< Web Novela de MARCOS SILVÉRIO >
No capítulo anterior...
Severina teme que João, apaixonado, crie problemas para Beija
A patroa acredita que o rapaz sofrerá, mas irá superar
Pedro procura Chalaça e o informa sobre a decisão de D. João
Chalaça junta suas tralhas e parte para o palácio
D. João os surpreende na porta principal
CAP. 71
CHALAÇA: Quanta honra revê-lo, Majestade!
D. JOÃO:
Deixa de ser puxa-saco, rapaz! Se voltares a transformar meu palácio na
Sodoma e Gomorra dos trópicos, desta vez lhe mando para a forca!
CHALAÇA: Não será necessário, D. João.
PEDRO: Ora, meu pai, isso é jeito de falar com meu melhor amigo?
D. JOÃO: Seu amigo e alcoviteiro das raparigas desta Quinta...
PEDRO: Venha, Chalaça, vamos providenciar acomodações para você.
D. JOÃO: Já avisastes a este infeliz quais as condições do meu perdão?
PEDRO: Sim, meu pai, exaustivamente... (e para o amigo) Vamos, Chalaça.
Chalaça se instala num quarto da casa anexa, destinada a hospedar empregados do palácio.
Na manhã seguinte, o rapaz caminha tranquilamente pelos jardins quando é surpreendido por D. Carlota Joaquina.
CARLOTA: O que fazes aqui, maldito? Não deverias estar além do quinto dos infernos?
CHALAÇA: Sua Majestade perdoou-me e revogou meu banimento.
CARLOTA: Aquele banana me paga!
CHALAÇA: Entenda, minha Rainha, nunca quis prejudicá-la. Apenas cumpria ordens de D. João.
CARLOTA: Se me vigiares de novo, a pedido daquele velho frouxo, farei algo muito pior contigo...
CHALAÇA (atônito): Majestade!
CARLOTA: Sabes esta coisa tão preciosa que tu tens aí no meio das pernas?
CHALAÇA (suspirando): Ai, meu Deus!
CARLOTA: Vou mandar cortar e jogar para os cachorros!
CARLOTA: Vou mandar cortar e jogar para os cachorros!
CHALAÇA: Já entendi, Majestade. (todo sem jeito) Com licença... (e sai rapidamente)
Chega o dia do jantar. Pedro bate à porta.
BEIJA: Pode deixar, Severina, que eu atendo.
Ele esconde o ramalhete de rosas atrás das costas.
PEDRO: Boa Noite, minha doce princesa!
Continua...
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No capítulo anterior...
Chalaça e Pedro chegam ao palácio. Dom João os surpreende
O Rei adverte Chalaça para não cometer novos erros
No dia seguinte é a vez de Carlota Joaquina aterrorizar o rapaz
Pedro chega à casa de Beija para o jantar
CAP. 72
BEIJA (formal, em tom de brincadeira): Vamos entrar, Majestade.
PEDRO: Estas flores são para você (entrega-lhe o ramalhete).
BEIJA: Você é sempre gentil assim, com todas as mulheres?
PEDRO:
Dizem que sou um cavalheiro. Também acredito que o seja. Mas certas
atitudes guardo somente para mulheres muito especiais... Como as flores,
por exemplo.
BEIJA: Hum... Obrigada pela distinção. (apontando a sala) Vamos nos sentar...
Já acomodados...
BEIJA: Deseja tomar algo?
PEDRO:
Obrigado. (pausa) Beija, fale-me sobre você, suas origens... Tenho a
sensação de que já nos conhecemos há tanto tempo e sequer sei de onde
veio...
BEIJA:
É verdade... Mas isso nem chega a ser importante. Minha vida é tão
simples, tão humilde, se comparada à sua rica existência, cercada pelo
glamour da Corte, da Europa...
PEDRO: Não é bem assim, todos nós temos uma história, uma trajetória. Rica ou pobre todos têm uma. Gostaria de conhecer a sua...
BEIJA:
Nasci num pequeno arraial, chamado Formiga, não muito distante de Vila
Rica. Quando era apenas um bebê, nos mudamos para São Domingos do Araxá,
perto de Desemboque/
PEDRO (cortando): Sim, desses lugares já ouvi falar... Ficam perto da Picada de Goiás...
BEIJA:
Sim. (continuando) Aos quatro anos perdi minha mãe. Fiquei com meu avô
até os quinze anos, quando também faleceu. Mudei-me para Paracatu do
Príncipe. “Príncipe” este que não posso afirmar se em Vossa homenagem ou
de Vosso pai...
PEDRO: Nem eu saberia dizer... Mas já ouvi falar das minas de Paracatu... Mas... prossiga.
BEIJA:
Foi esta a minha trajetória. De Paracatu segui para Araxá, Vila Rica e
finalmente cheguei ao Rio de Janeiro, de onde não pretendo sair nunca
mais.
PEDRO: Interessante. Mas uma coisa intrigou-me: você é tão jovem, e pelo que sei, chegou ao Rio sozinha. Onde ficaram seus familiares?
BEIJA: Não tenho contato com familiares. Os poucos que tinha ficaram em Formiga e nunca mais tive contato.
PEDRO (insistindo): Mas se ficaram em Formiga, estavas com quem em Paracatu?
BEIJA (incomodada): Pedro, se não se importa, prefiro não entrar em detalhes. Esta é uma parte da minha vida que prefiro esquecer. Quem sabe um dia lhe fale a respeito. Pode ser?
PEDRO: Está bem, minha flor, não quero parecer inconveniente.
BEIJA (ao ver o gesto de Severina): Vamos? O jantar está servido.
Quando caminham para sala ao lado...
Pedro
surpreende a anfitriã, puxa seu braço, com delicadeza, trazendo-a para
junto de si. Antes que diga algo, a beija com ímpeto e paixão.
Continua segunda-feira...
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