2 de agosto de 2010

Discussão Diferente


Poetas Malditos


Olá!

A poesia não larga o poeta. O poeta não larga a poesia. Será que o poeta que não larga a poesia porque dela necessita para ser poeta ou a poesia só é poesia se surgir dos traços de um poeta? Seria cretino responder essa questão racionalmente. Já está provado!

Todos são loucos! Uns mais, outros menos. Todos somos loucos! Os brasileiros somos loucos! Os chineses são loucos! Dos estadunidenses nem se fala! A loucura não é doença, não é defeito, não é motivo para chorar. É motivo de felicidade. A poesia é fruto dessa loucura.

Quero o louco que enxerga, não o racional que vê. Quero o louco que diz, não o racional que fala. Quero o desequilibrado que sente, não o senhor da razão que pensa.

Querer somente pensar é fugir daquilo de que se pertence. É negar pai, é negar mãe. É negar a si. O ser humano gosta de se negar...

Dois poemas, abaixo, falam do amor. Cada poeta do seu jeito, à sua maneira. Não sei se são poetas malditos. É bom ser maldito. É bom ser posto a prova. Quando se é louco, quando se enxerga, quando se sente e quando se diz. De outra forma não.

Voltemo-nos ao sentimento sentido que comanda. Amor não é tesão. Ser tarado também é imanente. mas o amor é outra coisa.

Um conselho: Sê Tarado! Sê Amante! Sê os dois.

As sem-razões do amor

(CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE)

Eu te amo porque te amo,
Não precisas ser amante,
e nem sempre sabes sê-lo.
Eu te amo porque te amo.
Amor é estado de graça
e com amor não se paga.

Amor é dado de graça,
é semeado no vento,
na cachoeira, no eclipse.
Amor foge a dicionários
e a regulamentos vários.

Eu te amo porque não amo
bastante ou demais a mim.
Porque amor não se troca,
não se conjuga nem se ama.
Porque amor é amor a nada,
feliz e forte em si mesmo.

Amor é primo da morte,
e da morte vencedor,
por mais que o matem (e matam)
a cada instante de amor.


Soneto de Maior Amor

(Vinícius de Morais)

Maior amor nem mais estranho existe
Que o meu, que não sossega a coisa amada
E quando a sente alegre, fica triste
E se a vê descontente, dá risada.

E que só fica em paz se lhe resiste
O amado coração, e que se agrada
Mais da eterna aventura em que persiste
Que de uma vida mal aventurada.

Louco amor meu, que quando toca, fere
E quando fere vibra, mas prefere
Ferir a fenecer - e vive a esmo

Fiel à sua lei de cada instante
Desassombrado, doido, delirante
Numa paixão de tudo e de si mesmo.


Eis o recado.

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