentindo um alívio enorme. É como se tivesse tirado um
elefante das minhas costas. Eu não aguentava mais viver vigiado, pressionado,
me escondendo... Agora sou livre pra fazer o que bem entender...
RAMON: É,
olhando por esse lado, você tem razão...
BERNARDO: Agora
não sei se volto pra casa, se peço pra dormir na casa da Pâmela... Estou com
medo do que possa acontecer.
RAMON: Eu
não queria estar na sua pele, meu amigo...
Em Ipatinga, logo depois de
sair do bar, Gilberto vai até um orelhão e liga para o amigo de Joanésia.
GILBERTO: Você
tem alguma notícia da minha mãe?
BONECA
(na sala de sua casa): Que eu saiba tá tudo bem. Depois da internação ela
melhorou e não teve mais problemas. Pelo menos ninguém comentou nada lá na
lavoura, nem seu pai, nem seus irmãos.
GILBERTO: Bom,
pelo menos uma notícia boa. Se você puder, dá uma passada lá e diga pra ela que
eu liguei.
BONECA: Pode
deixar, eu dou o seu recado.
GILBERTO: E
aproveito também pra te desejar um Feliz Natal. Você tem sido um grande amigo.
Obrigado mesmo.
BONECA: Por
nada. Você também é um cara muito legal. Feliz Natal pra você também. (e
desliga)
Sem opções, Gilberto volta pra
casa. Passeia pelos canais da TV, mas não encontra nada que lhe interesse.
Desanimado, arruma a cama e deita.
Depois de um longo papo com
Ramon, Bernardo resolve seguir para o apartamento de Pâmela. Já de camisola,
ela se assusta com a visita.
PÂMELA: Bernardo,
você aqui a essa hora? O que houve?
BERNARDO: Desculpe
vir sem avisar, nem celular eu trouxe...
PÂMELA: Sim,
mas me diga: o que aconteceu de tão grave?
BERNARDO: Eu
me desentendi com o pessoal lá em casa. Briga feia mesmo. Você poderia me
deixar dormir aqui?
Pâmela fica sem ação.
Continua amanhã...
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Você sabia?
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