No capítulo anterior...
- Joana aborda Ricardo, mas assim que o papo começa,
a esposa do homem aparece
- Juarez chama a atenção de Bernardo por ter
chegado tarde em casa. Ele reclama com a mãe
- Joaquim vai ao posto trabalhar, mas não
encontra Xantara
- Janildo, o caminhoneiro vizinho de Joaquim,
oferece carona até à rua da casa de sua família
CAP. 83
JOAQUIM: Eu
vou aceitar sim, é que tô com uns probleminhas aí, acho que vou ter de acabar
dormindo por lá hoje. Preciso encontrar minha mãe, falar com ela e depois dar
um jeito na minha vidinha...
JANILDO: Seu
pai já te viu assim, todo embonecado?
JOAQUIM: Não.
E nem pode ver! Deus me livre e guarde! Se o brucutu me vê desse jeito, vestida
pra arrasar, ele é capaz de me matar!
JANILDO: Será?
Você fica uma gazela até ajeitadinha. Acho que seu pai ia gostar de trocar
aquele moleque magrelo por essa mocinha toda delicada...
JOAQUIM: Tá
doido? Ele ia é me quebrar no pau, isso sim. Você não conhece aquele brucutu!
JANILDO: Conheço
sim... Nós já tomamos muita cachaça ali naquele boteco da esquina, já jogamos
muita pelada lá no campinho... Mas é que nesse caso aí o assunto muda de
figura, né? Eu até entendo a revolta dele. Se fosse com meu filho, também nem
sei o que eu faria.
JOAQUIM: Vamos
logo, que a gente tá é perdendo tempo aqui.
Os dois saem caminhando na
direção do caminhão.
Em Ipatinga, Gilberto estende
os lençóis no sofá, se preparando para dormir.
DADINHO: Tem
certeza que você não quer dormir lá na cama comigo?
GILBERTO: Tenho,
eu fico bem aqui, já tô até me acostumando. Assim que sair o próximo pagamento
eu vou comprar uma cama e um colchão pra mim.
DADINHO: Você
podia dormir lá. A cama é de casal, o colchão é ortopédico... É melhor do que
dormir com as costelas nesse sofá duro...
GILBERTO: Não
aqui tá bom. Eu me ajeito.
DADINHO: Além
da cama melhor, ainda tem o calor humano... Ou você não me considera uma boa
companhia para passar a noite?
GILBERTO: Não
é isso, é que agora a gente é só amigo, entende? Acho que não tem muito clima
pra ficar rolando as coisas...
DADINHO: Bobagem...
Amigo curte com amigo também. Eu tenho um monte de amigos que curtem uns com os
outros. Dizem que entre amigos é até melhor, porque já tem mais intimidade.
GILBERTO: Pois
é, mas o que eu tô querendo dizer é que eu sou diferente, entende? Eu fico sem
graça. Além do mais eu quero parar com esse negócio, quero voltar a ficar só com
mulher. Eu ainda quero casar, ter filhos, construir família... Essas aventuras
com homem é coisa do passado, saca?
DADINHO: Iiiiiiiih,
lá vem você com esse papo de novo?
GILBERTO
(entrando embaixo do lençol): De novo não, porque agora eu vou dormir. Amanhã
tenho de levantar cedo. Depois a gente conversa mais. Boa noite. Ah, apague a
luz, por favor.
Dadinho se retira,
insatisfeito.
Horas mais tarde, Joanildo para
o caminhão em frente a sua casa. Joaquim desce, agradece e segue para sua casa,
alguns metros adiante.
Percebendo que as luzes estão
todas apagadas, e que todos dormem, ele resolve se deitar no alpendre. Faz a mochila de travesseiro, puxa o tapete e
se deita em cima.
JOAQUIM
(para si mesmo): Vou dar uma cochilada aqui, mas não posso pegar no sono. Tenho
de acordar antes do brucutu sair pra trabalhar. Se ele me pega aqui, eu tô
ferrada!
Joaquim acaba caindo no sono.
Pouco depois, Ronaldo chega da
rua, meio bêbado, e, no escuro, tropeça em Joaquim, que acorda atordoado.
JOAQUIM: Pai?!
Os dois se assustam e se encaram
olhos nos olhos.
Continua amanhã...
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Você sabia?
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