30 de novembro de 2013

ENCONTRO DO SÉCULO - Cap 107 e 108

< Web Novela de MARCOS SILVÉRIO>

No capítulo anterior...
Pedro diz a Chalaça que está feliz com Beija
E que não pretende se casar com nenhuma nobre européia
Perdizes revela a Motta que conhece Beija
O Ouvidor fica surpreso, mas compreende o amigo
Perdizes pergunta se Motta pretende procurar Beija

CAP 107

MOTTA: Sim, pretendo procurar Beija e obrigá-la a voltar para o lugar de onde nunca deveria ter saído.
PERDIZES: Mas acredita que ela o obedecerá, assim, pacificamente?
MOTTA: Não se preocupe, tenho os meus trunfos.
PERDIZES: Isso é mesmo necessário, mandá-la embora de vez? Porque se sente tão ameaçado por sua presença?
MOTTA: Com Beija vivendo no Rio de Janeiro, uma hora ou outra o passado virá à tona, a história do nosso caso chegará aos ouvidos de Veridiana, dos meus filhos... Será um escândalo imenso. A minha família se partirá em pedaços... Sou um homem público e preciso dessa aparência para ser respeitado.
PERDIZES (desconfiado): É só isso mesmo, Motta, ou tem mais algum motivo?
MOTTA: Por horas o motivo é só esse: preservar minha família e a mim mesmo.

Perdizes não se dá por convencido. Acredita que existe algum outro motivo que Motta não quis revelar.

Nos jardins do sobrado, Severina colhe flores para enfeitar a casa enquanto Beija sugere quais deverão ser colhidas.

SEVERINA: Sinhô João passou aqui ontem...
BEIJA: Queria algo em especial ou apenas uma visita de cortesia?
SEVERINA: Disse que recebeu uma carta de D. Josefa e que gostaria de ler para a Sinhá.
BEIJA: Verdade? Que notícia boa!
SEVERINA: Pareceu muito empolgado com a notícia, mas não quis comentar o que dizia a carta. Disse que passa outra hora.
BEIJA (nostálgica): Sabe, às vezes sinto falta daquela gente de Araxá... D. Josefa, Fortunato, Padre Aranha, Belegarde... Os amigos de verdade. Embora aquele lugar tenha se transformado num covil de leões, ainda existe lá muita gente boa, pura, sincera, amiga de coração, gente com quem se pode contar.
SEVERINA: Também gostava de Araxá. É um lugar agradável de se viver. Mas a Sinhá deve se lembrar que agora vivemos no Rio de Janeiro e nossa realidade é outra...
BEIJA (falsamente indignada): Está bem, Severina. Obrigado por me despertar do meu momento nostalgia. Nem a isso tenho mais direito. Um instante em que sonho e relembro meus queridos amigos, você me puxa pelo pé e me atira na realidade de volta. Obrigado.
SEVERINA: Desculpe Sinhá, não era essa a minha intenção...

Beija fixa o olhar no horizonte, com o pensamento distante.
BEIJA: João terá uma grande surpresa quando voltar aqui...

Continua...

< Web Novela de MARCOS SILVÉRIO>

No capítulo anterior...
Perdizes pergunta a Motta se pretende procurar Beija
O Ouvidor diz que sim, que pretende obrigá-la a voltar para Minas
Revela ainda que teme a reação da família ao descobrir o antigo caso
Perdizes desconfia que os motivos de Motta são outros
Severina e Beija relembram os amigos de Araxá
Beija diz que João terá uma surpresa quando voltar à sua casa

CAP 108

Um pouco mais tarde... Beija contempla a vista da rua enquanto Severina espalha as flores pelos vasos da sala.

BEIJA: João está chegando. Pode deixar que vou recebê-lo.
SEVERINA: Nhá sim.

Quando João bate à porta, a anfitriã já está pronta para abrir.

BEIJA: João! Que surpresa agradável!
JOÃO: Estive aqui ontem, mas você não estava...
BEIJA: É verdade. Estive na Chácara Cedro com Pedro, resolvendo alguns detalhes da reforma. Vamos, entre, você é de casa...

O casal se acomoda no sofá da sala.

BEIJA: Severina, sirva-nos um licor de genipapo.
JOÃO: Você me parece animada...
BEIJA: Não posso negar que já tenho conhecimento do motivo da sua visita. E isso me deixou particularmente feliz...
JOÃO: Severina lhe falou da carta de minha mãe?
BEIJA: Sim, falou. Por isso mal posso esperar pelas notícias. Você a trouxe, é claro, ou não?
JOÃO: Com certeza. Não a deixaria em tamanha expectativa. Mas vamos conversar um pouco, jogar conversa fora... Acaso você tenha tempo disponível, é claro...

Severina serve o licor. Cada qual fala dos últimos acontecimentos de suas vidas, num clima de total descontração entre um gole e outro.

JOÃO: Minha mãe vem ao Rio... Mas chega de suspense, melhor ler tudo que ela disse... (retirando o envelope dobrado do bolso do paletó). Para sua surpresa, delicadamente Beija retira o envelope de sua mão, abre e começa a ler em voz alta.

João fica boquiaberto, apesar de vez ou outra ter de auxiliar a jovem leitora, que tropeça numa ou noutra palavra.

JOÃO: Beija! Você está lendo! Meu Deus! Isso é maravilhoso! Não posso acreditar nos meus ouvidos!

A euforia toma conta dos dois, que a certo momento interrompem a leitura e comemoram com um efusivo abraço.

Nesse exato instante Pedro adentra a sala e se choca com o que vê.
___ Mas afinal de contas, o que está acontecendo aqui?

Continua segunda-feira...

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