< Web Novela de MARCOS SILVÉRIO>
No capítulo anterior...
O Príncipe quer saber por que Chalaça defende Motta
Dissimulado, ele alega que nunca teve diferenças com o Ouvidor
Chalaça eleva a auto-estima de Pedro
Sozinho, Chalaça diz que precisa que Beija continue com Pedro e Motta
Só assim pode chantageá-la e tirar proveito da situação
Antonio Sampaio chega ao Rio e vê Beija e Motta juntos
CAP. 147
ANTONIO
(incrédulo): Não pode ser! Então era verdade tudo que me falaram! Beija
matou o avô para viver com o Ouvidor... Eles fugiram de Paracatu e
vieram para o Rio de Janeiro para recomeçar a vida... Canalhas!
Nisso o escravo traz a caneca com água.
ANTONIO: Agradecido. (bebe a água com vontade) Esta propriedade pertence ao Ouvidor Motta?
ESCRAVO: Nhô não. O dono daqui é Dona Beija...
ANTONIO: Sei... A cidade ainda está muito longe?
ESCRAVO: Pouco mais de uma hora de marcha.
ANTONIO: Mais uma vez agradecido, até mais.
Antonio pega a estrada desconsolado. Fala consigo mesmo:
___
Meus Deus! Onde é que eu tava com a cabeça? Sair lá de São Domingos
para vir aqui a esse fim de mundo? Só pra encontrar Beija nos braços de
outro... Eu deveria ter acreditado no que me diziam... E agora, o que eu
faço?
Beija olha na direção da estrada e vê o cavaleiro se afastando. Ela tenta buscar na memória.
BEIJA: Engraçado... Parece que conheço aquele homem de algum lugar, mas não consigo me lembrar de onde...
MOTTA: E desde quando se interessa por transeuntes?
BEIJA:
Vamos entrar logo e fazer o que tem de ser feito. Quero vê-lo fora
daqui o mais breve possível. Não se esqueça de que concordou com as
minhas condições...
Beija ainda se detém a observar enquanto o cavaleiro vai se afastando.
Três dias depois... Enquanto se arruma no quarto.
BEIJA:
Aquela jararaca tinha de adoecer logo hoje, bem no dia do casamento da
filha do Visconde de Perdizes? Agora serei obrigada a ser madrinha junto
com o cretino do Motta!
SEVERINA: Sinhá, mas D. Pedro não concordou? O que a Sinhá teme?
BEIJA:
Sim, Pedro até incentivou, mas o problema é o dissabor de ter de ficar
ao lado daquele traste... E ainda por cima fazendo cara de “feliz”. Por
mim eu o esbofeteava...
SEVERINA: Sinhá, seja mais tolerante. Faça isso pelo Visconde, que é um grande amigo da Sinhá...
Antônio
Sampaio, que está numa hospedaria bem de frente à Igreja de Santa Cruz
dos Militares, percebe a movimentação do casamento e vê quando Beija
adentra a igreja de braços dados com Motta. Mais uma vez mal pode
acreditar.
___
Não pode ser! Até a igreja eles freqüentam de braços dados... Então o
caso é sério mesmo... Tem as bênçãos do povo e da igreja... Meu Deus! O
que eu vim fazer aqui?
Corta para a casa da Rua do Ouvidor, horas depois da cerimônia.
BEIJA:
Severina, me arranje um chá de boldo, bem forte. Não sei se foi por ter
passado intermináveis minutos ao lado do Motta naquela igreja, mas
estou sentindo enjôos até agora...
SEVERINA: Enjôos, sinhá? Será que D. Beija está... Grávida?
Continua...
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No capítulo anterior...
Antonio Sampaio chega ao Rio e vê Beija e Motta juntos
Beija tem a sensação de conhecê-lo, mas não se lembra de onde
Desapontado, Antonio segue para a cidade, na intenção de procurá-la
Antonio vê Beija e Motta de braços dados no casamento da filha de Perdizes
Beija reclama de enjôos e Severina questiona se estaria grávida
CAP. 148
BEIJA
(incrédula): Grávida? Não pode ser! Deus me livre e guarde! Esse meu
corpo tão bonito, tão perfeito, redondo como uma melancia? Não! Não pode
ser! Como vou explicar uma barriga na Corte, se nem casada sou?
SEVERINA: Acalme Sinhá... Primeiro é preciso confirmar se isso é verdade ou não... Vamos esperar mais alguns dias...
BEIJA: Demora muito, Severina, para se ter uma certeza?
SEVERINA: Algumas semanas, no máximo...
BEIJA: Ai, meu Deus! Isso não pode acontecer comigo...
SEVERINA:
Veja o lado bom, Sinhá, uma criança dentro de uma casa é vida, é fonte
de alegria... E ainda tem um detalhe: a Sinhá terá um filho do Príncipe,
um futuro herdeiro de um trono... Isso não é pra qualquer uma...
BEIJA: Acha que Pedro gostaria de uma novidade dessas?
SEVERINA: Claro que sim. Se ele a ama de verdade ficará muito feliz.
BEIJA: Isso me conforta um pouco...
Dias depois, passeando pelos jardins do palácio...
D. CARLOTA:
Desde a primeira vez que te vi, tinha certeza de que era uma das
minhas. Pessoa boa, animada, disposta a viver a vida em toda sua
plenitude.
BEIJA: Também me simpatizei muito com Vossa Majestade.
D. CARLOTA: Que seria dos meus encontros, de minhas escapadas, não fosse Beija para me dar cobertura?
BEIJA:
Majestade, nem fale uma coisa dessas. D. João já não vai muito com a
minha cara, se descobre que acoberto seus encontros com negros, ele
manda me enforcar...
D. CARLOTA:
Pra mim tu é a mulher perfeita pra casar com meu filho Pedro. Só o
tonto daquele velho gordo que não enxerga isso. Só pensa em sangue azul,
sangue azul. Dane-se o sangue azul! Gosto de sangue é vermelho, como o
que corre na veia dos negros! Uh! E que sangue quente têm aqueles
danados! Ui, me abana!
BEIJA:
É uma pena, Majestade, nos damos tão bem, mas em breve terei de fazer
uma viagem. Precisará encontrar alguém para ficar em meu lugar, de
preferência logo...
D. CARLOTA: Não me diga isto, filha. Vai me dar este desgosto?
BEIJA: Infelizmente, sim, Majestade... Mas não fique triste. Ficarás em boas mãos.
Numa janela do segundo andar, Pedro e Chalaça observam a caminhada das duas pelo jardim.
PEDRO:
Tenho achado Beija tão estranha ultimamente... Parece que está fugindo
de mim. Alterna momentos de muita euforia e outros de tristeza... Às
vezes sinto que quer me contar algo, mas lhe falta coragem.
CHALAÇA: Mulher é assim mesmo, Pedro, vai ver está naqueles dias...
PEDRO:
Não é isso. Há algo mais sério. Já tentei puxar o fio da meada, mas
Beija sempre se esquiva. Diz que não é nada, que estou preocupado à
toa... Mas sinto que algo não está bem. Não sei se com ela ou entre
nós... Ando muito desconfiado...
Duas semanas depois...
Pedro
vai de surpresa à Chácara Cedro. Caminha pelo corredor ouvindo vozes
que vêm do quarto. Incrédulo segue até lá para ver do que se trata. Para
seu espanto, se depara com Beija e Motta, nus na cama, em pleno ato
sexual.
PEDRO (enfurecido): Alguém pode me explicar o que significa isso?
Continua amanhã às 21:00 horas...
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