< Web Novela de MARCOS SILVÉRIO >
No capítulo anterior...
Chalaça ironiza Motta falando de Pedro e Beija
O Ouvidor não entende o comentário, mas fica irritado
Pedro apresenta Beija à Motta, sem saber que são velhos conhecidos
Beija sorri com prazer contido por afrontar seu ex-amante
Motta fica irado, porém não pode demonstrar nada
Pedro dá a entender que pretende se casar com Beija
CAP. 123
BEIJA: Obrigado por suas palavras generosas, mas não creio que chegue a tanto...
PEDRO: Acredite. Você pode isso e muito mais.
BEIJA:
Por enquanto me contento em apreciar esta noite e todas as suas
surpresas. Fico muito feliz que tenha me proporcionado tão rica
experiência. Devo confessar que nunca tinha vivido algo parecido em toda
a minha vida.
PEDRO: Fico mais feliz ainda em poder lhe proporcionar estas coisas. E acredite, isso é só o começo...
BEIJA: Vamos entrar. Daqui a pouco sentirão a nossa falta.
O
casal retorna e já na entrada do salão são abordados por alguns
convidados. Todos ansiosos para se aproximarem da nova dama da Corte.
Em seguida dirigem-se aos anfitriões.
JOÃO: Vai nos apresentar a bela rapariga, Pedrinho?
Beija fica meio constrangida, pois na região onde fora criada “rapariga” é sinônimo de prostituta.
O príncipe tenta remediar a situação.
PEDRO: Beija, não se ofenda. Rapariga em Portugal é o mesmo que moça. Meu pai está dizendo que é uma bela donzela. É isso.
D. JOÃO: Exato. Quis dizer que é uma bela rapariga. Aliás, a mais bela desse baile.
BEIJA: Obrigado, Majestade, fico lisonjeada com Vosso elogio, embora ache que não o mereça.
D. CARLOTA JOAQUINA: Não sei por que, mas gostei muito dessa rapariga. Acho que ela é das minhas...
PEDRO: Mamãe, a senhora mal conhece Beija... Como pode dizer isso?
D. CARLOTA: Algo me diz que ainda seremos muito amigas... Eu gosto do jeito dela...
PEDRO: Beija, não acredite em tudo que mamãe diz. Ela é meio espirituosa e às vezes exagera um pouco...
BEIJA: Sua Majestade é uma pessoa muito agradável. Também gostei dela.
D. JOÃO: És novata aqui no Rio de Janeiro, minha filha? (e apanhando uma coxa de frango na bandeja) Aceita uma coxinha?
BEIJA: Não, obrigado, Majestade. Estou no Rio de Janeiro há alguns meses. Mas conheço pouco da cidade.
D. JOÃO:
O Rio de Janeiro é uma cidade única no mundo. Creio que será muito
feliz aqui. Esta cidade tem tudo que uma pessoa precisa para ser feliz.
BEIJA: Estou apreciando muito. Confesso que nunca conheci lugar tão magnífico quanto este.
D. CARLOTA (interrompendo): Pensando bem, esta rapariga é perfeita para ser a minha “dama de companhia”. O que achas, Pedro?
Continua...
Continua amanhã...
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No capítulo anterior...
Pedro dá a entender que pretende se casar com Beija
Beija evita alimentar expectativas
O casal se dirige aos anfitriões da noite
D. João elogia a beleza de Beija
D. Carlota a convida para ser sua “Dama de Companhia”
CAP. 124
PEDRO: Por oras acho um tanto precipitado, mamãe. Beija e eu conversaremos mais a respeito. Depois. Pode ser?
BEIJA: Sim, claro.
D. CARLOTA: Não vais envenenar a rapariga contra mim, Pedro!
PEDRO: Eu não disse? Mamãe às vezes exagera... (e para beija) Vamos dançar, minha querida?
BEIJA: Com Vossa licença, Majestade.
D. JOÃO: Vá filha, vá se divertir um pouco. A noite é uma criança...
O casal se dirige a uma janela, onde um cavalheiro solitário sorve uma taça de vinho enquanto aprecia a vista.
PEDRO: João Carneiro, posso lhe falar um instante?
JOÃO: É claro, Alteza. Esteja à vontade.
PEDRO:
Quero lhe pedir desculpas por aquele dia na casa de Beija. Sei que não
foi muito gentil da minha parte. Não sabia que se conheciam desde
crianças. Desculpe-me.
JOÃO: Não há o que desculpar, Alteza.
PEDRO: Mas sei que nutre algum sentimento por Beija e quero que a respeite enquanto estiver comigo.
JOÃO: Certamente que sim, Alteza.
Os dois apertam as mãos, selando a paz. Beija sorri aliviada. O casal segue para o centro do salão e ali dança seguidas músicas.
Pouco depois Pedro se afasta um instante, deixando Beija sozinha. O Ouvidor se aproxima.
MOTTA: Apreciando o baile, Dona Beija?
BEIJA: Muito, Dr. Motta. Mas posso lhe dizer o mais gostei?
MOTTA: Diga. Não posso adivinhar...
BEIJA: De ver essa sua cara de tacho amassado ao me ver nos braços do Príncipe.
MOTTA: Você faz essas coisas só para me insultar, não é mesmo?
BEIJA:
Sim. Lembra da nossa conversa em Paracatu, quando disse que não poderia
me trazer para a Corte? Pois bem, aqui estou eu. E não necessitei de um
pingo da sua ajuda...
MOTTA: Quando saciará essa sua sede de vingança?
BEIJA: Nunca, Motta, nunca! Enquanto lembrar de todo o mal que me fez, nunca esquecerei de lhe castigar...
MOTTA:
Devia me agradecer. Mudei o rumo da sua vida. Se hoje você está aqui,
indiretamente é graças a mim. Eu a transformei numa mulher fina, de
classe, traquejada. Não fosse por mim ainda estaria enfiada naquele
arraial feito um avestruz com a cabeça no buraco!
BEIJA
(irritada): Devia lhe agradecer por ter matado meu avô? Por ter tirado a
minha honra, o meu noivo? Por ter sido expulsa de Araxá?
A esposa de Motta, velha ciumenta e ranzinza que é, trata logo de interromper a conversa.
VERIDIANA: Motta, não vai apresentar a nova dama para a sua esposa?
Continua amanhã...
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