No capítulo anterior...
- Joaquim aceita a carona de Joanildo, pois
pretende encontrar sua mãe na manhã seguinte
- Dadinho assedia Gilberto para que durma com
ele, mas Gilberto recusa
- Joaquim dorme no alpendre de casa quando
pai chega rua bêbado e o surpreende
CAP. 84
RONALDO: Mas
o que é isso? Que presepada é essa?
JOAQUIM: Sou
eu, pai, Joaquim...
RONALDO
(se enraivecendo): Eu não acredito numa desgraceira dessas! Então você tem
coragem de vir aqui pra minha porta vestido desse jeito? Já não basta a
vergonha da rua inteira saber que eu tenho um filho viado, você ainda tem a
cara de pau de vir aqui me afrontar na minha própria casa?
JOAQUIM: É
que eu tô na rua, pai, eu precisa/
Ronaldo tenta agarrá-lo pelos
cabelos, mas a peruca sai.
RONALDO: Viado
dos infernos! Eu vou te dar uma surra que é pra você sumir no mundo e nunca
mais me aparecer aqui desse jeito!
JOAQUIM: Por
favor, pai, não me bate! Por favor, por fa/
O apelo é inútil. Ronaldo
começa a espancar o filho com socos e pontapés. Joaquim grita desesperado por
socorro.
JOAQUIM: Mãe!
Me acode, mãe! Pelo amor de Deus, mããããe!
RONALDO: Você
quer acabar com a minha vida, seu boiola do cão! Quer me envergonhar na
vizinhança inteira? É isso? (e mais agressões) Eu vou te matar! Você vai tomar
vergonha na cara nem que seja na marra! (mais socos e pontapés)
JOAQUIM: Mãe,
me acode! Mããããe!
Helena chega assustada e tenta
intervir.
HELENA: Para
com isso, homem! Pelo amor de Deus! Não faz isso com o seu filho! Para!
RONALDO: Cala
a boca, mulher! Esse safado virou o que virou é porque você tá acobertando ele!
HELENA: Eu
não tô acobertando ninguém, mas é o seu filho! Para de bater no menino! Para
com isso, pelo amor de Deus!
RONALDO: Cala
a boca, senão você entra na peia também!~
Helena tenta entrar no meio e
impedir a agressão, mas seu esforço é inútil. Ronaldo está fora de controle.
Nisso, várias luzes se acendem
na vizinhança. Algumas pessoas acordam com os gritos de pavor de Joaquim,
inclusive Joanildo, que fica assistindo tudo à distância.
Ronaldo pega Joaquim pela gola
da blusa e o joga no meio da rua, depois joga a sua mochila.
RONALDO: Some
daqui, boiola dos infernos! Você quer viver na putaria, na sem-vergonhice?
Então vai viver longe daqui, desgraçado! Minha casa não é cabaré não, safado! Some
daqui! Ou eu te quebro no pau!
JOAQUIM
(pegando suas coisas): Mãe, eu preciso falar com a senhora...
HELENA: Depois
você volta, filho. Depois você volta aqui.
RONALDO: Não
volta não! Não volta não, que eu te quebro no pau!
Joaquim se retira, em
frangalhos. Helena convence o marido a entrar, sempre observando o filho.
À medida que Joaquim vai
caminhando pela rua, as pessoas que estavam observando a confusão entram para
suas casas e apagam as luzes. Menos Joanildo, que permanece imóvel na calçada.
JOANILDO: Eitia!
Parece que o bicho pegou lá na sua casa...
JOAQUIM: Eu
não te falei que o brucutu não podia me ver? É por isso...
JOANILDO: Você
tá machucado?
JOAQUIM: Não,
eu consegui me defender. Deve ficar roxo depois, mas agora tá tudo bem.
JOANILDO: Você
tem lugar pra passar o resto da madrugada?
JOAQUIM: Não,
eu tô sem lugar de ficar. Eu tive de sair da casa da minha amiga onde eu tava
morando.
JOANILDO: Faz
o seguinte: passa o resto da noite aqui no caminhão. Não é muito confortável,
mas é melhor do que dormir na rua. Pera aí. (e sai)
O caminhoneiro volta com a chave,
abre o veículo, e ajuda Joaquim a se acomodar na boleia.
Joanildo se retira.
JOAQUIM
(para si mesmo): E agora, o que eu vou fazer da minha vida?
Continua segunda-feira...
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Você sabia?
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