11 de dezembro de 2013

ENCONTRO DO SÉCULO - Cap 125 e 126

> Web Novela de MARCOS SILVÉRIO <

No capítulo anterior...
D. Carlota convida Beija para ser sua “dama de companhia”
Pedro interfere e diz que vão discutir o assunto
O Príncipe pede desculpas a João e deixa Beija satisfeita
Motta tenta se aproximar de Beija, mas ela o insulta
A ciumenta esposa de Motta se aproxima e intervém na conversa

CAP. 125

MOTTA: Evidente que vou lhe apresentar, querida. Esta é Dona Beija, e esta é minha esposa Veridiana. (acenam as cabeças, com sorrisos falsos)
BEIJA: É um prazer conhecê-la.
MOTTA (tentando se livrar da esposa): Querida, me aguarde junto das crianças, um minuto e já chego lá.
VERIDIANA: Mas o que tem de tão importante que não pode ser dito à dama na frente da sua esposa?
MOTTA: Negócios, Veridiana, negócios...
BEIJA: Dr. Motta, melhor se juntar à sua família e apreciar a noite. Falamos de negócios em uma outra oportunidade... É melhor assim...

O Ouvidor se retira com a esposa, visivelmente irritados. Ela por ciúmes do marido e ele por ser sido interrompido nos poucos momentos de prazer ao lado da ex-amante.

BEIJA (Murmurando para si mesma): Francamente! O Motta poderia ter arrumado coisa melhor que esse jaburu!

O dia está clareando quando Moisés estaciona a charrete no sobrado da Rua do Ouvidor. A escrava recebe a patroa.

SEVERINA: Como foi a noite, Sinhá?
BEIJA: Inesquecível, Severina. Tudo que imaginava e um pouco a mais. (caminham para o interior da casa)
SEVERINA: Tão interessante assim?
BEIJA: Você não imagina como o palácio é lindo! A começar dos jardins, o mobiliário, a decoração, tudo é maravilhoso...
SEVERINA: E as pessoas, são gentis?
BEIJA: O de sempre. Aquilo que estamos acostumadas. Os homens babando, se derretendo em elogios e gentilezas...
SEVERINA: E as mulheres de cara feia, despeitadas...
BEIJA: Exatamente... Mas teve uma que foi muito simpática comigo: D. Carlota Joaquina...
SEVERINA: Verdade, Sinhá?
BEIJA: Sim. Disse que gostou muito de mim. Até me chamou para ser sua “dama de companhia”... Devo confessar, ela é meio espalhafatosa, meio atirada, mas parece ser boa gente.
SEVERINA: E o Rei, a Sinhá falou com ele?
BEIJA: Sim, D. João é uma figura encantadora. Mais sereno que a esposa, bonachão, atencioso. É o tipo de pai que todo mundo gostaria de ter... Mas é gordão e gosta de comer coxas de frango fritas... (risos)
SEVERINA: Então a história das coxas de frango é verdadeira?
BEIJA: Sim, é. Inclusive até me ofereceu uma... (risos) (chegam à sala)
SEVERINA: Sua cama já está preparada, Sinhá.
BEIJA: Estou exausta. A noite foi maravilhosa, mas preciso repousar. Por favor, não me acorde antes do meio dia.

Continua...

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No capítulo anterior...
A mulher de Motta interrompe sua conversa com Beija
Motta faz as apresentações e tenta se livrar da esposa
Mas a ex-amante o aconselha a se juntar à sua família
Beija chega em casa feliz, porém muito cansada

CAP. 126

Porém seu sossego não dura muito. Em pouco tempo várias vezes Severina tem de atender à porta para receber flores e pessoas desejando ver Dona Beija.

Depois do almoço...

BEIJA: Severina, vou me deitar novamente. A qualquer um que aparecer, diga que estou repousando e que não estou em condições de receber visitas.
SEVERINA: Posso anotar os nomes das pessoas e depois a Sinhá dá uma olhada.
BEIJA: Perfeito. Faça isso por mim. Peça a Josué que vá até a casa do Mestre Serafim e cancele minha aula de hoje.
SEVERINA: Nhá Sim.

Na Residência do Visconde...

MOTTA: Beija faz isso para me insultar. Quer porque quer me atingir de todas as maneiras possíveis.
PERDIZES: Meu amigo, vamos ser práticos e objetivos. Há muito pouco que Beija possa fazer contra você. Amenos que você revele toda a verdade. Não há o que temer.
MOTTA: O que está querendo dizer com isso?
PERDIZES: Estou dizendo que o que você teme é outra coisa...
MOTTA: Como assim? Não entendi...
PERDIZES: Entendeu sim, e muito bem. Seu problema com Beija é o ciúme que você sente dela... O que você teme é perdê-la para D. Pedro...
MOTTA: Não sabe o que está dizendo...
PERDIZES: Motta, somos amigos desde sempre. Eu te conheço como a palma da minha mão. A quem está querendo enganar? A si mesmo?

Motta sorve o último gole de conhaque, anda de um lado para outro da varanda, respira fundo e depois encara o amigo.

MOTTA: É verdade. Para você não preciso mentir. Beija me virou a cabeça, desde Paracatu. Fiz coisas que nunca me imaginei fazendo. E quando parecia que esta página tinha sido virada, eis que surge novamente e agora numa situação mais preocupante, porque está fora do meu controle. Ela é protegida pelo menino Pedro.
PERDIZES: Quer um conselho, meu amigo? Esqueça essa mulher. Se já te fez tanto mal assim, porque ainda insiste em gostar dela?
MOTTA: Não sei explicar... Beija tem um magnetismo que me atrai... É uma coisa que me puxa e sinto totalmente indefeso para resistir... Você imagina como tem sido os meus últimos dias? Sem poder falar nada com ninguém, com tudo isso me apertando o peito e baratinando as minhas idéias?
PERDIZES: Posso imaginar. Mas saiba que pode contar comigo. Sempre que quiser conversar, estou disposto a ouvir e aconselhar.
MOTTA: Já tomei uma decisão. Vou procurar Beija e resolver essa situação.
PERDIZES: Procurar Beija?

Continua amanhã...

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