No capítulo anterior...
- Ciccliona esnoba Joaquim e dá a entender
que ele não tem futuro como travesti
- Gilberto fica constrangido, mas tenta ser
gentil com a dona do apartamento
- Tatão e Vanilda conversam e se convencem de
Joana está mudando suas atitudes
- Gilberto recebe o pagamento e questiona
como pagar as contas, estudar e crescer na vida
- Gilberto liga para boneca e descobre que
sua mãe está internada em um hospital
CAP. 70
BONECA
(na sala de sua casa): Então, fiquei sabendo lá na lavoura. Seu irmão Zezão pediu
pra sair mais cedo pra visitar dona Catarina no hospital.
GILBERTO: Mas
você sabe o que ela tem?
BONECA: Parece
que é alguma coisa relacionada a rins... Cólica, alguma coisa assim.
GILBERTO: Ah
sei... É rim mesmo. Faz um bom tempo que ela tá reclamando de problema nos
rins. Veja se você descobre alguma coisa pra mim. Amanhã eu te ligo de novo pra
saber notícias. Muito obrigado por me ajudar.
BONECA: Pode
ficar tranquilo. Vou tentar me informar direitinho.
No Recife, Bernardo fala ao
celular no portão de casa, enquanto observa o movimento da rua. Sua
interlocutora é Pâmela, que está na sala de seu apartamento, na Praia da Boa
Viagem.
BERNARDO: Então,
na medida do possível tá tudo tranquilo. Mas daquele jeito: tá todo mundo de
olho em mim, eu percebo meus irmãos me vigiando o tempo todo, de olho em tudo
que eu faço, que eu falo... Ai, tá horrível...
PÂMELA: Imagino...
Mas olha, tenta levar na boa. Evita entrar em atrito, discutir... Com o passar
dos dias eles vão te esquecer e as coisas voltarão ao normal. Finge que tá tudo
normal...
BERNARDO:
Eu tô tentando, mas não é fácil... Fica parecendo que sou um bandido, que tô
fazendo alguma coisa errada, e não é nada disso, eu só quero viver... Eu só
quero ser livre, escolher as minhas amizades, sair pra onde eu quiser, como
todas as pessoas da minha idade...
PÂMELA: Eu
sei, não há nada de errado com seu comportamento, mas por enquanto é melhor
você ficar na sua. Entrar em atrito só vai te prejudicar...
Da janela da casa, Simone
escuta tudo e presta atenção em cada palavra. Bernardo percebe e trata logo de
encerrar a conversa.
BERNARDO: Então,
eu preciso desligar agora. Depois a gente fala mais. Beijo. (e desliga)
SIMONE: Algum
problema, Bê? Desligou tão rapidamente o telefone...
BERNARDO: Não,
tá tudo tranquilo. Foi só a ligação que caiu. (e entra)
Simone não se convence.
Horas mais tarde, na hora do
recreio, Joana está debruçada sobre uma mureta, no corredor. Sérgio se
aproxima.
SÉRGIO: Oi!
O que essa menina bonita faz aí, olhando o infinito? Parece tão distante...
JOANA: Oi.
Tô aqui, pensando no nada e no coisa nenhuma.
SÉRGIO: Como
assim?
JOANA: Tô
pensando no tanto que a minha vidinha tá chata, monótona...
SÉRGIO: Tá
assim porque você quer... Se quiser, a gente pode animar um pouquinho...
JOANA: Qual
é a sua sugestão?
SÉRGIO: A
gente podia sair, dar uma volta, conversar... O que você acha?
JOANA: Vou
pensar no seu caso... (e sai)
Mais tarde, no final da aula,
Joana alcança Sérgio no estacionamento.
JOANA: Aquele
convite para dar uma volta ainda está de pé?
SÉRGIO: Claro,
tava esperando só você aceitar.
JOANA: Você
poderia me levar em casa. A gente conversa no caminho.
SÉRGIO: Demorô!
Sobe aí (e lhe entrega o capacete)
Sérgio acelera a moto e parte.
No meio da madrugada, Xantara e
Joaquim chegam da rua, depois de uma noite de trabalho. Cicciolina está sentada
no sofá tomando um suco.
XANTARA: Ainda
acordada, amiga?
CICCIOLINA: É o fuso horário, querida, ainda tô meio
perdida.
XANTARA: Mas
a senhora não tava no Canadá? De lá pra cá a diferença não é de uma ou duas
horas só?
CICCIOLINA: É querida, mas isso é só uma força de
expressão. Uma pinta básica, de bicha fina. Mas, me diga, como foi a sua noite?
XANTARA: Boa.
Até que rendeu uns bons caraminguás.
CICCIOLINA: E essazinha aí, sua amiguinha, conseguiu
fazer ao menos pra comprar um pão com ovo?
XANTARA: Boba,
deixa de implicar com a coitadinha. Bebel está reinando absoluta. Ela é carne
nova no pedaço, entende? Vou lá pegar uma roupa de cama lá no quarto. Vou botar
o Joaquim pra dormir aqui no sofá...
CICCIOLINA: Tá louca? Essa bichinha dormindo no meu sofá?
De jeito nenhum! Eu já arrumei a caminha dela... Lá na área de serviço, é
claro!
Joaquim fica pasmo.
Continua amanhã...
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Você sabia?
O Royal
College of
Psychiatrists (Faculdade Real de
Psiquiatria) do Reino Unido, em 2007, afirmou:
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