2 de dezembro de 2013

ENCONTRO DO SÉCULO - Cap 109 e 110

< Web Novela de MARCOS SILVÉRIO>

No capitulo anterior...
Beija diz que uma surpresa aguarda João
Pouco depois o rapaz chega e o casal conversa amistosamente
Ao tentar ler a carta, Beija a toma de João e lê ela mesma
O rapaz fica boquiaberto com a novidade e comemoram com efusivo abraço
Pedro adentra a sala e os flagra em um abraço suspeito

CAP. 109

O clima fica muito tenso e inicia-se uma forte discussão.

PEDRO (nervoso): Que palhaçada é essa aqui?
BEIJA: Não há palhaça alguma, Pedro. É simplesmente um abraço de amigos.
PEDRO: Então é assim? Basta que eu vire as costas para você sair distribuindo abraços para seus amigos? “Amigos”! Sei muito bem que tipo de amigo é esse daí!/
BEIJA: Não seja grosseiro!
PEDRO: Então além de corno ainda tenho de ser manso? É isso?
BEIJA: Pedro, você está muito exaltado. Vamos conversar civilizadamente. Eu posso explicar tudo.

O príncipe caminha pela sala, ergue os copos com restos de licor, a garrafa, observa-os e tira suas conclusões.

PEDRO: Posso imaginar muito bem o que se passava aqui... Bebidas, gargalhadas... Abraços... Daí para os beijos e a cama seria um pulo!
BEIJA (nervosa): Você está me ofendendo, Pedro! Não era você que dizia que me amava, que confiava em mim?
PEDRO: Confiava, até não ter nenhum motivo para suspeitar do contrário.

Já recomposto, e muito constrangido com toda a situação, João tenta intervir.

JOÃO: Está equivocado, Alteza, o que se passava aqui era coisa/
PEDRO (cortando): Vá embora! Suma das minhas vistas! Desapareça daqui!
BEIJA: Pedro, não pode expulsar as minhas visitas, da minha casa!
PEDRO: Ah não? Então prefere que eu me retire?

Pressionada, a anfitriã não tem alternativa.

BEIJA: João, por favor, vá. Depois conversamos com calma.
JOÃO: Está bem Beija. Precisando de mim é só chamar.
BEIJA: Avise-me quando D. Josefa chegar.
PEDRO: Quer dizer que haverá outras vezes, outros encontros e outros chamegos?

João sai.

BEIJA: Quando tudo isso tiver bem esclarecido, ficará envergonhado e certamente pedirá desculpas a João pelo papel ridículo que representou nessa cena.
PEDRO: Pedir desculpas, eu? Além de “manso” ainda terei de me humilhar? Essa é boa!
BEIJA: Pedro, afinal de contas, que diabos deu em você para fazer essa grosseria toda?

Continua...

< Web Novela de MARCOS SILVÉRIO>

No capítulo anterior...
Pedro adentra a sala e flagra João e Beija abraçados
O casal tenta se explicar, mas ele fica furioso
João tenta argumentar, mas é expulso pelo Príncipe
Irado, Pedro ameaça se retirar caso João não o faça
Beija pergunta o porquê de toda aquela fúria

CAP. 110

BEIJA: Pedro, até onde sei é um homem educadíssimo, civilizado, acostumado aos rituais da Corte. O que houve para lhe despertar tamanha fúria?
PEDRO: Sou de carne e osso, Beija. Chego aqui e a encontro agarrada com aquele outro. Queria o quê? Já lhe disse que não tenho vocação para corno manso.
BEIJA: Mas antes de despejar toda a sua ira, deveria ter pelo menos tentado entender o que estava acontecendo.
PEDRO (convicto): Pra estas coisas não é preciso entender muito... São tão claras...
BEIJA: Nem tudo é o que parece... Você se equivocou e muito.
PEDRO: Está querendo dizer que não a vi abraçada com aquele camarada?
BEIJA: Não. Realmente estava abraçada, mas o motivo do abraço é que não era o que você está pensado.
PEDRO (irônico): Ah... Não? Então era o quê?
BEIJA: Estávamos felizes, porque fui capaz de ler a carta que D. Josefa, mãe de João, havia escrito. Não havia nada demais naquilo...
PEDRO: Então conhece esta família?
BEIJA: Desde sempre. Conheço desde os meus quatro anos de idade. Fui criada junto com João até que saiu de Araxá para estudar aqui no Rio de Janeiro. Percebe agora a burrada que fez?
PEDRO (inconformado): Nem tanto. Não vem com essa conversa, não! Percebo muito bem a maneira que olha para você. Aquele homem é perdidamente apaixonado por você, Beija! Será que não percebe isso?
BEIJA: Sim, sei muito bem disso. João é apaixonado por mim desde os tempos do Catecismo de Padre Aranha. E quando nos reencontramos no Rio, uma pequena chama de sentimento voltou a se acender.
PEDRO: Então tenho minha parcela de razão...
BEIJA: Não! Porque nossos sentimentos são bem separados. Quando conheci você, tive uma conversa séria com João e avisei-lhe que deveria se afastar de mim. Desde então tem se portado como um cavalheiro e nunca me faltou com o respeito.
PEDRO (ainda desconfiado): Beija, você é tão ingênua... Se está perto de você, é porque no fundo ainda alimenta alguma esperança de reconquistá-la...
BEIJA: O único motivo da nossa comemoração foi o fato da leitura da carta. João sabia desde sempre que eu era analfabeta e sempre insistiu para que aprendesse a ler. Ficou maravilhado quando ouviu minha leitura. E nos abraçamos para comemorar. Foi só isso! (pausa - ela começa a chorar) Será, meu Deus, que uma coisa tão sublime quanto a leitura, só serviu para me causar problemas? Melhor teria sido continuar analfabeta...
PEDRO (comovido): Agora entendo, minha querida. Estou tão envergonhado por esse equívoco. Perdoe-me. Fui tomado pelo ciúme, perdi a cabeça e fui grosseiro. Perdoe-me.
BEIJA (limpando as lágrimas): Perdôo. Perdôo sim. Mas com uma condição: você terá de pedir desculpas a João também.

Continua amanhã...

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