27 de outubro de 2011

No desespero, Record criou patrulha para falar bem do Pan na internet:


Durante quase duas semanas, a Record tentou montar uma patrulha de estagiários em jornalismo para agir e postar, nas redes sociais, comentários elogiosos à cobertura da emissora nos Jogos Pan-Americanos, em Guadalajara. O objetivo da tropa era contra-atacar as críticas que há desde o início da transmissão, a respeito do tom "ufanista" de gente como Maurício Torres e Fernando Scherer, entre outras coisas. Bom, mas, até aí, morreu o Neves*. O problema é bem outro, mas eu continuo nas notinhas abaixo para que os leitores queridos possam espreguiçar ou se ajeitar...

Tropa de elite virtual
O problema começou após as primeiras aulas dos estagiários. A princípio elas discorriam sobre como responder a ataques, críticas, que tipo de tom e argumentos utilizar nas redes sociais, nos blogs (e, claro, sem dar bandeira de que é uma ação orquestrada). Também havia informações sobre os principais colunistas, blogueiros e sites a serem seguidos, curtidos, monitorados, respondidos etc e tal.

O milagre da multiplicação de posts
Até aí pode-se dizer que havia até empolgação entre a nova equipe. Ora, o que tem de errado em defender empresa que eu trabalho, se ela me paga justamente para isso?, certamente pensaram. Então veio a "aula magna" de despedida, na qual todos foram informados que deveriam imediatamente a criar perfis falsos no Facebook, Twitter, Orkut, além de e-mails falsos. O alerta da indignação soou imediatamente junto aos futuros jornalistas. Tipo:
Peralá, minha gente, perfil falso também?

Provas documentais
O F5 obteve com exclusividade cópias de e-mails e diálogos entre os estagiários, seus parentes e funcionários da emissora, nos dias seguintes à ordem de criação de perfis falsos. O conteúdo demonstra revolta e assombro diante da tática escolhida. Veja trechos das mensagens (só os publicáveis).
A gente não passou anos estudando para ser brinquediinho (sic).

Em outra mensagem, adiante, o projeto é abortado. Surge uma possível explicação:
Disseram que vazou p (ara) (uma jornalista) um mail da chefia com as ordens. Então o pessoal abortou a operação (anteontem) à noite...

Mas, e por que mais abortou-se a operação?
Em primeiro lugar, como o trecho da mensagem acima diz, porque achava-se que a operação havia vazado (como vazou, caso contrário você não estaria lendo isso aqui. Achou-se melhor não levar adiante. Em segundo lugar porque, ainda ontem, a emissora recebera ótimos dados sobre o Pan: seu ibope disparou no país e na Grande São Paulo após o início dos jogos.
Ou seja, não havia mais necessidade de "patrulha" alguma.

A 'patrolagem'
A tática de criar patrulhas e leitores falsos não é inédita e tampouco exclusividade da Record. Essa estratégia já é usada hoje por empresas, marcas, produtos específicos e até pelo governo federal, de forma descarada e, obviamente, com fins políticos

Contras...
De contra, trata-se de estratégia subreptícia que simplesmente distorce o resultado de uma opinião pública dita real. Isso porque uma só pessoa, que é muito bem paga para isso, por partidos ou empresas, se passa por dezenas ou mesmo centenas de cidadãos ou consumidores ou eleitores ou o que seja. Isso causa impressão de que existe uma situação naturalmente favorável, ou em defesa da marca/partido, mas na verdade, ela não existe. É manipulada. Inventada, "fake".

Prós?
Hoje, no entanto, sabe-se que às vezes marcas/empresas/partidos também podem sofrer ataques de rivais ou inimigos ou concorrrentes justamente com essa tática da "patrulha fake".
Ou não...
Nessa guerra de perfis fakes, pagos, "trollagem" etc simplesmente não há inocentes.

Outro lado
A Record informa que mantém junto ao seu Departamento de Internet um grupo de trabalho responsável por fortalecer e divulgar a marca da emissora e de seus produtos nas mídias sociais - prática legítima e comum executada por grandes corporações em todo mundo. A Record, obviamente, não endossa ações anti-éticas e vai apurar internamente se houve algum tipo de desvio de conduta.

Fonte: F5/UOL.
Autor: Ricardo Feltrin.
Editora: Marina Gurgel.
Foto: Divulgação.

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