< Web Novela de MARCOS SILVÉRIO>
No capítulo anterior...
Beija pergunta por que Pedro ficou tão furioso ao vê-la abraçada com João
Ele demonstra ciúmes e os dois discutem
Beija consegue convencê-lo do real motivo do abraço
Envergonhado, o Príncipe pede perdão à amada
Beija condiciona o perdão a um pedido de desculpas a João
CAP. 111
PEDRO: Beija, sou um Príncipe, não posso sair por aí me humilhando para os súditos...
BEIJA: Mas humilhá-los você pode? Caluniá-los também?
PEDRO (resignado): Está bem, Beija, eu me desculpo com o Dr. João Carneiro de Mendonça.
BEIJA: Além do mais, o pedido de desculpas ficará apenas entre nós. Você não será desmoralizado por isso.
PEDRO: Mas saiba de uma coisa: não vejo com bons olhos esse camarada lhe rodeando. Sei muito bem quais são as intenções dele.
BEIJA:
Quanto a isso, fique despreocupado, Pedro. João continuará sendo o que
sempre foi para mim: um grande amigo. Se algum dia esta situação mudar,
eu lhe aviso. E, agora, se me der licença, quero descansar.
PEDRO (desapontado): Mas Beija... Vim para passar a tarde e a noite contigo...
BEIJA:
Não há mais clima para nada hoje, Pedro. Estou chateada com você, com
tudo que aconteceu aqui... Prefiro que vá embora e volte outra hora.
PEDRO: Está bem. Respeito sua vontade. (e sai)
A escrava adentra a sala, reprovando a atitude da patroa.
SEVERINA: Sinhá...
BEIJA:
Os homens devem ser tratados assim mesmo, Severina. Já são dominadores
por natureza, se você esmorecer, eles tomam de conta. Não permitirei que
homem nenhum mande na minha casa, nem mesmo Pedro...
SEVERINA: A Sinhá deve saber o que está fazendo...
BEIJA: Fique tranqüila. Conheço bem os homens.
Assim
que a noite cai... As tavernas fervilham. Homens livres e escravos
buscam na bebida e no jogo alívio para o estresse do dia e um pouco de
diversão.
Já
que a viagem à casa de Beija foi perdida, Pedro aproveita para se
divertir num estabelecimento desses. Um guarda faz comentários com seu
chefe.
GUARDA:
Não dá pra entender Sua Alteza. O homem é um príncipe, pode ter tudo do
bom e do melhor e gosta de se divertir no meio desse povão, dos
bêbados, das raparigas...
CHEFE: Sua Alteza se considera um homem do povo. Ele é simples, humilde. Gosta de dizer sempre que é gente como qualquer um de nós...
GUARDA: Mas se fosse o senhor, chefe, gostaria de ficar no meio desse povão?
CHEFE: Pra ser sincero, não. Preferia os salões da corte, as belas donzelas, as comidas estrangeiras...
GUARDA: Eu também, chefe... Por isso que não entendo Sua Alteza...
CHEFE: Vai ver ele se cansou de tudo isso...
Mais
tarde, ligeiramente bêbado, Pedro se diverte com as prostitutas,
particularmente as mulatas. Muitos beijos, abraços, carícias...
De um canto do estabelecimento mal iluminado, escuro, Moisés e Josué a tudo observam com ar de admiração.
Continua...
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No capítulo anterior...
Beija admite perdoar Pedro, desde que peça desculpas a João
O Príncipe reluta, mas acaba concordando
Chateada, Beija o dispensa e pede que volte outro dia
Pedro segue para uma taverna e se diverte em companhia de prostitutas
Moisés e Josué assistem a tudo admirados
CAP. 112
Embalados pelo clima de euforia e sedução, Pedro segue para uma área interna da Taverna, acompanhado por duas belas mulatas.
JOSUÉ (sussurando): Tá vendo? Já levou elas pro quarto... Agora só sai de lá quando o dia amanhecê...
MOISÉS: Dona Beija precisa sabê disso. Num é justo deixá nossa Sinhá enganada nessa história...
JOSUÉ: Mais ocê vai fazê isso assim, na fuça?
MOISÉS: Não. Claro que não. Vamo contá pra Severina. Ela tem mais jeito pra falá dessas coisas com a patroa...
JOSUÉ:
Ocê num acha que é mió a gente ficá calado? Ele é hôme e todo hôme é
assim mesmo... Tem o arrois com feijão em casa, mais gosta de
experimentá as novidade, os prato diferente...
MOISÉS:
Eu sei que os hôme são assim. Mas num posso deixá ele passá minha Sinhá
pra trás. Ele pode inté aprontá as farra dele, mais com o conhecimento
da Sinhá.
JOSUÉ: Ocê que sabe...
Na manhã seguinte... Severina leva o café da manhã para os rapazes numa casa dos fundos. Antes que saia...
MOISÉS: Pera, Severina, temo um assunto pra falá c’ocê.
SEVERINA: Algum problema? Coisa séria?
MOISÉS: É sobre D. Pedro...
SEVERINA: Pode falar, estou ouvindo.
MOISÉS: É que D. Pedro tava lá na taverna do Juvenal, se agarrando com as nêgas lá, de novo...
SEVERINA: Quando? Ontem?
MOISÉS: É, onte mesmo... Dormiu lá trancado com as nêga no quarto. Tá aqui Josué que num me deixa menti. Num é verdade Josué?
JOSUÉ: Verdade, Severina. Tava lá no maió esfrega esfrega com as nêga.
SEVERINA:
Está certo. Obrigado pelas informações. E continuem observando.
Qualquer coisa me avise. Mas não toquem nesse assunto com Dona Beija,
certo?
MOISÉS: Tá certo.
Pouco depois, enquanto penteia os longos cabelos louros da patroa, Severina aproveita para falar do delicado assunto.
SEVERINA:
Sinhá, preciso lhe contar uma coisa, mas nem sei se este é o momento
mais adequado. Depois da discussão de ontem, com D. Pedro, como a Sinhá
se sente?
BEIJA:
Estou chateada. Não esperava isso de Pedro. Mas creio que é coisa
passageira. Não sou mulher de ficar remoendo o passado. Águas passadas
não movem moinhos. Precisamos olhar pra frente e pensar no que podemos
fazer.
SEVERINA (sem rodeios): D. Pedro anda traindo a minha Sinhá.
BEIJA: O quê?
Continua amanhã...
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