< Web Novela de MARCOS SILVÉRIO >
No capítulo anterior...
João percebe a ansiedade de Beija
Ela se abre e revela seu temor pela presença do Ouvidor
João a considera uma vítima que não tem o que temer
Beija conta que se prostituía em Paracatu
Ela teme perder o Príncipe se Motta revelar este detalhe
CAP. 91
BEIJA: João, você que é um homem de idéias, e está com a cabeça mais no lugar que a minha, como devo agir agora?
JOÃO: Fique tranqüila, minha querida, tenho uma idéia. Na hora certa lhe direi o que fazer.
BEIJA: Não sei como lhe agradecer...
JOÃO: Beija, eu te amo desde sempre e estarei do seu lado, para o que der e vier.
BEIJA: Que bom saber que posso contar contigo.
Dois dias depois...
Moisés
e Josué tiram a noite de folga. Aproveitam para beber e se divertirem
numa taverna, numa área freqüentada por maioria de negros e pobres.
MOISÉS: Ocê tá vendo a mesma coisa que eu?
JOSUÉ: Eu acho que sim...
MOISÉS: Aquele num é o Príncipe D. Pedro, no maió desfrute com aquela nêga ali?
JOSUÉ: É sim, ele mesmo... Parece que tá bêbado feito uma cabaça...
MOISÉS: Dona Beija precisa sabê disso...
JOSUÉ: Ocê num é nem doido de contá! Perdeu o juízo, sô?
MOISÉS: Mais nóis num pode deixá nossa sinhá sê enganada...
JOSUÉ: Já sei. Vamu falá com Flaviana e Severina pra vê o que elas acha...
MOISÉS: Boa idéia...
Na manhã seguinte, no quintal do sobrado, os escravos se reúnem.
SEVERINA: Mas vocês têm certeza que era mesmo D. Pedro?
MOISÉS: Certeza, certeza mesmo! Nóis viu ele de pertinho, a um palmo do nariz.
FLAVIANA: Mas o que ele tava fazendo?
JOSUÉ: Se agarrando e se esfregando com as nêga.
MOISÉS: E depois entrô pro quarto com duas delas e trancô a porta, aí nóis num viu mais nada...
As escravas se entreolham cúmplices, como quem diz: “já entendi tudo”.
SEVERINA: Vocês ficarão de bico fechado. Não comentem nada com ninguém. Dona Beija não pode saber disso.
Beija os surpreende.
___ O quê que eu não posso saber, Severina?
Continua...
No capítulo anterior...
Beija precisa de uma desculpa para não ir ao baile
Ela não quer reencontrar o Ouvidor
João promete uma solução para sua ansiedade
Os escravos vêem Pedro numa taverna aos beijos com escravas
Eles contam o ocorrido para Severina e Flaviana
Beija os surpreende e quer saber o que eles escondem
CAP. 92
BEIJA: Vamos, Severina, me diga! O quê que eu não poso saber?
Os escravos ficam apurados e se entreolham sem saber o que dizer.
SEVERINA: Moisés, Sinhá, fez uma burrada e está com medo de ser açoitado.
BEIJA: Mas o que fez de tão grave assim, Moisés?
SEVERINA (cortando): Sinhô Joaquim esteve aqui, para falar da venda da chácara e Moisés disse que a Sinhá não estava...
BEIJA: Deixe que ele fale, Severina... (e para o escravo) Porque disse que eu não estava?
MOISÉS: A Sinhá estava conversando com Sinhô João, aí eu pensei que a Sinhá num queria sê incomodada...
BEIJA:
Fez bem, Moisés, realmente meu assunto com João era muito importante.
Além do mais a chácara é só um negócio, pode ser resolvido depois.
Prepare a charrete que vamos ao encontro do senhor Joaquim.
Beija sai e os escravos respiram aliviados.
Corta para os arredores da Chácara Cedro. Beija, os escravos e o proprietário Joaquim passeiam pelos quintais do imóvel.
JOAQUIM:
Não tenho dúvidas de que Dona Beija fez um excelente negócio ao
adquirir esta propriedade. Creio que está na medida para o que procura.
BEIJA:
Gostei muito de tudo o que vi. Fica próxima da cidade, o tamanho é
razoável, não chega a ser uma fazenda, mas também não é um lote. Sem
falar na vista, que é privilegiada. Estou muito satisfeita em negociar
com o senhor.
JOAQUIM: Eu também, Dona Beija.
BEIJA: E você, Severina, o que acha da nossa casa de passeio?
SEVERINA: Tudo é muito bonito aqui, Sinhá. Acho que fez um grande negócio.
BEIJA: Esta casa precisa de uma boa reforma, umas tintas mais coloridas, com mais vida, mas nada que eu não possa ajeitar...
Todos ficam satisfeitos com a negociação da chácara.
Sexta-feira. Chega o dia do Baile em homenagem ao Ouvidor. Pedro bate à porta da casa de Beija. Severina atende.
___ Dona Beija está pronta?
Continua amanhã...
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