25 de dezembro de 2013

ENCONTRO DO SÉCULO - Cap 149 e 150

< Web Novela de MARCOS SILVÉRIO>

No capítulo anterior...
Beija reclama de enjôos e Severina acredita que esteja grávida
A patroa rejeita a idéia e se preocupa com a reação de Pedro
D. Carlota agradece a Beija por facilitar seus encontros com escravos
Beija diz que terá de se afastar das funções de dama de companhia
Pedro diz a Chalaça que está desconfiado pois Beija anda muito estranha
Numa visita surpresa à Chácara, Pedro flagra Beija e Motta na cama

CAP. 149

PEDRO (transtornado): Não sei o que faço com vocês, seus ordinários! Não sei se lhes dou um tiro no meio da testa, ou se os esgano com as minhas próprias mãos!
BEIJA (se recompondo): Calma, Pedro, eu posso explicar...
PEDRO: Explicar o quê, Beija? O inexplicável? Explicar que você está me corneando com esse outro safado aí? Não existe explicação pra isso! É falta de vergonha mesmo!

Motta se recompõe. Pedro anda de um lado para outro do quarto, inconformado.

PEDRO: Meu Deus! Como fui tão estúpido que não percebi? Por isso você rondava tanto o palácio ultimamente, não é, Motta? Certamente os dois tramavam os encontros ali mesmo, debaixo do meu nariz! Como fui idiota!
MOTTA (apreensivo) Acho melhor me retirar para que possam se entender à sós...
BEIJA (autoritária): Não! Você fica! Não vai sair agora de fininho e me deixar aqui nessa situação. Você fica!
PEDRO: É melhor sair, antes que resolva lhe partir a cara na porrada.
BEIJA: Pedro, não é nada disso que você está pensando. Eu não tenho nada com esse cidadão. Esse homem é um carma na minha vida. Parece que me persegue desde a outra encarnação...
PEDRO (nervoso): Como não tem, Beija? Além de corno, agora fiquei cego também? Eu vi com meus próprios olhos vocês nus, atracados sobre esta cama.
BEIJA: Estou sendo vítima de uma chantagem. É isso. Esse inescrupuloso estava me chantageando para obter favores sexuais.
PEDRO: Chantagem? Que desculpa é essa agora? Estão tentando me enrolar, é isso?
BEIJA: Chantagem, Pedro, chantagem sim! Caso recusasse lhe prestar favores sexuais, ele ameaçava lhe revelar meu passado.
PEDRO: O que há de tão grave assim no seu passado? (pensa um instante) Ah... Lembro-me que certa vez comecei a lhe fazer perguntas sobre sua origem e se recusou a respondê-las... Afinal, Beija, o que há de tão podre assim nesse seu passado?
MOTTA: Beija era uma prostituta.
PEDRO: Cale a boca! Quero ouvir da boca dela.
BEIJA: É verdade. Eu me prostituía sim. Mas não por prazer ou por necessidade, mas por uma série de outros motivos. É uma longa história. Se tiver paciência vou lhe contar tudo desde o início, e sem omitir uma única vírgula.
PEDRO: Sou todo ouvidos. Pode começar.

Beija narra toda a sua trajetória, desde o baile no Arraial, o rapto, a morte de seu avô, a vida em Paracatu, os amantes que recebia para afrontar o Ouvidor, os escândalos, sua estada em Araxá, sua partida para o Rio, até o momento em que conheceu o Príncipe.

Algumas vezes Motta tenta intervir, no intuito de se defender, mas Pedro manda calar-se.

Beija se emociona e chora várias vezes. Terminada a confissão, sente-se aliviada.

MOTTA: E agora, Pedro, que já sabe toda a verdade, o que pretende fazer?

Continua...

> Web Novela de MARCOS SILVÉRIO <

No capítulo anterior...
Numa visita surpresa à Chácara, Pedro flagra Beija e Motta na cama
Irado, o Príncipe ameaça matá-los, mas Beija pede para explicar-se
Ela conta que está sendo vítima de chantagem por parte de Motta
Beija conta toda sua história a Pedro, incluindo seu maior segredo
Revela que se prostituía em Paracatu para afrontar o Ouvidor
Motta pergunta a Pedro o que pretende fazer agora

CAP. 150

PEDRO: Com você, nada, Motta. Sei que é um protegido de meu pai. E qualquer coisa que tentasse seria barrada por ele. Mas vou lhe repetir: fique longe de Beija! E agora que tudo está esclarecido, não há mais motivo para sua presença aqui. Retire-se imediatamente!

Motta apanha suas coisas e sai. Beija chora baixinho sentada na cama.

PEDRO: Quanto a você, Beija, ainda não sei o que lhe dizer. Preciso esfriar a cabeça, pensar um pouco, para depois tomar uma decisão. Sou muito impulsivo e minhas decisões repentinas tendem a ser desastrosas.
BEIJA: Pedro, eu o amo. Tudo que fiz foi por medo de lhe perder... Tente entender a minha situação...
PEDRO: Por isso quero pensar, para tentar lhe compreender. Mas devo confessar que minha confiança ficou muito abalada. Tinha planos para nosso futuro. Estava disposto a brigar com meu pai, mesmo ele sendo totalmente contra meu casamento com uma mulher que não fosse de sangue azul, estava disposto a desafiá-lo, tudo em nome do nosso amor. Mas devo admitir que agora não estou tão seguro disso...
BEIJA: Está bem. Mas pense com carinho. Em tudo que vivemos e tudo que poderemos viver. Nosso amor é muito maior que essas pequenas adversidades.
PEDRO: Até mais ver, Beija. Volto a lhe procurar em breve com uma solução.

Horas depois, na Quinta da Boa Vista...

D. JOÃO: Pedrinho, Pedrinho, venha cá. Tenho notícias fresquinhas para ti.
PEDRO: O que houve, meu pai, de tão importante?
D. JOÃO: Está para atracar no porto do Rio de Janeiro, a qualquer momento, a embarcação que traz da Europa a menina Leopoldina, a sua noiva.
PEDRO: Noiva? Que noiva? Que história é essa?
D. JOÃO: Oras! Não lhe disse que havia mandado um mensageiro à Europa buscar uma noiva para ti? Pois bem, acabam de chegar ao Brasil...
PEDRO: Era só o que me faltava... Não disse que não penso em me casar agora?
D. JOÃO: Não estou perguntando se deseja ou não, Pedro. O casamento já está acertado em documentos entre mim e o Imperador Francisco, da Áustria. Só lhe resta cumprir o que foi determinado.
PEDRO: Está bem, meu pai, depois conversamos sobre isso. No momento não estou com cabeça pra nada.

Dias depois, na Rua do Ouvidor.

BEIJA: Pedro está magoado, eu sei, mas duvido que não mude de opinião quando souber que espero um filho dele... Quero lhe dar a notícia assim que botar os pés nessa casa...
SEVERINA: Qualquer homem vira um doce com uma notícia dessas, Sinhá. Se bem conheço D. Pedro, ele dará pulos de alegria.

Minutos mais tarde, bate à porta. Severina atende. É o príncipe.

PEDRO: Beija, não pretendo me alongar para não nos desgastar mais que o necessário.
BEIJA: Nossa, está tão formal... Isso não é típico da sua pessoa... Não me abraçou, não me beijou...
PEDRO: Pensei bastante sobre nós, sobre tudo que aconteceu e tomei uma decisão. No momento o casamento é a melhor solução.
BEIJA: Casamento, assim, de uma hora pra outra? Mas nem me preparei...
PEDRO: Vou me casar sim, Beija, mas não será com você. Vou me casar com D. Leopoldina, Arquiduquesa da Áustria.

Beija fica estarrecida.

Continua amanhã às 21:00 horas...

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