6 de dezembro de 2013

ENCONTRO DO SÉCULO - Cap 117 e 118

< Web Novela de MARCOS SILVÉRIO>

No capítulo anterior...
Beija questiona se o verdadeiro motivo de Motta não é o ciúme
Ele não responde e a acusa de ter prazer no sofrimento dos homens
Beija diz que Motta a transformou numa pessoa cruel
A discussão continua e não leva a nenhuma conclusão
Chalaça questiona Pedro sobre se envolvimento com Beija
Pedro reafirma sua paixão e diz que vai surpreender a amada

CAP. 117

Chalaça bem que tenta extrair alguma informação sobre a tal surpresa, mas Pedro não dá nenhuma pista.

PEDRO: Ora, Chalaça, curiosidade é uma virtude feminina...
CHALAÇA: Não, é que, do jeito que falou, fiquei imaginando mil coisas...
PEDRO: Pois não imagine nada, apenas aguarde.

Pedro se diverte com a situação, enquanto Chalaça demonstra frustração por não ter saciado sua curiosidade.

Enquanto isso continua a discussão...

MOTTA: Você deveria acatar a minha sugestão porque é o melhor para nós dois.
BEIJA (irônica): O melhor para você, está querendo dizer, não é mesmo, Ouvidor Motta? (séria) Só que os seus dias de Ouvidor terminaram... E os meus de “Moça do Ouvidor” também. Hoje sou uma mulher livre, faço o que tenho vontade, compreende?
MOTTA: Perfeitamente. Mas já que não quer compreender-me, não terei alternativa que não obrigá-la a ir embora.
BEIJA: Obrigar-me, Motta? Como? À chibatadas? Não, Dr. Motta, eu não sou uma negra fujona. Não tenho senhor. E se quer saber, tenho alguém que zela por mim. Caso o senhor insista nesta perseguição, não hesitarei em recorrer a D. Pedro. Aí sim, tudo que o senhor teme vir à público, poderá vir de uma maneira muito mais rápida do que imagina...

Motta anda de um lado para outro, inconformado.

Na cozinha, as escravas cuidam dos afazeres, mas com o ouvido ligado na conversa da patroa.

FLAVIANA: Que será que o Sinhô Motta tá fazendo aqui?
SEVERINA: Eu não faço a menor idéia, mas coisa boa para a Sinhá não dever ser... O Ouvidor não queria que ela viesse para o Rio de Janeiro de jeito nenhum.
FLAVIANA: E porque a Sinhá teimou e veio?
SEVERINA: Porque ele não manda mais em Dona Beija. Não é o dono dela. Depois de tudo que o Dr. Motta lhe fez, a Sinhá tinha o direito de recomeçar sua vida.
FLAVIANA: Eu ouvi. Veio mandá a Sinhá ir embora da cidade. Hôme casado é assim: eles qué vivê no desfrute, mas nunca qué que as esposa fique sabendo...
SEVERINA: Se for isso, espero que Dona Beija seja forte e resista.

Corta para a sala. Bate à porta. (instantes) Bate novamente.

Beija fica apreensiva.

Continua...


< Web Novela de MARCOS SILVÉRIO>

No capítulo anterior...
Pedro diz a Chalaça que vai surpreender Beija
Ele fica curioso, mas o Príncipe nada revela
Motta exige que a ex-amante deixe o Rio de Janeiro
Beija ameaça recorrer a Pedro caso o Ouvidor insista
Pedro bate à porta e Beija fica apreensiva

CAP. 118

Antes que as escravas se aproximem, Beija mesma abre a porta e se surpreende com a presença de Pedro.

BEIJA: Oi, meu amor, tudo bem? (se beijam) Entre...
PEDRO: Surpresa com minha presença?
BEIJA: Sim... Quer dizer, não... Só não o esperava agora, nesse momento...
PEDRO: Estava louco de saudades e... Depois daquele pequeno atrito, não via a hora de lhe falar...
BEIJA: Esqueça. Ventos passados não movem moinhos... Não é assim que todos dizem?
PEDRO: Trouxe isto para você. (e lhe entrega um pequeno ramalhete de flores) Colhidas lá mesmo, nos jardins do palácio.

Beija agradece com um abraço e até esboça um sorriso, mas no fundo está muito tensa. Motta está escondido atrás de uma cortina de veludo, bem no canto da sala.

PEDRO: Você me parece tensa, meu amor. Está preocupada com alguma coisa?
BEIJA: Não, nada... Dê-me licença por um instante. Vou à cozinha apanhar um vaso para colocar as flores. São tão lindas...

Apressada a moça caminha até a cozinha à procura de sua mucama. Sussurra algo em seu ouvido.

BEIJA: Vou despistar Pedro e você dê um jeito de sumir com Motta, pelo amor de Deus! Mas cuidado para que ele não perceba nada.
SEVERINA: Sinhá, mas e os guardas lá fora?
BEIJA: Dê um jeito. Pelo amor de Deus, suma com esse homem daqui!
SEVERINA: Nhá sim.

Beija volta com um vaso e acomoda as flores. Pedro percebe uma bandeja com restos de café sobre a mesa de centro.

PEDRO: Estava com visitas em casa?
BEIJA: Visitas? (improvisa) Ah sim... O Visconde de Perdizes. Acabou de sair daqui. Não esbarrou com ele aí pela calçada?
PEDRO: Não vi ninguém conhecido.
BEIJA: Veio convidar-me para mais um de seus saraus. (pausa) Vamos para a sala de jantar? Flaviana acabou de servir o café.
PEDRO: Posso sentir daqui o cheiro de café fresquinho, mas aguarde um instante. Tenho algo para lhe dizer.

O príncipe abraça forte e demoradamente sua amada, todo carinhoso. Respira fundo.

PEDRO: O motivo de minha presença aqui é um convite.
BEIJA: Huumm... A julgar por sua voz empostada deve ser algo importante.

Continua amanhã...

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