ENCONTRO DO SÉCULO - Cap 175 e 176

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No capítulo anterior...

O pai de Domitília a flagra aos beijos com Pedro

Pedro se desculpa e o pai manda a filha para o quarto

TC João alerta Pedro sobre sua preocupação com as filhas
Domitília confessa ao pai que está apaixonada

Pedro cobra uma resposta de Domitília sobre a ida para o Rio de Janeiro

CAP. 175

DOMITÍLIA: É como lhe disse. Querer eu quero muito, mas a voz da razão me diz que isso pode ser perigoso.

PEDRO: Não tema, minha querida, estarei ao seu lado em todos os momentos.

DOMITÍLIA: E ainda tem meu pai, que não aceita nosso relacionamento. Será mais um obstáculo a enfrentar.

PEDRO: Façamos o seguinte: prepare tudo. Em algumas semanas mando um mensageiro para lhe buscar. Quero você perto de mim.

DOMITÍLIA: E sua esposa, o que dirá disso tudo?

PEDRO: Leopoldina não precisa saber de nada. E prometo lhe dar toda a atenção possível. Quanto a isso não se preocupe. Não deixarei lhe faltar nada.

DOMITÍLIA: Está bem. Se está dizendo, confio em você.

Beijam-se apaixonados.

UM MÊS DEPOIS...

Com o salão lotado, no Paço Real, Pedro discursa para os presentes.

PEDRO: Como Imperador recém proclamado e Defensor Perpétuo do Brasil, prometo dar a minha vida, se preciso for, para fazer do Brasil uma nação respeitada mundo afora. Não medirei esforços para que esta terra cumpra o glorioso papel que o destino lhe reserva. Muito obrigado.

Todos aplaudem.

Corta para a Chácara Cedro, à noite, o casal na cama, conversando.

BEIJA: Tenho lhe notado ausente ultimamente. Tem aparecido pouco, sempre com pressa...

PEDRO: Os últimos acontecimentos têm me tomado todo o tempo. Às vezes até me esqueço de que sou um homem, de que tenho desejos... Virei um governante em tempo integral. São tantos os problemas...

BEIJA: Estou ciente dos fatos, mas acredito que deveria dosar melhor as coisas, para não comprometer sua capacidade de pensar. O lazer também é importante.

PEDRO: Agora o que me preocupa é que algumas províncias se recusam a aceitar a independência do Brasil. Cisplatina, Bahia, Piauí, Grão -Pará... Esses lugares concentram as tropas portuguesas e como a maioria dos oficiais são de origem lusa, estão defendendo os interesses da pátria-mãe.

BEIJA: Entendo. Mas José Bonifácio poderá lhe ajudar com isso. É um homem com muita visão política, econômica...

PEDRO: Já tomamos algumas providências. Já compramos armas e navios para a formação de um exército só de brasileiros e também estamos expulsando quem não é favorável à independência, mas não deixa de ser um dissabor sempre que aparece algum problema. E eles são tantos que você nem imagina...

BEIJA: Entendo. (pausa) E o relacionamento com a sua esposa, como está?

Continua...

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No capítulo anterior...

Pedro cobra uma resposta de Domitília

Ele promete levá-la para o Rio de Janeiro

Um mês depois Pedro é declarado Imperador e Defensor Perpétuo do Brasil

Numa conversa com Beija ele reclama do excesso de trabalho

Beija pergunta como está seu casamento com Leopoldina

CAP. 176

PEDRO: Meu casamento está como sempre esteve: morno. Nunca fui apaixonado por Leopoldina. Você sabe muito bem que me casei apenas para honrar o acordo de meu pai.

BEIJA: Mas agora D. João não está mais aqui. Poderia resolver essa situação da sua maneira.

PEDRO: Continuo refém do acordo de meu pai. Hoje a situação é ainda mais complicada. Sou o governante desse país. Uma atitude minha tem mais peso do que quando era apenas o filho do governante. Tenho de refletir muito antes de tomar qualquer decisão... Ainda mais agora que...

BEIJA: Agora que... O que ia dizendo?

PEDRO: Leopoldina espera um filho, de poucos meses, mas já é certo que está grávida.

BEIJA: Isso faz diferença. Um filho muda tudo.

PEDRO: Vamos ver se esse filho será capaz de estreitar os laços entre nós.

BEIJA: O que lhe incomoda?

PEDRO: Nós somos muito diferentes. O povo europeu é muito diferente do brasileiro. O povo daqui é alegre, comunicativo, extrovertido. Já os europeus são frios, sisudos. Parecem que estão sempre de mau humor... Ela até tenta me agradar, do jeito dela, mas não consigo me afeiçoar, entende?

BEIJA: Situação complicada a sua, meu querido. É melhor começarem a se entender, porque se esse filho vier mesmo, vocês estarão ligados para sempre...

Dias depois, nas baias do palácio.

CHALAÇA: Tenho notado você meio triste. O que lhe preocupa?

PEDRO: Além dos problemas do Império? A saudade de Domitília.

CHALAÇA: Não se esqueceu dela até hoje? Mas já se passaram três meses desde a sua volta de Santos.

PEDRO: Prometi que mandaria um mensageiro para buscá-la e vou cumprir. Aquela mulher não me sai da cabeça...

CHALAÇA: Até outro dia Beija era seu grande amor... Que dizer que Beija agora é passado?

PEDRO: Claro que não. Eu quero as duas. Que mal há em querer ter duas mulheres? Do jeito que a coisa é boa, meia dúzia ainda seria pouco.

CHALAÇA: Você está chegando lá... Tem Leopoldina, Beija e agora Domitília. Só faltam mais três... (risos)

PEDRO: Quem dera a coisa fosse fácil assim... Uma só já dá um trabalhão danado, imagine seis...

Em 1º de dezembro de 1822, numa bela cerimônia, Pedro é sagrado e coroado Imperador do Brasil.

Corta para a fazenda de Santos.

TC JOÃO (agoniado): Me diga, Tonha, onde está Domitília? Você passou o dia todo com ela...

TONHA (com medo): Num sei, sinhô, eu deixei ela na bica tomano água. No que vortei ela num tava mais lá...

BENEDITA (entrando): Eu sei onde Titília foi, meu pai...

TC JOÃO: Então diga logo! Não me deixe mais agoniado do que já estou!

BENEDITA: Titília fugiu.

Continua amanhã às 21:00 horas...