< Web Novela de MARCOS SILVÉRIO>
No capítulo anterior...
Beija reclama de enjôos e Severina acredita que esteja grávida
A patroa rejeita a idéia e se preocupa com a reação de Pedro
D. Carlota agradece a Beija por facilitar seus encontros com escravos
Beija diz que terá de se afastar das funções de dama de companhia
Pedro diz a Chalaça que está desconfiado pois Beija anda muito estranha
Numa visita surpresa à Chácara, Pedro flagra Beija e Motta na cama
CAP. 149
PEDRO
(transtornado): Não sei o que faço com vocês, seus ordinários! Não sei
se lhes dou um tiro no meio da testa, ou se os esgano com as minhas
próprias mãos!
BEIJA (se recompondo): Calma, Pedro, eu posso explicar...
PEDRO:
Explicar o quê, Beija? O inexplicável? Explicar que você está me
corneando com esse outro safado aí? Não existe explicação pra isso! É
falta de vergonha mesmo!
Motta se recompõe. Pedro anda de um lado para outro do quarto, inconformado.
PEDRO:
Meu Deus! Como fui tão estúpido que não percebi? Por isso você rondava
tanto o palácio ultimamente, não é, Motta? Certamente os dois tramavam
os encontros ali mesmo, debaixo do meu nariz! Como fui idiota!
MOTTA (apreensivo) Acho melhor me retirar para que possam se entender à sós...
BEIJA (autoritária): Não! Você fica! Não vai sair agora de fininho e me deixar aqui nessa situação. Você fica!
PEDRO: É melhor sair, antes que resolva lhe partir a cara na porrada.
BEIJA:
Pedro, não é nada disso que você está pensando. Eu não tenho nada com
esse cidadão. Esse homem é um carma na minha vida. Parece que me
persegue desde a outra encarnação...
PEDRO (nervoso): Como não tem, Beija? Além de corno, agora fiquei cego também? Eu vi com meus próprios olhos vocês nus, atracados sobre esta cama.
PEDRO (nervoso): Como não tem, Beija? Além de corno, agora fiquei cego também? Eu vi com meus próprios olhos vocês nus, atracados sobre esta cama.
BEIJA: Estou sendo vítima de uma chantagem. É isso. Esse inescrupuloso estava me chantageando para obter favores sexuais.
PEDRO: Chantagem? Que desculpa é essa agora? Estão tentando me enrolar, é isso?
BEIJA: Chantagem, Pedro, chantagem sim! Caso recusasse lhe prestar favores sexuais, ele ameaçava lhe revelar meu passado.
PEDRO:
O que há de tão grave assim no seu passado? (pensa um instante) Ah...
Lembro-me que certa vez comecei a lhe fazer perguntas sobre sua origem e
se recusou a respondê-las... Afinal, Beija, o que há de tão podre assim
nesse seu passado?
MOTTA: Beija era uma prostituta.
PEDRO: Cale a boca! Quero ouvir da boca dela.
BEIJA:
É verdade. Eu me prostituía sim. Mas não por prazer ou por necessidade,
mas por uma série de outros motivos. É uma longa história. Se tiver
paciência vou lhe contar tudo desde o início, e sem omitir uma única
vírgula.
PEDRO: Sou todo ouvidos. Pode começar.
Beija
narra toda a sua trajetória, desde o baile no Arraial, o rapto, a morte
de seu avô, a vida em Paracatu, os amantes que recebia para afrontar o
Ouvidor, os escândalos, sua estada em Araxá, sua partida para o Rio, até
o momento em que conheceu o Príncipe.
Algumas vezes Motta tenta intervir, no intuito de se defender, mas Pedro manda calar-se.
Beija se emociona e chora várias vezes. Terminada a confissão, sente-se aliviada.
MOTTA: E agora, Pedro, que já sabe toda a verdade, o que pretende fazer?
Continua...
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No capítulo anterior...
Numa visita surpresa à Chácara, Pedro flagra Beija e Motta na cama
Irado, o Príncipe ameaça matá-los, mas Beija pede para explicar-se
Ela conta que está sendo vítima de chantagem por parte de Motta
Beija conta toda sua história a Pedro, incluindo seu maior segredo
Revela que se prostituía em Paracatu para afrontar o Ouvidor
Motta pergunta a Pedro o que pretende fazer agora
CAP. 150
PEDRO:
Com você, nada, Motta. Sei que é um protegido de meu pai. E qualquer
coisa que tentasse seria barrada por ele. Mas vou lhe repetir: fique
longe de Beija! E agora que tudo está esclarecido, não há mais motivo
para sua presença aqui. Retire-se imediatamente!
Motta apanha suas coisas e sai. Beija chora baixinho sentada na cama.
PEDRO:
Quanto a você, Beija, ainda não sei o que lhe dizer. Preciso esfriar a
cabeça, pensar um pouco, para depois tomar uma decisão. Sou muito
impulsivo e minhas decisões repentinas tendem a ser desastrosas.
BEIJA: Pedro, eu o amo. Tudo que fiz foi por medo de lhe perder... Tente entender a minha situação...
PEDRO:
Por isso quero pensar, para tentar lhe compreender. Mas devo confessar
que minha confiança ficou muito abalada. Tinha planos para nosso futuro.
Estava disposto a brigar com meu pai, mesmo ele sendo totalmente contra
meu casamento com uma mulher que não fosse de sangue azul, estava
disposto a desafiá-lo, tudo em nome do nosso amor. Mas devo admitir que
agora não estou tão seguro disso...
BEIJA:
Está bem. Mas pense com carinho. Em tudo que vivemos e tudo que
poderemos viver. Nosso amor é muito maior que essas pequenas
adversidades.
PEDRO: Até mais ver, Beija. Volto a lhe procurar em breve com uma solução.
Horas depois, na Quinta da Boa Vista...
D. JOÃO: Pedrinho, Pedrinho, venha cá. Tenho notícias fresquinhas para ti.
PEDRO: O que houve, meu pai, de tão importante?
D. JOÃO:
Está para atracar no porto do Rio de Janeiro, a qualquer momento, a
embarcação que traz da Europa a menina Leopoldina, a sua noiva.
PEDRO: Noiva? Que noiva? Que história é essa?
D. JOÃO: Oras! Não lhe disse que havia mandado um mensageiro à Europa buscar uma noiva para ti? Pois bem, acabam de chegar ao Brasil...
PEDRO: Era só o que me faltava... Não disse que não penso em me casar agora?
D. JOÃO:
Não estou perguntando se deseja ou não, Pedro. O casamento já está
acertado em documentos entre mim e o Imperador Francisco, da Áustria. Só
lhe resta cumprir o que foi determinado.
PEDRO: Está bem, meu pai, depois conversamos sobre isso. No momento não estou com cabeça pra nada.
Dias depois, na Rua do Ouvidor.
BEIJA:
Pedro está magoado, eu sei, mas duvido que não mude de opinião quando
souber que espero um filho dele... Quero lhe dar a notícia assim que
botar os pés nessa casa...
SEVERINA: Qualquer homem vira um doce com uma notícia dessas, Sinhá. Se bem conheço D. Pedro, ele dará pulos de alegria.
Minutos mais tarde, bate à porta. Severina atende. É o príncipe.
PEDRO: Beija, não pretendo me alongar para não nos desgastar mais que o necessário.
BEIJA: Nossa, está tão formal... Isso não é típico da sua pessoa... Não me abraçou, não me beijou...
PEDRO: Pensei bastante sobre nós, sobre tudo que aconteceu e tomei uma decisão. No momento o casamento é a melhor solução.
BEIJA: Casamento, assim, de uma hora pra outra? Mas nem me preparei...
PEDRO: Vou me casar sim, Beija, mas não será com você. Vou me casar com D. Leopoldina, Arquiduquesa da Áustria.
Beija fica estarrecida.
Continua amanhã às 21:00 horas...
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