6 de janeiro de 2014

ENCONTRO DO SÉCULO - Cap 169 e 170

< Web Novela de MARCOS SILVÉRIO >

No capítulo anterior...
D. João nomeia Pedro como “Príncipe Regente do Brasil”
Em seguida parte com a família para Portugal
Alguns meses se passam e as relações entre Brasil e Portugal se complicam
Pedro se torna freqüentador da chácara de Beija
Ele a informa dos últimos acontecimentos e pede conselhos
Pedro anuncia ao povo que ficará no Brasil

CAP. 169

Terminado o discurso na sacada, Pedro volta para o salão, onde diversos assessores e pessoas mais próximas o aguardam. O príncipe os cumprimenta um a um e abraça Beija, com especial desvelo. Mas D. Leopoldina não gosta nem um pouco do que vê.

LEOPOLDINA: Não entendo o que esta mulher está fazendo aqui. Antes seus conchavos políticos eram tramados fora dos muros palacianos, agora traz esta sujeita para o meio de nossos salões, e ainda lhe dedica especial atenção.
PEDRO: Não seja ciumenta, Leopoldina. Beija é uma grande mulher, uma grande conselheira. Entende mais de política do que muitos dos meus assessores.
LEOPOLDINA: Pelo visto não só de política como de muitos outros assuntos mais, não é mesmo?
PEDRO: Está sendo implicante agora.
LEOPOLDINA: Não me sinto bem com a presença dela aqui. Todos sabem de seu ramo de negócio.
PEDRO: Por hora basta. Preciso dar atenção aos presentes.

O clima de euforia e comemoração domina todo aquele resto de dia e entra pela noite adentro.

Semanas depois as repercussões da decisão de D. Pedro começam a pipocar por diversas partes do território. Numa de suas visitas à Chácara Cedro, o assunto vem à tona.

PEDRO: Soube que há revoltas na província de São Paulo e Minas também exige a minha presença.
BEIJA: Acredito que seja prudente ir às Minas Gerais, pelo menos para agradecer o apoio que tem recebido.
PEDRO: Mas o que me preocupa mesmo são as revoltas de São Paulo. Não sei como, mas ainda há quem defenda a submissão a Portugal.
BEIJA: Vá a São Paulo também, oras. Você tem muitos contatos lá. Só precisa reunir algumas pessoas formadoras de opinião, para que abracem a sua causa. Um movimento é feito por líderes. Se convencê-los a lhe apoiar, dificilmente a massa ficará contra ti.
PEDRO: Tem razão. Estava relutando em fazer esta viagem, mas talvez tenha chegado o momento oportuno.

Pedro viaja até a província das Minas Gerais. Sua popularidade é atestada pela grande recepção que tem. Ali agradece o apoio recebido, participa de várias reuniões e segue para a província de São Paulo.

No caminho entre Santos e a cidade de São Paulo, Pedro descansa com sua comitiva às margens do Riacho Ipiranga. Um cavaleiro os alcança com cartas de José Bonifácio e D. Leopoldina lhe informando dos últimos acontecimentos. Portugal exige o retorno imediato do Príncipe a Lisboa e caso esta ordem não seja cumprida, o Brasil sofrerá uma ação militar.

Após ler, Pedro caminha de um lado para outro, pensativo, visivelmente nervoso, sem que nenhum dos presentes ouse perturbar-lhe o raciocínio. Ele puxa a espada da bainha e ergue, sob os olhares admirados de todos.

PEDRO: Independência ou morte! A partir deste momento estão rompidos todos os laços que nos uniam a Portugal! O Brasil agora é um país livre e independente! Ou isso, ou a guerra!

Continua...

< Web Novela de MARCOS SILVÉRIO >

No capítulo anterior...
D. Pedro anuncia ao povo que ficará no Brasil
D. Leopoldina reclama da presença de Beija no Paço Real
Pedro discute com Beija sobre as relações do Brasil com Portugal
Beija o aconselha a ir a Minas e São Paulo
Na volta de Santos D. Pedro proclama a Independência do Brasil

CAP. 170

A euforia toma conta de todos os presentes. A maioria dos guardas nem entende direito o que está se passando, mas pacientemente Pedro explica a importância daquela atitude que acabara de tomar.
Um dos homens da comitiva, o Tenente-Coronel João de Castro, que acompanhava D. Pedro desde Santos, faz uma proposta.

TC JOÃO: Alteza, permita-me dar-lhe uma sugestão.
PEDRO: Pois não, Coronel.
TC JOÃO: Podemos voltar até minha fazenda e fazermos uma grande festa para comemorar a Independência do Brasil.
PEDRO: Mas Santos já ficou pra trás...
TC JOÃO: Minha fazenda não fica exatamente em Santos. Teremos de voltar apenas algumas léguas. É por uma boa causa, Alteza. Um acontecimento tão solene merece comemoração.
PEDRO: Está bem. Vamos comemorar então!

Pedro reúne os homens e informa a decisão de voltar.

Depois de algumas horas de marcha a comitiva estaciona no vasto descampado à frente da fazenda.

TC JOÃO: Vou mandar matar uma vaca. Alteza, pode designar alguns homens para buscar lenha, armar os braseiros e alguns para buscar os tonéis de cachaça?
PEDRO: Só se trouxerem uma boa branquinha pra mim.
TC JOÃO: Para Vossa Alteza tenho vinhos vindos direto da França.
PEDRO: Dispenso os vinhos da França, amigo. Prefiro uma boa cachaça.
TC JOÃO: Vossa Alteza quem manda.

Horas mais tarde, Pedro nota quando quatro escravos passam conduzindo uma liteira. Dentro dela uma bela senhorita lhe chama a atenção. Solícito, Pedro toma o lugar de um dos escravos e transporta a bela jovem até a entrada principal da casa.

Em silêncio ele estende a mão e ajuda a moça a descer. Admirada com tamanha gentileza, ela nada diz, nem mesmo agradece.

Ao se juntar aos homens que se deliciam com o churrasco...

PEDRO: Alguém sabe me dizer quem é aquela bela jovem?
GUARDA 1: Infelizmente não, Alteza.
GUARDA 2: Bonita daquele jeito, deve ser casada, mas como Vossa Alteza é um Príncipe...
PEDRO: O quê é que tem?
GUARDA 2: Certamente poderá conhecer a moça melhor...
PEDRO: Huuummm... Deu-me uma boa idéia... João de Castro poderá dar esta resposta.

Quando Pedro adentra a sala, a moça está de pé ao lado do Tenente-Coronel, dono da casa.

TC JOÃO: Alteza, se me permite, quero lhe apresentar uma pessoa: esta é Domitília de Castro do Canto e Melo, minha filha.
PEDRO (beijando-lhe a mão): Encantado, senhorita.

Os dois se olham longamente.

Continua amanhã às 21:00 horas...

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