26 de agosto de 2010
Discussão diferente
Há Tempos!
Olá!
Como prometido a análise superficial da letra "Há tempos".
Letra que mostra as dúvidas do jovem quando chega aos primeiros anos de idade adulta e não se sente à vontade com tal situação.
Pensem, reflitam e comentem sua opinião!
Legião Urbana - Há Tempos
Parece cocaína mas é só tristeza, talvez tua cidade.
Muitos temores nascem do cansaço e da solidão
E o descompasso e o desperdício herdeiros são
Agora da virtude que perdemos.
Há tempos tive um sonho, não me lembro
não me lembro...
Tua tristeza é tão exata
E hoje o dia é tão bonito
Já estamos acostumados
A não termos mais nem isso.
Os sonhos vêm e os sonhos vão
O resto é imperfeito.
Disseste que se tua voz tivesse força igual
À imensa dor que sentes
Teu grito acordaria
Não só a tua casa
Mas a vizinhança inteira.
E há tempos nem os santos têm ao certo
A medida da maldade
Há tempos são os jovens que adoecem
Há tempos o encanto está ausente
E há ferrugem nos sorrisos
E só o acaso estende os braços
A quem procura abrigo e proteção.
Meu amor, disciplina é liberdade
Compaixão é fortaleza
Ter bondade é ter coragem
Ela disse: "Lá em casa tem um poço
mas a água é muito limpa."
O título "Há tempos" coloca uma dúvida: Se faz tempo que algo aconteceu, relativo ao passado; ou se há intervalos de tempo em que fatos acontecem. Isso só será respondido depois da leitura da letra.
Parece cocaína mas é só tristeza, talvez tua cidade
Quando o narrador afirma que parece cocaína, percebe-se que há uma interação, talvez um diálogo. A droga (no caso, cocaína) produz uma sensação de tristeza após seu uso e na música percebe-se que a personagem fez uso de tristeza e não de cocaína. Tristeza essa que decorrera, talvez da cidade, ambiente urbano em que está inserido o eu-lírico. Cidade essa que possui algo de negativo para despertar tal tristeza.
Muitos temores nascem do cansaço e da solidão
O temor nessa expressão decorre do cansaço e da solidão. Estar sozinho promove o temor. Porém não é qualquer solidão, mas uma solidão dentro de uma cidade, provavelmente a cidade do eu-lírico. Gerando também o cansaço, um cansaço psicológico e de duração forte a provocar, em conjunto com a solidão: o temor.
E o descompasso e o desperdício herdeiros são
Agora da virtude que perdemos.
A virtude é perdida e como herdeiros aparecem o descompasso (falta de compasso - dificuldade em acompanhar o tempo que pode ser tempo relógio ou tempo de geração) e o desperdício (fazer algo em excesso sem necessidade) Assim, o olhar inocente é perdido criando um rápido amadurecimento descompassado e desperdiçando toda a juventude ainda precoce.
Há tempos tive um sonho, não me lembro
não me lembro...
O eu-lírico faz referência ao sonho que teve faz algum tempo, mas não se lembra. Algum momento especial que teve na vida, muito marcante em sua juventude, mas pelas circunstâncias da vida e do amadurecimento, isso se perdeu, não se lembra mais.
Tua tristeza é tão exata
Há uma afirmação em dizer em que a tristeza é exata, utilizando-se do advérbio de intensidade para ampliar a idéia de exato, mostrando um pouco do descompasso. Pois o que é exato é exato, nem mais e nem menos. assim cria-se uma atmosfera de cerceamento da tristeza por outrem.
E hoje o dia é tão bonito
Já estamos acostumados
A não termos mais nem isso
A afirmação se inicia positivamente quando referido ao dia que é bonito, uma nova etapa que se inicia de forma bela, mas que não está acostumado com tal beleza. O "EU" lírico aparece no plural, construindo o companheirismo de mesma fase, provavelmente da juventude.
Os sonhos vêm e os sonhos vão
O resto é imperfeito.
Os sonhos são vistos com transitoriedade, mesmo sendo único elemento perfeito para o eu-lírico. A perfeição é vista como algo que não é permanente.
Disseste que se tua voz tivesse força igual
À imensa dor que sentes
Teu grito acordaria
Não só a tua casa
Mas a vizinhança inteira.
A afirmação sobre a força da voz mostra um grito firme, com violência, porém surdo. Este grito é fraco ou se mostra frágil e não chega aos ouvidos de outrem, aos habitantes da idade adulta. O jovem se sente sufocado e por mais que sofra ou que reclame nunca acordará "nem sua casa" quando mais a "vizinhança".
E há tempos nem os santos têm ao certo
A medida da maldade
De tempos em tempos a maldade aparece de forma violenta que nem os santos - seres iluminados e onipresentes não conseguem ter controle nem o grau em que se encontram. A metáfora vai um pouco além disso, os santos poderiam ser os jovens (ainda sem malícia) entrando na fase adulta (maldade) e que esses tempos que sempre aparecem são os diversos adolescentes que entram na fase adulta sem o devido preparo. E com as descobertas tornem-se mais vulneráveis ao perceberem seu despreparo.
Há tempos são os jovens que adoecem
Há tempos o encanto está ausente
E há ferrugem nos sorrisos
Os jovens adoecem pscicologicamente devido à sua depressão e falta de apoio, já que gritam desesperadamente sem serem ouvidos. De tempos em tempos o encanto que antes era intenso vai se apagando com a descoberta da verdadeira realidade. Ferrugens que simbolizam falta de movimento.
E só o acaso estende os braços
A quem procura abrigo e proteção.
No meio desse total caos, soment euma situação inesperada para auxiliar e proteger os jovens.
Meu amor, disciplina é liberdade
O diálogo se fortalece quando o aposto "Meu amor" aparece, desenhando o interlocutor como par, companheiro(a) do eu lírico. Um casal de jovens no meio de tanta "maldade".
Disciplina é necessária nesses tempos de "ditadura" para que algum espaço seja fornecido, alguma liberdade seja concedida. Disciplina essa típica do mundo adulta, em que o espontâneo não mais existe no mundo das aparências.
Compaixão é fortaleza
Ter bondade é ter coragem
Ter compaixão, no mundo em que a maldade é dominadora, é digno somente de quem possui uma fortaleza, alguém que não leva tão a cabo a disciplina anteriormente citada.
Assim como a bondade, a coragem entra como um adversário da mundo adulto. São citados esses sentimentos frequentes no mundo dos jovens, o companheirismo e os sentimentos dos anjos. Assim, a cabeça de um recém-adulto entra em parafuso, uma grande confusão, pois entende que deve se comportar de forma falsa até adquirir todos os comportamentos egoístas oriundos de tal universo.
Ela disse: "Lá em casa tem um poço
mas a água é muito limpa.
A jovem companheira responde de tal forma que traz em seu discurso o acaso mágico, quando diz que em sua casa há um poço, mas que a água que lá vive é muito limpa das maldades do universo ainda novo. Uma metáfora feliz sobre um universo adulto que ainda pensam como jovens nos momentos do conforto e abrigo para os que ainda não se encontaram neste universo distorcido.
Eis o recado.
Postado por
Victor Hugo Vasconcellos
às
10:49:00
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