14 de janeiro de 2014

ENCONTRO DO SÉCULO - Cap 183 e 184

< Web Novela de MARCOS SILVÉRIO >

No capítulo anterior...
Domitília é barrada na entrada do teatro porque não tem o nome na lista
Ela chora e vai embora arrasada
Pedro, inquieto, procura avistar a amada e manda procurá-la
Chalaça conta que Domitília foi impedida de entrar
Pedro tem um ataque de fúria e expulsa todos do teatro aos gritos
Leopoldina pergunta a Chalaça o que houve. Ele finge não saber
Pedro vai atrás de Domitília e a encontra revoltada

CAP. 183

DOMITÍLIA: Responde, Pedro! Foi pra isso que me trouxe aqui? Para ser humilhada?
PEDRO (de joelhos): Titília, perdoe-me. Não fiz por mal. Me esqueci de avisar na portaria. E também não poderia imaginar que aqueles cretinos tivessem a audácia de lhe barrar por um simples nome na lista.
DOMITÍLIA: Sonhei tanto com essa noite... Pra terminar assim: sofrendo, chorando, humilhada, magoada...
PEDRO: Estou tão revoltado quanto você, meu amor... Não sei se isso lhe serve de consolo, mas expulsei todos de lá quando soube do ocorrido. Se você não assistiu ao espetáculo, ninguém mais assistiu.
DOMITÍLIA: De que adianta isso, se o pior já aconteceu?
PEDRO: É para provar o quanto lhe considero. E tem mais: se quiser assistir ao espetáculo, marco uma sessão só para nós dois, o que acha?
DOMITÍLIA: Não quero ver espetáculo nenhum! Será que não entende que o espetáculo era o que menos interessava lá? O que me importava era você, as pessoas que estavam lá...
PEDRO: Está bem. Vou promover um grande baile e você será convidada, pode ser? (afagando-a) Agora vem cá, não quero lhe ver triste. Pare de chorar. Quero ver um lindo sorriso em seu rosto. Esqueça tudo o que aconteceu. É passado.

Na saída do teatro...

Beija acompanha com olhos fixos a saída de Chalaça, que vem na sua direção. Ao passar do seu lado ele sussurra algo em seu ouvido.

CHALAÇA: É, minha cara, seu posto de “Favorita do Imperador” está por um fio... Nada me dará mais prazer que ver sua derrocada. Espere só pra ver...

Corta para o sobrado da Rua do Ouvidor.

BEIJA: Antes era só desconfiança, mas agora tenho certeza: Pedro tem outra mulher.
SEVERINA: Porque, Sinhá?
BEIJA: Por causa do que disse o paspalho do Chalaça. Ele sabe de algo, senão não me insultaria assim, tão convicto.
SEVERINA: A Sinhá é danada... Descobre tudo...
BEIJA: É, Severina, mas tem coisas que ainda não descobri: porque Pedro tomou aquela atitude insana lá no teatro? E mais: se tem uma amante, quem será ela?

Dias depois, na Quinta da Boa Vista, no quarto do casal.

LEOPOLDINA: Se me permite, quero dizer que está tão estranho ultimamente... Tão frio comigo, mais do que de costume...
PEDRO (indiferente): Problemas, minha cara, problemas. Sou um governante, tenho uma montanha de assuntos para resolver todos os dias.
LEOPOLDINA: Mas sempre teve bom humor, tratava a todos bem, inclusive a mim... Agora me ignora, mal fala comigo, mal encosta em mim durante a noite...
PEDRO: Já disse: problemas, muitos problemas...
LEOPOLDINA: Foi um desses problemas que o levou a tomar aquela atitude no teatro?

Continua...

< Web Novela de MARCOS SILVÉRIO >

No capítulo anterior...
Pedro vai atrás de Domitília e a encontra revoltada
O Imperador assume sua culpa e pede perdão
Chalaça insulta Beija na saída do teatro
Beija está convicta de que Pedro está envolvido com alguém
Pedro se torna indiferente com Leopoldina
O casal discute a relação e ela toca no incidente do teatro

CAP. 184

PEDRO: Porque perguntas isso? Qual a sua verdadeira intenção, me insultar?
LEOPOLDINA: Intenção nenhuma. Só quero entender o porquê de seu comportamento frio e distante.
PEDRO: Já disse: problemas, muitos problemas na administração do reino. A você basta cuidar bem do nosso filho, guardar repouso. No mais, não tem de se preocupar com nada.
LEOPOLDINA: Preocupo-me com você. Vejo que está aflito, impaciente, se irrita facilmente com qualquer coisa. Só queria vê-lo bem.
PEDRO: Agradeço sua preocupação, mas dos meus problemas só eu mesmo posso cuidar. E agora acho melhor dormirmos, pois amanhã terei um longo dia pela frente.
LEOPOLDINA: Está bem, senhor Imperador. Eu só quis ajudar...
PEDRO: Já me ajuda muito se cuidar bem do nosso bebê. E agora vamos dormir.

Leopoldina se deita, mas não consegue pegar no sono. A indiferença de Pedro muito a desgosta.

Dias depois...

MARIA FLORA: Não entendo... O Imperador é outra pessoa. Fico com pena de D. Leopoldina, que faz tudo para agradá-lo e não recebe sequer um sorriso de agradecimento.
CHALAÇA: O Imperador tem suas razões, dona Maria, a situação política do reino não é nada boa. D. Pedro tem enfrentando muitos problemas por conta de dessa Constituinte que instalou.
MARIA FLORA: Não entendo bem essas coisas... O que é uma constituinte?
CHALAÇA: É a reunião de deputados e senadores para escreverem uma constituição para o novo país. A constituição é a lei máxima de um país. Todas as outras leis são feitas de acordo com a constituição. A senhora entende?
MARIA FLORA: Mas se é uma reunião, com um objetivo tão nobre, por quê está dando tanta dor de cabeça?
CHALAÇA: A política é um ninho de cobras, dona Maria. É uma eterna briga pelo poder. Cada um querendo mandar mais que o outro, cada um querendo tirar mais proveito que o outro...

O assunto também repercute na casa de Beija.
 
SEVERINA: Já que o Imperador é tão poderoso, porque ele mesmo não dita as leis, Sinhá?
BEIJA: Ora, Severina, porque isso não seria democrático. Os deputados e senadores são representantes do povo e foram eleitos para fazer a Constituição. Se Pedro ignorasse suas opiniões, se tornaria um monarca absolutista.
SEVERINA: E quando essa lei será terminada?
BEIJA: Isso é um processo longo, pode levar meses... Tudo que diz respeito à vida do país, todos os artigos da lei são debatidos exaustivamente, porque depois de aprovada todas as leis deverão seguir a lei-mãe.

Nisso Pedro adentra a cozinha com o pequeno Pedro Antonio nos braços.


PEDRO (empolgado): Encontrei esse pequeno soldado ali fora... Alguém sabe me dizer a que regimento ele pertence?

Beija fica pálida.

Continua amanhã às 21:00 horas...

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