< Web Novela de MARCOS SILVÉRIO>
No capítulo anterior...
D. João aborda o filho e cobra explicações
Pedro acaba confessando que está apaixonado
O pai revela que está procurando uma esposa pra ele
Pedro reclama com Chalaça da obrigação de se casar
O amigo lhe pergunta o que fará com Beija caso se case
CAP. 105
PEDRO: Nem penso nessa possibilidade. Não quero me casar agora, sou muito jovem. Completarei vinte anos no final do ano ainda...
CHALAÇA: Mas não é por esse motivo que resiste à idéia do casamento...
PEDRO:
Claro que não. Por Beija também. Imagine como reagirá quando descobrir
que vou me casar com outra. Certamente nunca mais olhará nos meus olhos.
CHALAÇA:
Acho bom ir pensando em alguma alternativa. D. João, seu pai, me
pareceu muito empenhado nessa idéia de lhe arranjar uma esposa.
PEDRO: Ajude-me, amigo, o que faço para fugir desta armadilha? Não quero abandonar Beija. Estou perdidamente apaixonado por ela...
CHALAÇA:
Para ser franco, em alguns momentos compactuo com as idéias de seu pai.
Não estou seguro de que Beija seja a mulher ideal para você.
PEDRO: Afinal, é meu amigo ou de meu pai?
CHALAÇA:
Ouça Pedro. Seu casamento com Beija nunca poderá se consumar. Você é um
nobre. Ela não. Para que esse casamento acontecesse, você teria de
assumir todos os riscos de uma união desse tipo. Você poderia ficar mal
visto perante as cortes européias e até mesmo aqui no Brasil.
PEDRO: Que se dane as cortes! Quero viver o meu amor... Quero ser feliz.
CHALAÇA:
E tem mais: você mal conhece essa moça. Não sabe suas origens. Não
conhece seu passado... Não acha perigoso se envolver assim, arriscando
toda a sua reputação, com uma pessoa que mal conhece?
PEDRO: Por quê? Sabe de alguma coisa a respeito de Beija que eu não saiba?
CHALAÇA (disfarçando): Claro que não! É apenas uma divagação. Mas que pode ter fundamento.
PEDRO: Passado... Passado... Isso não importa. O que importa é o que sinto agora.
CHALAÇA:
Falou bem, Pedro, agora... Este é um outro ponto que reforça a minha
teoria. Você está apaixonado agora, mas quem garante que o estará daqui a
um mês? Eu o conheço há tempos e sei o quão mulherengo você é. Não
perdoa nem padre... Esta cidade está cheia de raparigas e a primeira que
arrastar asas você irá atrás, que te conheço...
PEDRO: Gosto mesmo da fruta, mas agora é diferente. Beija é uma mulher diferente de todas que conheci antes...
CHALAÇA: Mas mesmo apaixonado você tem dado suas escapadas, tem ido ciscar nas tavernas por aí, que eu sei...
PEDRO: Sim, estou apaixonado, mas não virei santo... Também não vou dispensar as boas coisas que pintarem no meu caminho...
CHALAÇA:
Está vendo? Este é o meu medo. Até quando seu relacionamento se manterá
firme com Beija? Como reagirá ao saber das suas puladas de cerca? Por
isso, meu amigo, prefiro você solteiro. Mas se é para casar, em alguns
momentos concordo com o senhor seu pai. A melhor alternativa seria mesmo
lhe arranjar uma nobre européia. Quem sabe não apague esse seu fogo?
Continua...
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No capítulo anterior...
Chalaça pergunta a Pedro o que fará com Beija na hipótese de se casar
O Príncipe rejeita esta possibilidade e reafirma seu amor
Chalaça questiona as origens e o passado de Beija
Levanta também o fato de Pedro ser um mulherengo
O Regente fica pensativo
CAP. 106
PEDRO:
Estou muito feliz com Beija. Se meu relacionamento durará um mês, um
ano ou dez anos, isso não importa. O importante é que estou bem e não
quero me casar com nobre alguma.
CHALAÇA: Está bem, Pedro. Faça como achar melhor. Mas insisto na idéia: não creio que seja vantajoso comprar briga com seu pai...
Na varanda da casa do Visconde de Perdizes, apreciando a vista da rua...
PERDIZES: Motta, preciso lhe confessar uma coisa. Mas precisa prometer que não revelará essa nossa conversa.
MOTTA: Diga, amigo, algo sério? Sabe que sou de confiança.
PERDIZES: Eu conheço Beija.
MOTTA: Beija? Você a conhece? E porque não me disse isso antes? Sabe que estou à sua procura há dias...
PERDIZES: Vou lhe explicar. Beija chegou ao Rio de Janeiro e me foi recomendada pelo Coronel Lourenço, a quem devo muitos favores.
MOTTA: Mas porque não disse nada?
PERDIZES:
Ora, você estava transtornado. Seria capaz de fazer uma bobagem, um
escândalo e botar tudo a perder. Além do mais, sou amigo de Beija e não
poderia lhe entregar sua na cabeça numa bandeja.
MOTTA: Entendo seu lado. Mas, afinal, onde ela está?
PERDIZES: Beija mora na Rua do Ouvidor, não muito longe daqui. Mas tem de prometer que não vai me complicar nessa história.
MOTTA: Claro. Não faria nada que o prejudicasse.
PERDIZES:
O mais incrível é que parece que estamos falando de duas pessoas
distintas. A Beija que conheço em nada lembra essa mulher cruel e
terrível que você conheceu... É uma menina meiga, dócil, amável... A
candura em pessoa.
MOTTA:
Também conheço seu lado meigo. Mas posso garantir: Beija é lobo em pele
de ovelha. Não se deixe enganar. Toda aquela doçura esconde um sabor
mais amargo que o fel.
PERDIZES: Foi a conversa com D. Pedro que o deixou tão chateado naquele dia, não foi? O que ele disse?
MOTTA: Menino Pedro e Beija já se conhecem. Era tudo que o que eu mais temia e menos desejava.
PERDIZES:
Mais que isso... Eles estão tendo um caso. Pedro não sai da casa de
Beija. Inclusive D. João até reclamou dia desses da ausência do rapagão,
que passa mais tempo na casa da amada do que à disposição dos afazeres
do palácio.
MOTTA: Isso era tudo que não poderia ter acontecido...
PERDIZES: E agora, vai procurar Beija?
Continua amanhã...
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