13 de dezembro de 2013

ENCONTRO DO SÉCULO - Cap 129 e 130

< Web Novela de MARCOS SILVÉRIO>

No capítulo anterior...
Beija pergunta a Josefa por Antonio Sampaio, seu ex-noivo
Antonio se casou com Aninha Felizardo e vai ser pai em breve
Josefa conta que Antonio sofreu muito com sua partida
Beija questiona a falta de atitude do ex-noivo
As mulheres saem para conhecer a casa
Pedro chega e surpreende João na sala. Clima tenso

CAP. 129

JOÃO: Bom dia, Alteza!
PEDRO (seco); Bom dia, João Carneiro. Onde está D. Beija?
JOÃO: Beija está lá dentro. Está mostrando a casa para a senhora minha mãe.
PEDRO (respira aliviado): Ah... Sua mãe está aqui?
JOÃO: Sim, ela veio das Minas Gerais para passar uns dias comigo. E fez questão de visitar Beija porque são amigas de longa data.
SEVERINA (intervindo): Um instante, Alteza, que já vou chamar D. Beija.
PEDRO: Não precisa, Severina. Aguardo aqui. Não quero interromper a atividade delas. Vim aqui somente porque estava passando por perto...
SEVERINA: Vossa Alteza aceita um café, um leite?
PEDRO: Sim, eu me ajeito aqui, enquanto converso com meu amigo João.

No íntimo ambos se sentem aliviados. Um suspiro fundo marca o início da conversa cujo tema, entre o herdeiro de um trono e um advogado, só pode começar pela política.

Pouco depois as mulheres retornam à sala.

BEIJA: Desculpe, Pedro, não ter vindo antes, mas Severina me disse que você não tinha pressa.
PEDRO: Verdade. Disse que lhes deixassem à vontade.
BEIJA: Quero lhe apresentar D. Josefa Carneiro de Mendonça, a grande defensora da abolição da escravidão no Arraial de São Domingos dos Araxás.
JOSEFA: Beija, assim pode colocar meu pescoço à prêmio. Falar num assunto desses é um risco. (e para Pedro) Alteza! Muito prazer. (e faz a reverência)
PEDRO: Encantado, D. Josefa. Sonhar é preciso. Quem sabe um dia possamos ter uma nação onde todos possam ser livres? Negros, brancos, índios... Nenhum sonho é impossível... Sou um grande defensor da liberdade. Eu sei que o meu sangue é da mesma cor que o dos negros. Não existe diferença entre as raças. Precisamos substituir a mão de obra escrava por imigrantes europeus. Lá há muita gente querendo trabalhar.
JOSEFA: Verdade Alteza. Sonho que sonhamos sozinhos talvez nunca se torne realidade, mas sonhos sonhados juntos têm grandes possibilidades de se concretizarem.
PEDRO: Gostei muito da senhora, D. Josefa, é uma mulher de idéias, de ideais... Admiro muito isso.
BEIJA: Isso aqui virou uma reunião de abolicionistas. Pedro, eu, D. Josefa, João... Agora temos assunto para horas de conversa... (risos)

Corta para a Quinta da Boa Vista. Chalaça adentra o escritório de D. João com um invólucro em mãos.

CHALAÇA: Com sua licença, Majestade. Trago uma carta de seu mensageiro enviado à Europa.
D. JOÃO: Só espero que não seja mais dor de cabeça... Leia pra mim...
CHALAÇA: Eu, Majestade?
D. JOÃO: Há mais alguém neste recinto?

Chalaça inicia a longa leitura, até que em determinado ponto D. João interrompe, eufórico.

D. JOÃO: Então aquele inútil encontrou uma noiva para meu filho Pedrinho?

Continua...

> Web Novela de MARCOS SILVÉRIO <

No capítulo anterior...
Pedro chega e surpreende João na sala. Clima tenso
Depois de instantes de tensão João revela que sua mãe está na casa
Aliviados eles aguardam a volta das damas
Pedro, Beija, Josefa e João defendem a abolição da escravatura
Chalaça entrega a D. João uma carta vinda da Europa
O mensageiro diz que encontrou uma noiva para D. Pedro

CAP. 130

D. JOÃO: Isso não é maravilhoso? Pedrinho vai se casar!
CHALAÇA: Resta saber se o próprio está interessado nesse casamento, Majestade.
D. JOÃO: Ora, seu tolo! E como não estaria? Pedrinho está na hora de se casar, encher esta casa de netos. Quero ver crianças correndo por toda parte... Imagine se Pedrinho irá recusar um casamento com a Arquiduquesa Leopoldina, filha do Imperador Francisco I da Áustria!
CHALAÇA: Que assim seja, Majestade.

D. João está em estado de euforia, enquanto Chalaça não se anima muito, pois sabe que Pedro resiste à idéia de um casamento.

Em seguida D. João se retira do recinto e Chalaça fala consigo mesmo:
 
___ Preciso agir rápido! Se Pedro vai se casar, preciso usar o trunfo que tenho contra Beija o mais rápido possível... Depois que ele a dispensar, não terei chance alguma! Mas como vou fazer? Como vou fazer, Chalaça? Pense um pouco...

Ele fica ali, por algum tempo, matutando um jeito de se aproximar de Beija.

De volta à Rua do Ouvidor... As damas conversam sob a sombra de uma árvore nos fundos da casa. Pedro já se foi.

BEIJA:Josefa, tenho uma surpresa para lhe contar...
JOSEFA: Por sua cara de alegria julgo que seja coisa muito boa.
BEIJA: E é, uma das melhores coisas que poderiam ter acontecido na minha vida...
JOSEFA: Então me conte logo, está me deixando ansiosa...
BEIJA: Estou aprendendo a ler!
JOSEFA: Não acredito! Verdade? Que coisa mais boa do mundo!
BEIJA: Pois é, também estou achando... Pedro insistiu e mandou um professor da Corte para me ensinar. Mestre Serafim vem aqui todas as tardes lecionar para mim...
JOSEFA: Ah Beija! Não imagina o quanto fico feliz por você! Os livros são a fonte de todo o conhecimento, é um universo maravilhoso. E quem não sabe ler é como se fosse cego, não pode enxergar esse universo.
BEIJA: Quando você mandou aquela carta a João, avisando da sua vinda, consegui ler quase tudo... Tropeçando em algumas palavras, é claro... Mas li. Foi fantástico!
JOSEFA: Faltava apenas isso para que você se tornasse uma mulher maravilhosa e plena. Você é tão inteligente, tão vivida, tão esperta para os negócios, para a vida...
BEIJA: Só para os sentimentos é que sou meio sem sorte...
JOSEFA: Fala da sua paixão por Antonio Sampaio, não é?
BEIJA: Sim. Quando estas lembranças vêm à tona, ainda sinto algo diferente...
JOSEFA: Mas você não ama o Príncipe Pedro?

Continua amanhã...

Nenhum comentário: